O vice-presidente Michel Temer (PMDB) comentou as denúncias do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, que sugerem envolvimento de políticos do PMDB em um esquema de recebimento de propinas em contratos da estatal. Em coletiva à imprensa em Maceió, Temer afirmou que o caso não fere o partido "enquanto instituição" e terá efeito "zero" para a campanha de reeleição de Dilma Rousseff (PT).
"O PMDB, enquanto instituição, não tem nada a ver com isso", afirmou. "A chamada delação premiada tem esses problemas, lança nomes etc. Ainda bem que está no STF. Quem vai conduzir isso é um ministro da melhor qualificação moral, intelectual e profissional", disse, referindo-se ao ministro Teori Zavascki, que deve homologar o acordo de delação premiada. "Isso precisa ser levado com muito cuidado, com muita calma para que não haja acusações que possam vir a ser infundadas", afirmou na entrevista, cujo áudio foi compartilhado em sua conta oficial no Twitter.
Questionado sobre o possível dano das denúncias do ex-executivo da Petrobras à campanha presidencial, Temer afirmou que o impacto é "zero". "Não tem nada a ver com ela (Dilma). O depoente, ou delator, até se mostra irritado com a atuação da Dilma, pelo que vi na manhã de hoje."
Temer afirmou que, agora, é preciso apurar os fatos e se a fala de Costa foi "responsável ou irresponsável". "Precisa ser apurado. O Brasil é assim, uma democracia é assim. Quando há fatos, é preciso apurar", disse.
Sobre a perspectiva para o PMDB nesta eleição, Temer disse que o partido tem chances de "fazer muitos governadores, uma grande bancada de deputados e senadores", além de se reeleger no plano nacional. Ele também comentou a entrada de Marina Silva (PSB) na disputa presidencial.
"Não é surpreendente que ela tenha uma votação expressiva", afirmou Temer, lembrando que, em abril, Marina aparecia com 27% das intenções de voto segundo pesquisa do Datafolha. "Agora evidentemente, ao longo desta campanha no primeiro turno e eventualmente no segundo turno, Dilma vai revelar tudo aquilo que nós fizemos pelo País", afirmou. "Costumo dizer que temos o maior tempo de televisão, mas acho que isso é insuficiente para mostrar tudo o que fizemos pelo País."
Para Temer, o problema de Marina é que ela fala "generalidades". "Vejo que ela quer somar a atividade social do governo Lula em diante e os planos econômicos do governo FHC. Hoje mesmo li um editorial dizendo que isso é impossível, que as coisas não casam", disse. "Você tem que fazer uma coisa mais que a outra. Penso que deve haver um aprofundamento desta questão."
O vice-presidente também disse considerar "impossível" e "perigoso" governar com membros do PT e do PSDB, como Marina vem sugerindo. "Você pode até criticar, como eu critico o grande número de partidos políticos, mas não pode desprezar a instituição político-partidária", disse aos jornalistas. "Claro que, nos partidos, você pode escolher boas pessoas, mas desde que aliados ao governo. Fora daí, não vejo como governar."
- Marina diz que citação de Campos por Costa é "ilação"
- Dilma aguarda 'dados oficiais' para comentar denúncias
- Governistas acham que delação atingirá PT, PMDB e PSB
- Aécio diz que casos de propina na Petrobras mostram o 'mensalão 2'
- PPS quer reunião de emergência da CPI da Petrobras
- Ex-diretor da Petrobras delata pagamento de propina a políticos
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Deputados da base governista pressionam Lira a arquivar anistia após indiciamento de Bolsonaro
A gestão pública, um pouco menos engessada