• Carregando...
Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) se enfrentaram ontem no primeiro debate do segundo turno | Fotos: Paulo Whitaker/ Reuters
Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) se enfrentaram ontem no primeiro debate do segundo turno| Foto: Fotos: Paulo Whitaker/ Reuters

Gazeta comentou debate em tempo real; veja como foi

O debate da Band foi comentado e analisado, em tempo real, pela Gazeta do Povo. Veja como foi.

Opinião

Mentiras, corrupção e escândalos

Rogerio Waldrigues Galindo, colunista da Gazeta do Povo.

O candidato do PSDB, Aécio Neves, mostrou desde o início do debate da Band que uma de suas principais estratégias era dizer que a sua opositora, a presidente Dilma Rousseff (PT), desvirtua informações. Durante todo o tempo, Aécio disse que Dilma mente e que faz da campanha um vale-tudo. Usou isso para se livrar de todas as críticas feitas por Dilma a ele e a seu governo.

Dilma, por outro lado, tentou colar em Aécio o estigma de um mau gestor: foi ao governo de Minas Gerais em sua época e falou de números da saúde, do aeroporto de Cláudio (MG), que teria sido feito para beneficiar a família Neves, e até mesmo falou em nepotismo, mencionando parentes do ex-governador que teriam cargos públicos em Minas.

Fora isso, os dois candidatos fizeram questionamentos à ética dos partidos de seus adversários. Aécio falou do caso Petrobras e disse que Dilma não se mostra indignada com os escândalos revelados recentemente. Dilma fez, por outro lado, um resumo de vários casos de corrupção ligados ao PSDB.

No final das contas, os dois candidatos fizeram um embate duro, como parece que serão todos os outros três do segundo turno. E é para isso que o segundo turno serve: o eleitor tem uma chance a mais de saber de maneira mais clara quem é quem. Para isso, as denúncias e as respostas aos ataques são importantes, para que não passe em branco qualquer problema dos que disputam a Presidência. Nos próximos, porém, seria interessante ver isso mesclado com discussões de propostas. Isso houve pouco ontem à noite.

"Os senhores dizem que são o pai do Bolsa Família, mas fizeram o programa que não serve para o tamanho do Brasil. Vocês sempre deixaram a desejar, têm dois pesos e duas medidas. Nunca fizeram um programa social quando tiveram a oportunidade."

"Acredito que o senhor tem uma memória curta. Meu governo garantiu uma inflação controlada, dentro dos limites da meta. A pressão existe, mas é simplesmente um momento passageiro. Até o final do ano a inflação estará em 6,5%."

"Vocês gostam de cortar. Cortam empregos, cortam salários..."

"O Bolsa Família não tem nenhum parentesco com os programas tucanos."

"Eu quero aqueles culpados presos. É essa a minha indignação que o senhor não enxerga."

Dilma Rousseff, candidata do PT à Presidência da República.

"Não falar a verdade se tornou uma tônica desde o primeiro turno. Vamos tratar de formar mais médicos no Brasil, reajustar a tabela do SUS, cuidar com seriedade da saúde."

"A senhora fala que nós vamos acabar com o Bolsa Família, que vamos privatizar os bancos públicos."

"É preciso ter humildade para admitir que vocês fracassaram na escolha da política econômica. O próximo presidente terá uma herança maldita."

"A senhora está enganada ou mentindo. Nos meus oito anos de governo o índice de criminalidade em Belo Horizonte caiu 37%. E o governo federal que terceiriza responsabilidade? Essa é a marca principal do seu governo."

"Há medo de o PT governar por mais quatro anos porque o país que não cresce, não gera empregos."

Aécio Neves, candidato do PSDB à Presidência da República.

O debate de ontem à noite na Band TV entre os presidenciáveis Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) foi marcado por trocas de acusações e exposição de números desencontrados que podem ter mais confundido do que esclarecido o eleitor. Enquanto a petista passou boa parte do debate confrontando o adversário com dados do governo dele em Minas Gerais, o tucano questionou e criticou ações do governo federal. Os principais embates entre os candidatos ocorreram sobre saúde, paternidade de programas sociais, corrupção e economia.

A gestão de Aécio – ele foi governador por duas vezes, entre 2002 e 2010 – foi o tema central do primeiro bloco. Na primeira pergunta, Dilma questionou o tucano pela suposta não aplicação de R$ 7,6 bilhões na saúde quando governador. Em resposta, Aécio disse que o próprio governo federal aponta Minas como o segundo estado mais bem avaliado no Sudeste na aplicação dos recursos da saúde. O candidato também rebateu os números apresentados pela adversária e afirmou que todas as contas de seu governo foram aprovadas.

O segundo bloco começou com Aécio chamando para debater "a vida real da dona de casa". O tucano acusou o governo de perder o controle da inflação, sempre próxima da meta. Aécio ironizou e afirmou "não ser vergonha" Dilma admitir que errou na condução da economia. Mais uma vez atribuindo a alta da inflação ao clima, que influencia preços da energia e dos alimentos, Dilma voltou a atacar o governo tucano de Fernando Henrique Cardoso quando, "por duas vezes", a inflação superou a meta. "Como é que, com o mesmo cozinheiro, vocês vão entregar outro prato?", questionou Aécio, que anunciou Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central no governo FHC, como futuro ocupante do Ministério da Fazenda caso eleito.

Corrupção

O tema corrupção não poderia ficar de fora. Mais uma vez no ataque, Aécio afirmou que o único momento em que a adversária se mostrou indignada foi com o vazamento dos depoimentos de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, apontando políticos do PT, PMDB e PP como supostos beneficiários do esquema de desvio de dinheiro na estatal, e não com seu conteúdo. Na defensiva, Dilma citou o mensalão mineiro e o caso do cartel do metrô em São Paulo. Também questionou a construção do aeroporto de Cláudio (MG), em área pertencente à família de Aécio, quando ele era governador.

As respostas foram similares a outros encontros: Dilma reafirmou que seu governo fortaleceu os mecanismos de investigação e Aécio afirmou que seu tio, dono da área, questiona o governo mineiro por uma indenização maior à que foi concedida.

No quarto bloco, o tema inicial foi segurança pública. Perguntado sobre sua política de combate à violência contra a mulher, o tucano aproveitou para apontar o "fracasso" da política nacional para o setor. "Apenas 13% dos investimentos vêm do governo federal", citou o tucano.

Guerra de números

O telespectador foi submetido a uma guerra de números durante o debate. Na questão da segurança, Dilma também afirmou que, em Minas, as taxas de homicídio cresceram 52% entre as gestões de Aécio e do sucessor, Antônio Anastasia (PSDB), recém-eleito senador. Já o tucano afirmou que o próprio Ministério da Justiça aponta redução de 37% nos homicídios e 48% nos crimes violentos. Também afirmou que Minas é o estado que mais investe em segurança.

Sobre as políticas sociais, Dilma afirmou que o Bolsa Família atende 50 milhões de pessoas, enquanto os programas sociais do governo FHC chegavam, segundo a candidata, a 5 milhões de brasileiros. Dilma também afirmou que seu governo tirou 36 milhões de pessoas da miséria e elevou 42 milhões à classe média. Para o tucano, "a maior distribuição de renda do país foi feita pelo Plano Real".

Educação

Apostando no Pronatec, Dilma questionou o adversário sobre o número de escolas técnicas que seu governo e de Lula criaram: 208. Para Aécio, o programa é deficiente, possui carga horária de "apenas 120 horas" e seus estudantes não conseguem empregos. Sobre o ensino básico, Aécio disse que Dilma não criou as 6 mil creches prometidas, o que ele deve fazer se eleito. Também defendeu a meritocracia para o sistema educacional, que teria sido adotada com sucesso em Minas. Também prometeu investir no ensino médio.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]