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Qual a sua avaliação do atual governo do estado?Um governo burocrático, que não se comunicou com o Paraná em todos os níveis, desde comunicação pessoal mesmo até comunicação de mídia. Gasta-se muito em mídia no atual governo e isso não aparece. Um governo que não inovou e nós precisamos de gente que venha para inovar, que venha para solucionar, então é um governo como todos os outros. É mais um na história do Paraná, que em 32 anos três famílias governaram e eles mesmos admitem que o estado está quebrado, então quer dizer que vai mal, né? Então as três famílias administram mal o Paraná e eu quero transformar o Paraná em um estado não administrado por famílias, mas administrado por pessoas e que seja em prol da população.

Ao todo são oito os candidatos para o governo do estado. Como o senhor se diferencia dos demais?Na verdade, eu estou sendo muito criativo, usando muito a mídia social, a minha teia de relacionamento. O meu cliente tem cliente, então eu estou pedindo para que o meu cliente peça votos para o cliente dele em todos os canais de mídia para que chegue a nossa mensagem e o meu plano de governo, para que visitem as minhas páginas de Facebook, para que as minhas entrevistas sejam ouvidas e assistidas por todo o Paraná. Por onde eu tenho andado as pessoas dizem que não querem votar nos políticos de carteira assinada e que a nossa mensagem está chegando. Eu estou falando o que as pessoas querem falar, que é diferente de falar o que elas querem ouvir, porque o eleitor quer falar, ele está carente de falar. Eu não posso competir com os grandes . Eu declarei que vou gastar um milhão, mas não vou gastar isso. Primeiro porque eu não tenho esse dinheiro para gastar e eu não estou aceitando colaboração de ninguém. Eu só aceito uma colaboração: que dediquem parte do tempo diariamente para me ajudar, pedir votos, entrar nas mídias sociais, divulgar meu nome e meu projeto de renovação do estado do Paraná. É assim que eu pretendo ser governador do estado. De outra forma não me interessa ser. Se eu tiver que aceitar contribuição de empresas ou negociar com dez partidos para estar numa grande aliança, automaticamente eu vou estar vendendo o Paraná antes de ser governador.

Com relação ao financiamento da campanha: de onde vem o dinheiro e como fazer uma campanha com um orçamento bem mais reduzido em comparação com o dos candidatos das grandes coligações?Recurso próprio, sola de sapato. Eu estou gastando o mínimo necessário pra fazer mídia social. Tem pessoas que estão trabalhando no meu escritório de advocacia aqui em Curitiba e ficam trabalhando na mídia social. E eu acho que eu consigo aparecer tanto quanto os candidatos que estão gastando um milhão ou dois milhões com "ativismo digital", que não é nada mais do que jovens, pessoas que estão ali atrás de um computador. Estou gastando o mínimo necessário. Não tenho recursos, estruturas, militância e comitês como eles, então tenho que ser criativo e acho que a minha mensagem está chegando a todas as regiões, porque aonde eu chego as pessoas já me conhecem. Assim vale a pena ser candidato a governador, agora gastar milhões que eu não tenho, pegar dinheiro de terceiros para depois eu ficar obrigado a ter que lotear o estado em detrimento dessas pessoas eu também não quero. O único jeito de você conseguir fazer alguma coisa é ter independência.

Essa não é a primeira campanha que tem o uso da internet, mas ainda é muito insipiente. Tem gente que ainda não usa, não aproveita. O senhor acredita que a tendência é que o processo da eleição seja mais democratizado com isso?Olha, eu acredito que nos vamos chegar a um momento, mas o problema é que tem que vir também a reforma politica pra que estabilize isso e de uma condição igualitária a todos os candidatos. Hoje todo mundo fala que tem que ser igual, mas as próprias pessoas que dizem isso discriminam os menores, inclusive os veículos de comunicação, a Igreja. Eu quero mudar, então estou começando por mim, com dificuldade, com o mínimo necessário para uma apresentação de campanha, fazendo uma campanha limpa, bonita, com uma propaganda estilizada, um programinha de TV legal. Eu acho que é assim que a gente começa a mudança, mas tem que começar pela gente. Não posso discursar que eu quero um momento democrático nas eleições e eu não praticar. Todo mundo quer [a mudança], mas ninguém quer perder. Então eu acho que sempre a gente tem que perder alguma coisa. Eu estou perdendo meu tempo, meu dinheiro, meu sono, estou longe da minha família, tudo em nome de um projeto de renovação do estado e isso é uma perca (sic), mas eu tenho consciência que eu tenho que perder alguma coisa para poder dar minha parcela de contribuição. Mas eu acho que vamos ter mudanças. Nas eleições para prefeito de 2012 diziam que 15% da população estava, de um jeito outro, na mídia social. Nessa, acho que é mais de 30%, então está tendo uma mudança já. Pessoas que não tinham computador hoje já tem, estão na internet. Pena que nosso estado não investe nisso.

Quais os três temas que o senhor considera prioritários para o seu governo?Num primeiro momento tem que arrumar a casa. O Paraná está desorganizado, inchado, então tem que fazer um enxugamento da maquina pública. Podemos comparar o Paraná com uma casa onde há um provedor e cinco filhos que resolvem gastar a ermo. Chega um momento em que o provedor da casa não aguenta mais. E estado está na mesma situação. Arrecada-se muito, mas gasta-se muito mais e de uma forma desordenada. Investe-se muito mal o dinheiro do paranaense. Não precisamos de 29 secretarias. Tem umas secretarias que você não sabe nem a denominação e elas estão lá, com secretario, dois motoristas, 50 funcionários. São grande escritórios de cargos à disposição de partidos políticos de amigos do governador e quem paga a conta é o paranaense. Gasta-se R$ 100 milhões com 17 secretarias que não são necessárias e falta um AS num posto de saúde, falta um exame de raio-x num posto de saúde, falta policial na rua, falta combustível para as viaturas... Me desculpe, mas isso é uma vergonha, má administração mesmo. Recurso tem, tem de onde tirar, o que tem que fazer é reduzir mesmo. Hoje tem 3.700 cargos de confiança no governo com pessoas recebendo R$ 15 mil por mês. Pessoas que, na iniciativa privada, não arrumam emprego para ganhar R$ 2 mil por mês. O mesmo vale para os secretários. São pessoas incompetentes, parasitas da política que, de um jeito ou de outro, conseguem um apadrinhamento pra virar secretario ou assessor do governador, mas são pessoas que não produzem nada. Parasitas da politica. Meu projeto é cortar de 29 secretarias para 12. E o estado funciona com 12 secretarias, pode ter certeza absoluta. E funciona muito bem com servidores públicos que existem. Existe muita gente treinada no estado, competente, que está encostada numa sala, porque o governador não vai com a cara, porque o cara novo que chega lá, de confiança, diz: "Não, aquelas pessoas não vamos usar". São pessoas com mestrado, doutorado, enfim, pessoas competentes que podem ser usadas, custam para o estado e não estão sendo usadas. Tem que organizar as polícias, que estão desorganizadas. A Polícia Militar, por exemplo, foi criada para ser ostensiva e preventiva, hoje não é uma coisa, não é outra. A polícia tem que estar no bairro, fiscalizando desde o transito até os estabelecimentos comerciais abertos sem regulamentação. Se você mensura crime pelo número de homicídios, onde acontecem os homicídios? A grande maioria na periferia, no bar, na boate, lugares onde tem jogo, onde tem bebida. Daí acontece um homicídio, a polícia vai lá e recolhe documento do bar, da vitima, etc. E descobrem que aquele estabelecimento estava há dez anos funcionando sem alvará de licença, sem alvará de bombeiro, sem vigilância sanitária. Mas onde estavam os órgãos competentes que não viram aquilo aberto? Não viram ou não querem ver? Pode ter certeza que só fazendo essa fiscalização você reduz pela metade a criminalidade. Porque onde vende droga é barzinho, é botequinho, é gente que está na informalidade. Daí vem as questões educacionais, sociais, equipamentos da policia. E outra coisa que eu tenho falado: no meu governo eu vou tirar os aquartelados da rua, porque tem muito coronel, muito graduado na PM que estão treinados, que têm ótimas especializações e estão dentro do quartel. O crime não acontece no quartel, acontece na rua. A Polícia Civil também tem que ser organizada. Ela se desmotivou com essa história de que a PM também vai investigar. Cachorro com dois donos passa fome. A PM e a Polícia Civil hoje estão assim, então tem que estabelecer quem é quem. PM é ostensiva e preventiva. Polícia Civil é judiciária, é a policia que vai investigar, que vai formar bem o caderno processual, porque o maior problema hoje no judiciário é inquérito policial mal feito. E vamos trabalhar com números. Vamos pegar nossos delegados, nossos escrivães e dizer: "Escrivão, quantos inquéritos você fez e o delegado relatou que deram resultado final?" Vamos trabalhar com numero, tudo é numero hoje. Eu não posso crescer na minha carreira somente por antiguidade, eu tenho que crescer por merecimento e trabalho. (...)E assim a gente vai fazer com a saúde também, porque existe um desmando muito grande. É uma mentira que não existe médico. Tem formatura de médicos a cada seis meses no Paraná. O que existe dentro dos hospitais públicos é um complô de médicos pra não deixar outros médicos não entrar trabalhar em detrimento dos seus altos salários. Tem 50 médicos num hospital público e eles não querem que entre mais dez porque vai diminuir o salário deles. Então tem que começar organizando. Primeiro aplicar os 12% na saúde, organizar a casa, equipar a saúde do Paraná, aplicar o recurso que vai ter com a grande economia que eu vou fazer. Aí vamos acabar com a fila na saúde, vamos acabar com os exames de radiologia, porque eu vou implantar a telemedicina, que é atendimento médico-médico através de fibra ótica, através da internet, no qual uma junta médica vai laudar um exame em tempo real. Não pode o serviço público demorar um mês para você conseguir a receita de um remédio e é isso que esta acontecendo. Então falta vontade política no Paraná de resolver as questões. Temos que pegar e resolver. Jeito tem, dinheiro tem. Falta gestão publica competente. Na educação a mesma coisa. Equipar as escolas, ensino integral, melhorar a qualificação dos professores, melhorar PDE, que é um ótimo programa, melhorar o sistema de saúde dos servidores públicos, que é vergonhoso.O SAS só existe ainda pq o requiao e o beto nunca usaram. As pessoas ficam num vai e vem de marcar consulta. O SAS do Paraná tinha que ser como o IPE antigamente, com hospital credenciado no estado inteiro. Eles alegam que se credenciar todo mundo vai ter corrupção, mas corrupção existe em qualquer ramo. Hoje tem auditoria pra tudo. Tem que ter seriedade.

A sua primeira ação, então, seria a de cortar as secretarias e os cargos?Cortar tudo. Não tem jeito, tem que cortar. Diminuir secretarias, ocupar os servidores públicos do estado, não ter cargo de comissão, parar de pagar aluguel, porque paga-se muito, usar a telefonia do estado... é um absurdo, nós temos a Copel Telecom e o estado compra telefonia da Oi. Você é dono de um sistema de telefonia, de internet, de informática e daí você compra de outro. Tem que economizar na telefonia, nos alugueis que o estado paga - tem muito prédio público mal usado - economizar nos cargos de comissão, nas secretarias. Daí vai sobrar recurso. Para você economizar R$ 500 milhões daí é bem fácil. E com R$ 500 milhões bem usados, bem geridos, a gente resolve o problema do Paraná. Daí vai voltar a ser um estado produtivo com uma população feliz, os professores contentes com as escolas, todo mundo feliz.

O governador não trabalha sozinho e atualmente o seu partido não tem representação na Assembleia Legislativa. Como o senhor imagina que vai ser atuar sem esse apoio?Mas isso não tem nada a ver com administração. Isso aí é um outro conceito criado pra beneficiar os grandes. "Ah, aquele partido não pode, porque ele não está na Assembleia". Primeiro que a Assembleia, terminadas as eleições, começa um governo. Os deputados, com exceção do PT, que tem uma bancada coesa de seis, sete deputados que votam sempre na mesma linha, os outros querem saber do deles. Então, começa-se um governo. Eu, como governador, vou chamar todos os deputados, inclusive os do PT, e vou dizer: "vamos governar? Vamos governar juntos? Vamos organizar o Paraná?" Vou chamar a mídia, que tem papel fundamental. Eu quero governar, quero fazer projetos de interesse social, quero cortar cargos pra ter recursos. Vou colocar meu discurso em pratica. Quero ajuda da mídia, quero ajuda da Assembleia Legislativa. Eu acredito que eles não vão ser contra ao progresso, ao desenvolvimento do Paraná, independente de cor partidária. Porque hoje, inclusive, no país, partido é só um veículo para ser candidato, porque não existe ideologia partidária no país, a não ser esses partidos mais de esquerda. Os outros partidos são de conveniência, infelizmente. Então tem que ter uma reforma política, inclusive partidária, no país para daí dizer: "Estou naquele partido porque minha ideologia é essa ou é aquela". Hoje é mais ou menos por afinidade. Mas assim, não vai ter problema nenhum. Eu só vou ter 12 secretários. Gente competente, já treinada, capacitada. Eu acho que pra colocar 12 secretários é fácil. E com 700 cargos de comissão que eu vou poder nomear ainda, é muita gente de confiança que eu vou poder levar pro governo e poder fazer um bom trabalho em todas as áreas. Então a governabilidade está garantida pelo diálogo, jogo aberto, portal da transparência.

Em âmbito nacional, o seu partido está na coligação do candidato Aécio Neves (PSDB), mas o senhor optou por apoiar a candidata Marina Silva (PSB). Por que dessa decisão e como ela foi recebida?Como eu te disse há pouco: os partidos são por conveniência, não por ideologia. Primeiro que eu não fui convidado para uma reunião da executiva nacional. Nunca ninguém perguntou para mim se eu queria apoiar o Aécio ou não, então baseado nisso eu acho que eu já estou liberado pra me decidir sozinho o que eu quero, o que é melhor pra mim, o que é melhor pro meu estado e pros meus companheiros. Quando o Eduardo Campos esteve aqui no Paraná, em torno de uns 90 dias atrás, em Cascavel, convidado pela Coopavel, eu fui convidado pra participar da reunião com ele lá e eu me identifiquei muito com ele. Naquela época eu já declarei meu apoio pra ele, mas depois por questões jurídicas, como ele ia participar do palanque do Beto, eu fiquei impedido de demonstrar meu apoio. Daí veio essa tragédia do Eduardo, a Marina virou candidata e declarou em rede nacional que não quer o apoio do Beto Richa, que não vai subir no palanque com ele. Aí surgiu a oportunidade de eu oferecer meu palanque pra ela. E foi o que eu fiz e estou sendo bem recebido e vou andar com ela aqui no Paraná quando ela estiver aqui e está vindo propaganda com ela, por questões ideológicas mesmo. Eu acho que ela tem muito mais a nos oferecer nesse momento, o conhecimento dela, a vivência dela.

Durante o debate na televisão, o senhor e a candidata Gleisi protagonizaram uma troca de acusações que chamou a atenção de quem estava assistindo. Afinal, a quantos processos o senhor responde e a que eles estão relacionados?Um. Primeiro quero deixar bem claro que sou inocente e sou ficha limpa, por isso estou sendo candidato a governador. Segundo que tenho um único processo que está tramitando desde 2007, mal formado, sem provas, totalmente ilegal, que desde 2007 não teve resultado nenhum, então se tivesse algum crime, já estariam todos prescritos. Foi feita uma grande operação fantasiosa para me prejudicar. Eu tenho uma briga pessoal com um promotor, porque eu sou muito polêmico. Por causa de um caso de um cliente, eu já tinha um problema com um promotor da minha cidade, acabei tendo com um juiz, um delegado, com todo mundo, por uma injustiça que estava sendo feita e acabaram usando da Justiça para me prejudicar. E está lá, um processo com 60 volumes tramitando de um lado para o outro, muda juiz na comarca e ninguém olha, ninguém vê, porque não existe pé, nem cabeça. A história é essa. E isso nunca me prejudicou em nada, pelo contrário: eu sou de uma cidade de 30 mil habitantes [Santo Antonio do Sudoeste], a cidade inteira sabe do problema e sabe que eu fui injustiçado. Eu tenho um outro processo de trânsito. Eu me envolvi em um acidente de trânsito, uma pessoa foi vitima, homicídio culposo. Mas esse está em fase final também, não deu em nada. Foi um acidente que ocorreu.

Se o senhor não for eleito, qual o seu plano para sua carreira política para os próximos anos?Hoje eu só penso em ser eleito, eu não tenho outro plano hoje. Até porque eu sou uma pessoa que acredita muito nas coisas que faz, então não sei. Eu não tenho outro pensamento agora que não seja ser governador do Paraná. Até para eu acordar todos os dias às 6 horas e andar até a meia-noite, eu tenho que ter esse pensamento.

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