O voto dos estrangeiros
Veja como o voto de estrangeiros é tratado em diversos países:
Brasil
Segundo a Constituição Federal, apenas brasileiros natos, estrangeiros naturalizados e portugueses com residência permanente no país estão autorizados a ter o título eleitoral. Isso poderá mudar caso seja aprovada uma proposta de emenda à Constituição, em tramitação no Senado, que concede o direito ao voto e a se candidatar ao cargo de vereador a qualquer estrangeiro com mais de cinco anos de residência no país.
União Europeia
Desde a assinatura do Tratado de Maastricht em 1992, os cidadãos dos países membros da União Europeia que residem há mais de cinco anos em uma outra nação têm o direito de votar nas eleições municipais e nas eleições europeias. Também também podem se candidatar nesses pleitos. Nas eleições gerais europeias, que elegem os deputados do Parlamento Europeu, os estrangeiros só podem votar no país onde foram registrados.
No Mercosul
No Mercosul não existe nenhum tratado permitindo algo parecido com o que ocorre na União Europeia. Porém, na Argentina e no Paraguai, residentes estrangeiros têm o direito de votar nas eleições municipais. Em determinadas regiões da Argentina, isso é também válido para as eleições provinciais (equivalentes às estaduais no Brasil). No Uruguai, os estrangeiros com mais de 15 anos de residência podem votar em eleições de âmbito local e nacional.
Cinismo e desconfiança
A desconfiança dos brasileiros em relação aos políticos chama a atenção dos estrangeiros residentes no país. "Eu percebi que os brasileiros são muito cínicos e não confiam muito nos políticos", diz o inglês Paul Tudgay. O alemão Matthias Landthaler também admite que, como muitos brasileiros, "perdeu a confiança na política e nos políticos". Segundo ele, é por esse motivo que surgiram políticos como Tiririca. O nível e a frequência dos escândalos de corrupção também chocam os residentes estrangeiros. "Espero que isso também melhore. O Brasil é o país do futuro. Tem que fazer mais do que prometer", diz a filipina May Inoue. Porém, ela acredita que a corrupção não é apenas um problema brasileiro.
A política nacional não interessa apenas aos brasileiros. Os estrangeiros que residem no país também estão acompanhando atentamente as campanhas. Se os resultados das eleições de outubro vão decidir o futuro de quase 200 milhões de brasileiros, eles também afetarão o cotidiano de cerca de um milhão de estrangeiros que têm autorização de residência permanente no país. A maioria dos "gringos" imigrou em busca de uma vida melhor; ou é casada ou tem filhos com cidadãos brasileiros.
"Eu me importo com a eleição e me informo sobre a campanha", explica o alemão Matthias Landthaler, 39 anos, casado com uma brasileira e pai de um menino de 18 meses. "Eu me sinto brasileiro de coração", diz ele, que já morou em vários lugares do país e reside atualmente em Curitiba.
Dentre os temas abordados durante a campanha, a questão da segurança pública é o que mais preocupa os estrangeiros entrevistados. "Estou muito preocupada com a violência", diz May Inoue, uma filipina de 28 anos que mora em Curitiba desde 2008. O nível de criminalidade também chama a atenção do sommelier britânico Paul Tudgay, 42 anos, que se mudou da Nova Zelândia para cá, com sua esposa paranaense, em junho. "As questões de segurança pública são muito importantes no Brasil. Esse nível de criminalidade não é normal", diz o inglês, que tem acompanhado a política brasileira há bastante tempo.
Educação e saúde
Para os estrangeiros, a educação também deveria figurar mais na agenda dos candidatos. "Com uma educação pública de qualidade, os cidadãos conhecem seus direitos e suas responsabilidades", explica Matthias Landthaler, que em 1999 participou de um intercâmbio estudantil na UFPR.
Kénel Joseph, 28 anos, chegou ao Brasil no ano passado. Professor de Letras e Filosofia no Haiti, ele gostaria de ver propostas mais claras dos candidatos à Presidência para melhorar o ensino público. "Desenvolver o acesso à educação é um dos desafios do Brasil", afirma o imigrante.
"Mais hospitais e mais médicos são necessários", acrescenta May Inoue, que queria ver os políticos investirem mais na saúde pública. O alemão Landthaler sofreu com o atendimento oferecido pelo Estado. Com problemas no fígado, teve de esperar mais de três meses para ser atendido por um especialista. "Dependo do SUS e tem muito a melhorar para democratizar a saúde", diz o alemão, que gostaria de ver melhoras significativas nos postos de saúde da cidade.
A situação econômica do país também interessa aos gringos. Apesar das dificuldades que o Brasil enfrenta para manter um crescimento constante, o químico russo Ruslan Pagaev está otimista. "Eu acho que o Brasil tem muito espaço para crescer e tem os recursos para isso." Para o haitiano Lesly Désir, garçom em um bar do Centro de Curitiba, o novo governo terá de aumentar os salários e criar mais empregos. O preço do transporte público também preocupa o refugiado de 34 anos, que conhece detalhadamente os candidatos à eleição.
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