Coordenador do programa de governo para a área trabalhista do candidato à Presidência pelo PSDB, Aécio Neves, o sindicalista João Batista Inocentini, presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, reagiu negativamente ontem ao vaivém do tucano da promessa de acabar com o fator previdenciário. Depois de dar a entender que iria acabar com o fator, Aécio disse que apenas iria rediscutir o assunto para, logo em seguida, falar que iria substituí-lo por outro cálculo.
"Ele [Aécio] foi infeliz. Esse recuo repercutiu muito mal e ficou ruim para todo mundo", afirmou Inocentini. "O candidato precisa ser mais claro e objetivo. Aécio não está sabendo explicar a proposta que defendemos", concluiu. O fator foi um mecanismo foi criado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para desestimular aposentadorias precoces.
O dirigente disse ainda que já entregou ao candidato o texto com o programa de governo elaborado pela Força Sindical e outras centrais. As entidades pressionam Aécio para que ele assuma a defesa do projeto 85/95, do deputado federal Pepe Vargas (PT-RS). A proposta do petista antecipa a aposentadoria integral quando a soma da idade e do tempo de contribuição do segurado der 85 anos para mulher, ou 95 anos para homem. Pelo atual modelo, se aposenta quem tiver 64 anos e meio de idade e 35 anos de contribuição.
Ao contrário de Inocentini, o deputado Paulinho da Força, presidente do Solidariedade e membro da coordenação da campanha de Aécio, amenizou a mudança de postura do candidato. "Não houve recuo. Aécio disse que buscaria alternativas para o fator [previdenciário]e não que acabaria com ele."
Paulinho reconhece, porém, que está empenhado em fazer com que o tucano apoie o projeto 85/95. Reservadamente, dirigentes do PSDB dizem que Aécio não tem como encampar nesse momento o projeto de um parlamentar petista. Em meio à polêmica, Aécio se reuniu anteontem em Belo Horizonte com lideranças sindicais que o apoiam, mas negou que a atividade foi marcada devido à polêmica.
"O encontro já estava marcado há muito tempo. Eu estar com as centrais sindicais é a coisa mais natural do mundo", afirmou o candidato. Questionado sobre a mudança de discurso, o tucano desconversou. "O compromisso que foi selado com todos os sindicalistas é o entendimento verdadeiro, sincero."
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