Mais jovem candidata à prefeitura de Curitiba, Maria Victoria Borghetti Barros diz ter a política no DNA: é filha do ministro da Saúde, Ricardo Barros, e da vice-governadora, Cida Borghetti. Seguiu o caminho dos pais, o que lhe pareceu natural. Achegada à família, avalia que herdou “a simpatia da mãe e o pragmatismo do pai”. Para além do ambiente político, no entanto, ela mantém hobbies ecléticos, que incluem esportes como boxe e tiro ao prato.
“No caso do tiro, por exemplo, acho que foi coisa do gene. Meu avô [paterno, o também político Sílvio Magalhães Barros] era atirador”, diz.
O tiro esportivo entrou na vida de Maria Victoria há cinco anos. Jura que tem boa mira e que chegou a ganhar alguns torneios – o mais recente, no ano passado, em Santa Catarina. Já o boxe é uma paixão mais nova, iniciada há um ano e meio, como meio de manter a boa forma. Mas as porradas têm sido mais constantes na vida da garota. “Eu comprei um saco de pancadas e deixo em casa. Acordo às 6h30 e já começo o dia descarregando. Me faz bem”, afirma.
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Apesar de gosto pelos esportes mais incomuns, a candidata escolheu um lugar mais corriqueiro para receber a Gazeta do Povo: a Praça Garibaldi, no Centro de Curitiba. Além de admirar os casarões antigos, a calçada em petit-pavé lhe remete à infância, quando costumava passar as manhãs de domingo na feirinha de artesanato do Largo da Ordem. “Eu vinha sempre com as tias Vera e Ana. Era uma delícia”, relembra.
A arte, aliás, está presente em outro hobby de Maria Victória: a pintura. Define-se como admiradora da arte moderna e do Renascentismo, mas acabou se inclinando à pintura abstrata. No fim do ano passado, ela expôs algumas de suas telas na Assembleia Legislativa. Nas redes sociais, muitos internautas puseram em dúvida o talento da artista.
Polêmicas-clichês
Coxa, Atlético ou Paraná?
[Depois de alguma insistência] Atlético. Minha família é rachada: metade Coxa, metade Atlético. Mas eu era pequenininha e ganhei o uniforme do Atlético. Virei atleticana. Mas não acompanho muito. Não sei responder em que lugar está na tabela.
O que pensa sobre a legalização do aborto?
Sou a favor só em casos de estupro ou de violência contra a mulher.
E sobre drogas, como a maconha? Como o trata o tema?
Sou a favor da liberação da maconha, somente para usos medicinais. Fora disso, não.
“Teve bastante crítica, tanto positiva, quanto negativa. Muita gente gostou”, diz. “Acabei doando todos os quadros. O da ‘Gralha Azul’, dei ao [deputado] Márcio Pauliki”, afirma a candidata, que também praticou por balé por nove anos, mas teve que abandonar os palcos por causa do desgaste nas articulações.
“Mama italiana”
Maria Victoria nasceu em Maringá, mas aos dois anos já morava em Curitiba. Tem boas lembranças dos almoços de domingo na casa dos avós maternos, Ivo Borghetti e Irís Boghetti, que tinham 13 filhos. Era uma típica família italiana, com mesa farta, casa cheia e muita conversa. Hoje, a jovem parece disposta a repetir a fórmula familiar. “Eu quero ter quatro filhos, ser como aquelas mamas italianas”, resume. A prole dividiria as atenções com Jolie, uma cachorrinha lulu, seu xodó.
Solteira, a candidata parece estar perto de mudar de estado civil. Há um ano e meio, namora o advogado Diego Campos, a quem faz juras de amor constantes. “Agora eu achei”, diz. “Ele é muito parceiro. Nos fins de semana, quando a gente poderia fazer alguma coisa diferente, eu tenho que ir aos bairros [fazer campanha], ele vai comigo. É bem bacana”, conta. Na última vez em que conseguiram sair para jantar, foram ao Bar Palácio, onde comeram um churrasco paranaense.
Ainda que se esforce por manter sempre um sorriso aberto, Maria Victoria dá indícios de ser geniosa – e se reconhece como tal. Diante de alguma questão de que não gostou, faz cara de ironia ou responde com outra pergunta. Evita abordar assuntos polêmicos – não quis contar seu apelido de infância, custou a dizer que torce para o Atlético Paranaense e demorou a assumir que já tomou um porre. “De vodca. Depois disso, nunca mais consegui beber vodca”, disse.
Garota internacional
Aos dois anos, Maria Victoria foi matriculada na International School of Curitiba. Foi alfabetizada, ao mesmo tempo, em português e em inglês. Conta que no segundo dia de aula, quando sua mãe foi buscá-la na escola, virou para a professora e pediu: “Miss Rosinha, my bag, please”. Com o tempo e a facilidade com os idiomas, se tornou fluente também em italiano e francês.
Talvez fosse um prenúncio. Aos 14 anos, a jovem cursou parte do ensino médio em Lugano, na Suíça, onde morou em regime de internato. Lá, teve o primeiro namorado – o alemão Nicholas –, com quem gostava de passear no lago e tomar sorvete. Posteriormente, se formou em Hotelaria e Gestão de Eventos, também na Suíça.
As experiências internacionais incluíram ainda uma missão humanitária de 58 dias, coordenada pelo colégio suíço, em três países da África – Namíbia, Zâmbia e Botsuana. “Nós arrecadamos dinheiro o ano inteiro e compramos placas de aquecimento, perfuramos poços artesianos e fizemos galinheiros nas comunidades. Dávamos aulas de inglês e matemática às crianças. Foi uma experiência transformadora”, definiu a jovem.
Política e rotina
Maria Victoria gosta de contar que, aos dois anos de idade, já estava no colo dos pais, sobre palanques e pedindo votos para Jaime Lerner, que acabou se elegendo governador. Cresceu participando das campanhas do pai e da mãe. Ainda na infância, a família se mudou a Brasília, onde morava em um apartamento funcional (Barros era deputado federal). Ali, cresceu ao lado de filhos de outros parlamentares, como os de Aldo Rebelo e Dilceu Sperafico.
Em 2014, foi eleita deputada estadual pelo PP, com mais de 44 mil votos. Apesar de a entrevista não ter se focado na política, em cinco ocasiões repetiu a mesma frase, como um mantra pessoal: “Acredito que cada pessoa tem uma missão. A minha é servir as pessoas”.
Em tempos de campanha, os dias da candidata são embalados por um “sertanejão”. “Gosto de Jorge & Mateus. Aquela música, ‘Paredes’, é linda”. Mas o gosto musical também tem uma forte raiz no rock: cita Guns’n Roses, AC/DC, Eric Clapton, Jimmi Hendrix, Rita Lee e Cazuza. “Eu sou bem eclética”, sintetiza.
Apontada como uma mulher elegante, faz o estilo clássico. Apresenta-se sempre maquiada e com unhas bem feitas. Apesar de não se considerar vaidosa, afirma que não abre mãos de certos cuidados. “Eu sou uma mulher de chapinha, né? E não saio de casa sem batom ou rímel”, aponta. Há alguns anos, usa o mesmo perfume, cuja marca não revela.
Por esses dias, está lendo um livro cujo título não se lembra. Do autor, recordou-se do primeiro nome: Alberto. Sobre o tema, disse que se tratar de uma análise crítica aplicada ao cotidiano dos ensinamentos de A Arte da Guerra (Sun Tzu), de Friedrich Nietzsche e de O Príncipe (Nicolau Maquiavel). “Mas é um livro muito instigante”, resume.
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