Se o PT reduziu de tamanho, para onde foram os votos que a legenda recebeu no passado? Para Antônio Augusto de Queiroz, analista político do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), os votos do PT “se pulverizaram” e não migraram necessariamente para os partidos de esquerda. “Eu acho que o resultado da eleição mostra que a maior vitória foi dos partidos de centro-direita. É uma eleição marcada por esse perfil”, afirma ele. Nacionalmente, o PT não conseguiu eleger nem metade dos prefeitos eleitos em 2012. No Paraná, a sigla caiu de 43 prefeituras para dez, sendo que se tratam de municípios pequenos.
Em números: veja o desempenho do PT no Brasil e no Paraná
Na centro-direita, o analista político destaca o desempenho do PSDB. “Os votos do PT se pulverizaram, mas eu acho que o PSDB ocupou mais os espaços”, avalia ele. “Esse resultado já tem impacto nas eleições de 2018. Porque uma eleição municipal é uma base importante para a eleição nacional. Por mais desgastado que um prefeito esteja, ele sempre consegue transferir votos”, destaca o analista do Diap.
De 80 deputados federais candidatos a prefeito ou vice, 53 foram derrotados
Leia a matéria completaQuestionado sobre o futuro do PT, Augusto de Queiroz afirma que o partido agora está atrelado ao sucesso ou não do governo Michel Temer. “Se o PMDB for avaliado de forma positiva, a tendência é que o PT diminua ainda mais”, acredita ele.
Dirigentes petistas admitem necessidade de discutir erros e pensar nos rumos da sigla. No início de 2017, haverá uma reunião nacional do PT com tal propósito. A ideia seria definir os próximos passos, de olho nas eleições de 2018, quando estarão em jogo os cargos de presidente da República, governadores de estados, senadores, além de deputados estaduais e federais.
Diante do desempenho da sigla no domingo (2), ganha força dentro do PT a ideia de formação de uma ampla aliança de esquerda na disputa à presidência da República em 2018. Neste caso, o PT abriria mão da cabeça de chapa, apoiando nome de outra legenda. Ciro Gomes, do PDT, seria o nome mais cotado até aqui para comandar uma eventual frente de esquerda. Outra ala petista, contudo, mantém a pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), embora haja o risco de ele ser barrado pela Lei da Ficha Limpa, já que responde a processos no Judiciário.
PT pode comandar apenas uma capital
Entre as capitais brasileiras, o PT só venceu em Rio Branco (AC), com Marcus Alexandre, e agora só tem um único segundo turno pela frente, em Recife (PE). Na capital de Pernambuco, o candidato mais votado quase resolveu o pleito no primeiro turno: Geraldo Julio (PSB) obteve 49,34% dos votos válidos. Ou seja, por menos de 1%, a disputa foi para o segundo turno com o petista João Paulo, que fez 23,76%. Nas eleições de 2012, o PT se elegeu em sete capitais.
Em Porto Alegre (RS), onde o PT mantinha um dos seus principais redutos, o candidato da sigla, Raul Pont, não conseguiu chegar ao segundo turno, que agora será disputado entre Nelson Marchezan Junior (PSDB) e Sebastião Melo (PMDB).
A derrota mais significativa, contudo, foi em São Paulo, onde o tucano João Doria venceu no primeiro turno, derrotando o atual prefeito da cidade, o petista Fernando Haddad. Maior centro eleitoral do Brasil, a disputa local por lá é considerada um indicativo de como será a corrida pela presidência da República. Em 2012, quando venceu a prefeitura de São Paulo, Haddad passou a ser cotado como um bom quadro do PT para a eleição à principal cadeira do Executivo nacional.
Em todo o estado de São Paulo, o PT também amargou derrotas em cidades estratégicas, como na região do ABC, até então considerado um reduto petista.
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