Com críticas ácidas ao atual prefeito Gustavo Fruet (PDT), chamando-o de o pior que já esteve no cargo, o ex-prefeito Rafael Greca (PMN) foi o último entrevistado da série de sabatinas da com os pré-candidatos à prefeitura de Curitiba.
Na entrevista de uma hora, Greca disse que fará o metrô e que promoverá a reintegração do sistema de transporte coletivo no dia seguinte à posse. Greca lançou mão da marca registrada de usar frases de efeito e citar a história de moradores dos bairros. Disse que a cidade está abandonada e que “fede a cocô” por causa de bueiros entupidos e falta de ligações de esgoto. Leia trechos da entrevista:
TV GAZETA: Assista aos melhores momentos da entrevista
A passagem como ministro do governo Fernando Henrique foi uma mudança na sua carreira. O sr. estava no auge da trajetória, mas a denúncia dos bingos e a caravela dos 500 anos, que nunca navegou, derrubaram seu prestígio. Como o sr. vê isso hoje?
Sofri em Brasília o choque de um homem que queria servir o povo brasileiro, já havia servido bem o povo de Curitiba com 6.600 obras e cheguei para ser ministro. Eu acabei descobrindo todos os mistérios de Brasília. Em Brasília eu fiz tudo o que devia e Brasília fez o que costuma. Naquele tempo, o Congresso era comprado com o dinheiro da lavagem dos bingos. Por todo o Brasil, os parlamentares tinham muito apreço pelos bingos. Inventaram essa história da caravela, que eu afundei uma nau capitânea. A caravela hoje está lá, você pode passear nela. Na verdade, inventaram a história da caravela para não dizer que me mandavam embora porque eu tinha criado um software blindado que permitia que cada jogo de bingo desse o que era devido e previsto pela lei Pelé para as federações esportivas. Apresentei esse projeto de manhã para o advogado-geral da União e de tarde fui denunciado por aquele promotor torto do PT, aquele Luiz Francisco de Souza. Ele me moveu 847 processos, eu fui inocentado em todos eles. Acabaram os bingos, veio o mensalão; acabou o mensalão e veio o petrolão. E agora na falta de bingos, mensalão e petrolão, diz a gloriosa Gazeta do Povo que vão voltar os bingos. Vão abrir bingos, oito em Curitiba, um cassino no Paraná. Na verdade querem onde tirar dinheiro escuso.
RÁDIO GAZETA: Ouça na íntegra a sabatina com Rafael Greca
Qual a sua avaliação da gestão do Fruet?
A notícia que nós temos é que não há coisa boa. Teve o mérito do Plano Diretor, que é razoável. O Ippuc se esforçou, mas mesmo assim alguns vetos que ele [Fruet] pôs foram por falta de coragem. Ele, pessoalmente nunca me fez nada de mal, mas acho ele muito indeciso, muito omisso. A cabeça só pensa onde os pés pisam. O coração só sente onde os pés pisam. O povo não viu o Fruet. Você sabe uma ponte que o Fruet fez? Diga onde. Você sabe uma obra do Gustavo Fruet? Diga onde. Eu outro dia vi o Fruet inaugurar um corrimão numa pinguela do Rio Belém que tinha caído. Puseram no site. Inaugurou o posto de saúde do Tatuquara e a Rua da Cidadania do Tatuquara, mas não colocou os computadores, não tem atendimento, o povo tá furioso com ele. Fechou a UPA do Fazendinha. Por que fechou? Porque não teve coragem de dizer que o governo federal não manda o dinheiro para a saúde. Aliás, as UPAs eram um lugar de urgência e emergência. Eram centros de saúde 24 horas. Montaram uma casa de louco. Vai criancinha com bicho de pé, vai criancinha com lombriga, vai mulher com TPM, gente com pressão alta, gente com crise de rins, junto com esfaqueados, atirados, pessoas infartando, tendo AVC, é uma casa de loucos aquilo. Os guardas com medo do povo se trancam na sala de dentro da UPA.
O sr. saiu recentemente do PMDB, onde era correligionário do senador Requião. Cogita-se que o sr. e o Requião Filho poderiam jogar juntos na eleição.
Bobagem. Nunca conversei com o Roberto Requião sobre isso, nem com a Maristela, nem com o menino. Não tenho nenhum interesse de ter dobradinha com ninguém. Tenho vontade de bem servir Curitiba, e o voto em mim será só em mim. Não ponham pelo em ovo.
GALERIA: Veja imagens da entrevista na Gazeta do Povo
Como manter a tarifa do ônibus em valor razoável?
Pagando por quilômetro rodado multiplicado pelo custo do quilômetro rodado e dividindo pelo número de passageiros. Se você aumentar o número de passageiros, diminui a tarifa.
Mas esse cálculo atual está previsto na licitação. Tem que mudar a licitação?
Tem que mudar, tem que ter coragem. O Fruet diz que ganhou uma dívida do Ducci. Segundo vocês, R$ 400 milhões. Muito bem. Agora já são R$ 800 milhões. O Fruet duplicou a dívida do Ducci. Ele manteve o contrato de transporte coletivo, ele renovou o contrato com a Consilux, dos radares. Ele manteve todos os pagamentos que quis o Mario Celso Petraglia no Atlético. Manteve o contrato do transporte coletivo. Manteve o contrato com o ICI, renovou o contrato com o ICI. Então, se ele duplicou a dívida do Ducci e não fez nada, nem pra pôr o Ducci na cadeia... O Ducci está solto, veio aqui ontem. Está solto e passa bem... Então, pode ser que não seja verdade que o Ducci seja o criminoso que o Fruet diz. A gente não sabe, mas tem que ver. O que eu queria dizer pra vocês é que ou o Fruet é duas vezes conivente ou duas vezes incompetente.
O sr. voltaria a pagar por quilômetro rodado?
Eu não tenho confiança – e evoco o arbítrio da equipe da Lava Jato – na catraca que mede o número de passageiros de Curitiba. Porque pagam pelo número de passageiros. Disseram que iam desintegrar para diminuir o preço da passagem; não diminuiu. E dizem que vai haver um dos maiores aumentos proporcionais da história. Os empresários dizem que a passagem custa R$ 4.
“Morador” da UPA do CIC
O suposto morador da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Cidade Industrial (CIC), citado por Greca na entrevista, trata-se de um senhor, na casa dos 50 anos, identificado apenas como Santino, que já recebeu alta, mas permanece sob os cuidados da unidade enquanto não consegue uma vaga em um lar que possa recebê-lo. O paciente não teria família.
Procurada pela reportagem, a assessoria da Fundação de Ação Social (FAS) afirmou que está ciente do caso, mas como o homem tem limitações físicas e deficiência intelectual, há dificuldade em encontrar uma instituição que possa acolhê-lo nessas condições. Por isso, permanece na UPA, com o acompanhamento do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) do CIC.
E reintegraria o sistema? Como?
Reintegraria no dia seguinte. Faria um acordo com o governador Beto Richa (PSDB) e reintegrava no dia seguinte.
Manteria a área calma a 40 km/h no Centro?
Tudo em respeito à vida. Mas tem que ver essa velocidade. Os 30 km/h são muito pouco para um automóvel.
Eu acho que é um programa de arrecadação. Como acho que é também um programa de arrecadação cobrar dos bares para ter mesinhas na calçada. Se um bar ou um restaurante coloca mesinhas na calçada temos que agradecer a Deus que alguém ainda queira tomar seu chopinho na rua. Isso torna a cidade mais segura.
O que o sr. pensa dessas propostas de associações para tirar moradores de ruas de Curitiba nem que seja à força?
Em primeiro lugar quero lamentar o que está acontecendo. Estamos reféns de uma cultura do descarte. A prefeitura fecha a linha do sopão, fechar a FAS S.O.S., fechar a Fazenda Solidariedade, não fazer convênios com albergues, permitir que fosse demolido o Hospital Bom Retiro e fechado o Hospital Nossa Sra. da Luz. E cinicamente falam em direito de ir e vir. Direito de vir entre o nada e o coisa nenhuma? Entre a doença e a morte? Não é porventura dever dos funcionários públicos da ação social incluir os desvalidos em programas públicos de saúde, moradia e habitação? O grito da Associação Comercial e da Abrabar pode ser um pouco desafinado com a correção política, mas esse grito é o de uma cidade que ouve o papa Francisco, que não aceita a cultura do descarte.
Rápidas
Gosto de passear em Curitiba na hora do pôr-do-sol no meu Parque Tanguá e também no meu Umbará.
O museu que eu fiz, o Memorial de Curitiba.
O meu Largo da Ordem.
Moro na Vicente Machado entre Batel, Bigorrilho e Centro e o que falta é segurança porque mês sim mês não matam alguém ali.
A Linha Turismo inteira. Dane-se quem quiser ir em um lugar só, vou levar em vinte.
O Tanguá.
O meu Bairro Novo.
O Erwin e o Armazém Santana.
Da luz dos Pinhais.
Como resolver as vagas de creches? A prefeitura tirou vagas de berçários para dar vagas a crianças de 4 e 5 anos.
Que fiasco, não? Porque não fizeram salas de aula nas várias escolas municipais para colocar as crianças? Porque foram incompetentes. Eu teria feito, teria criado as condições.
O que o sr. faria sobre o Mãe Curitibana?
Fui eu que fiz. Refaria imediatamente. É uma coisa maravilhosa. A mulher não fica com medo, fica sabendo onde terá o filho, é levada à maternidade antes, a criança é acompanhada. Mas entregar a saúde de Curitiba como parte do pagamento da campanha eleitoral em que o Gustavo Fruet vendeu sua virgindade ao pior PT do país destruiu a Mãe Curitibana.
Qual a obra de infraestrutura mais importante de que Curitiba precisa hoje?
Um imenso projeto de requalificação das calçadas com galerias onde se acomode o esgoto, a água, todos os fios que estão pendurados nos postes , os fios elétricos e ainda se faça nas esquina acumuladores de vazão para reduzir as enchentes. Há lugares altos da cidade que alagam porque os bueiros estão entupidos. A cidade fede a cocô porque as ligações no esgoto não foram fiscalizadas.
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