O segundo turno inesperado na disputa para prefeito de Curitiba deve forçar Rafael Greca (PMN) e Ney Leprevost (PSD) a se reinventarem. Alicerçada na desconstrução de Gustavo Fruet (PDT), a campanha de Greca tentará colar no adversário a imagem de inexperiência em cargos no Executivo. Já Leprevost, que passou quase que incólume no primeiro turno, buscará distância dos confrontos diretos e venderá a imagem de que é hora de “emplacar o novo” na administração da capital.
Enquanto a campanha no rádio e na televisão ainda não retornou, o debate entre os dois candidatos na Gazeta do Povo, na quarta-feira (5), deu o tom do que deve marcar este segundo turno. Ao colocar em dúvida uma série de propostas do adversário, Greca usou as palavras marketing e demagogia. Tentou mostrar ao eleitor que não é possível tirá-las do papel, como a redução da passagem de ônibus em R$ 0,15 nos primeiros 90 dias de governo. “Não se pode colocar nas questões técnicas nenhuma pitada de marketing ou demagogia”, afirmou o candidato do PMN.
Adversários no segundo turno, partidos de Greca e Leprevost andam de mãos dadas na Câmara
Leia a matéria completaUm aliado de um dos partidos que apoiam Greca disse à reportagem que ele precisa desconstruir a “imagem midiática” de Leprevost, que fez carreira no rádio. “O Greca tem de botar na cabeça dos curitibanos que é preciso responsabilidade no voto e eleger alguém com experiência e conteúdo. E pelo histórico dele, tem condições de fazer isso”, projeta. “Mas certamente será preciso dosar esses ataques. Ele precisará mudar um pouco a imagem, tomar um banho de loja.”
Outro correligionário do candidato do PMN defende que ele deixe um pouco de lado o discurso de amor por Curitiba e aprofunde as propostas, com o objetivo de mostrar que o adversário não tem condições de cumprir o que promete. “O eleitor em geral não está bem-humorado. É preciso demonstrar capacidade e conhecimento para gestão da cidade. Por isso, a campanha terá de ser mais focada e objetiva, com mais profundidade.”
Vidraça
Azarão até a última semana antes do primeiro turno, Leprevost terá de se preparar para as afirmações de que é inexperiente e despreparado para o cargo. Vereador e deputado estadual, ele traz no currículo apenas uma curta passagem como secretário de Estado do Esporte e Turismo.
Para um partidário do candidato do PSD, Leprevost precisa se aproveitar do momento político do país e mostrar aos curitibanos que chegou a hora de “experimentar uma nova opção”. “Veja que o Greca, ao longo da vida pública, já teve de responder a alguns escândalos. O Ney não”, afirma. “Ele tem de deixar claro que tem a formação de gestor público e pode se cercar de pessoas com capacidade suficiente para desenvolver a cidade.”
Uma delas é o secretário de Estado do Desenvolvimento Urbano, Ratinho Jr. (PSD), que, mais do que um aliado de perfil técnico, será usado para conquistar votos na Região Sul da capital, onde teve excelente desempenho em 2012. “O Greca criou o Bairro Novo, tem uma ligação forte com as pessoas que moram lá. O papel do Ratinho será tornar o Ney mais conhecido lá”, explica aliado do PSD.
Outra estratégia será se manter distante dos ataques que surgirem e focar apenas nas propostas. “Ele deve absorver isso e não retribuir.”
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Deputados da base governista pressionam Lira a arquivar anistia após indiciamento de Bolsonaro
Enquete: como o Brasil deve responder ao boicote de empresas francesas à carne do Mercosul?
“Esmeralda Bahia” será extraditada dos EUA ao Brasil após 9 anos de disputa