A exemplo de 2012, a eleição para prefeitura de Curitiba voltou a surpreender neste ano. Inicialmente considerado mero figurante na disputa, Ney Leprevost (PSD) desbancou o atual prefeito da capital, Gustavo Fruet (PDT), e vai disputar o segundo turno contra Rafael Greca (PMN). O retorno dos curitibanos às urnas será daqui a quatro domingos, no dia 30 de outubro.
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No entanto, seja qual for o resultado final, o pleito curitibano indica um reestabelecimento das relações políticas entre o governador do estado, Beto Richa (PSDB), e o próximo prefeito da capital. Mesmo distante da disputa desde o início, o governador é, sem dúvida, o maior vitorioso ao fim deste primeiro turno. De cara, conseguiu devolver a derrota que Fruet aplicou a ele e seus aliados – Luciano Ducci (PSB) e Ratinho Jr. (PSD) − em 2012.
Apesar de o PSDB ter a vice na chapa de Greca com Eduardo Pimentel, fontes do Palácio Iguaçu tratam Leprevost como “amigo”.
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Isso apesar de o parlamentar do PSD ter rompido com Richa no episódio do conflito com os professores da rede estadual no primeiro semestre de 2015, após passar quatro anos na base aliada. Há duas semanas, por exemplo, interrompeu a licença do mandato para votar contra o mais recente “pacotaço” do tucano na Assembleia Legislativa.
Ônibus
Essa proximidade de ambos com o Executivo estadual leva a crer que um dos grandes temas do segundo turno será o transporte coletivo. De um lado, Greca afirmou em recente entrevista à Tribuna do Paraná que a aliança com Richa dá a ele “a possibilidade de reintegrar o transporte já no primeiro dia [de gestão]”, numa referência ao convênio para administração do sistema de ônibus da capital e região metropolitana, rompido na gestão Fruet.
Já Leprevost tem como principal fiador Ratinho Jr. (PSD), atualmente secretário do Desenvolvimento Urbano no governo do estado – pasta que comanda a Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec). Durante a campanha, o candidato do PSD se comprometeu, por exemplo, a baixar entre R$ 0,10 e R$ 0,15 a tarifa de ônibus ao cortar a porcentagem à qual a Urbs – ligada à prefeitura da capital − tem direito na divisão do bolo das passagens.
Minha aliança será sempre com o nosso povo e meu compromisso será de não desqualificar ninguém e de buscar o bem de Curitiba. Vamos com muita alegria e energia renovada para o segundo turno
Resultado inesperado e segundo turno
Encerrada por volta das 18h10, a apuração apontou 38,38% dos votos para Greca contra 23,66% para Leprevost, forçando a necessidade de realização do segundo turno entre eles. Logo atrás, a quase 34 mil votos de distância, Fruet amargou a terceira posição e terá menos de 90 dias no cargo até repassar a administração da capital para as mãos de um dos dois oponentes. “Meu objetivo é cumprir o mandato com altivez e garantir a mais tranquila transição”, afirmou o pedetista.
A surpreendente ida de Leprevost ao segundo turno praticamente dá início a uma nova eleição. E os primeiros passos serão a redistribuição de alianças. Já apoiado pelo governador Beto Richa (PSDB), Greca deve ficar com Maria Victoria (PP), que é filha da vice-governadora Cida Borghetti (PP).
Leprevost, por sua vez, tende a receber o apoio do próprio Fruet – alvo de ataques constantes de Greca durante toda a campanha – e de Requião Filho (PMDB) e Tadeu Veneri (PT), que orbitam no campo extremo oposto a Richa.
Vamos continuar fazendo uma campanha limpa. Vamos buscar os votos de todos os que escolheram outros candidatos, os indecisos, quem anulou e quem quer ver Curitiba bem cuidada a partir de 2017
Além de iniciar com mais apoios na comparação com Greca, Leprevost parece sair em vantagem com relação ao discurso a ser adotado a partir de aqui. No papel de terceira via, ele pouco atacou, pouco foi atacado neste primeiro turno e poderá manter a imagem de “bom moço” que tentou construir. Já o candidato do PMN terá de se reinventar depois de passar os 45 primeiros dias de campanha num embate ferrenho com Fruet, na busca de desconstruir a gestão do pedetista.