O maior condomínio do Paraná possui mais moradores que o número de eleitores em 23 cidades do estado. Localizado no bairro Atuba, em Colombo, o Vida Bella Praças Residenciais tem 900 apartamentos e reúne 2,6 mil moradores. Nessa ‘minicidade’, o desafio do síndico e conselheiros do condomínio é tão grande quanto o de prefeito e vereadores das cidades com os menores colégios eleitorais do estado.
Se nas cidades pequenas as eleições têm ares de votação de condomínios, nos maiores residenciais da região de Curitiba os síndicos se sentem com responsabilidades compatíveis com a de prefeitos. Responsável pela administração do Vida Bella, o síndico Paulo Horácio Pinheiro faz a gestão de cerca de R$ 4 milhões por ano. Conta com o respaldo de uma chapa de cinco conselheiros, que agem como se fossem secretários municipais.
“Eu tenho um status de prefeito. Os condôminos param para cumprimentar e também para cobrar. Se vou dar uma volta de bicicleta com meu filho, por exemplo, sempre tem alguém que me para e comenta alguma coisa do residencial”, disse. Por causadas dimensões – e dos problemas –, três síndicos anteriores não conseguiram completar o mandato. Houve casos de agressões e até ameaça de morte.
“O condomínio é uma minicidade. Então hoje o síndico é um posto bem mais profissionalizado e capacitado. Ele tem que ter um perfil de gestor mesmo”, apontou Pinheiro.
Eleição
Se nas eleições municipais o período eleitoral foi reduzido de 90 para 45 dias, nos condomínios a campanha dura de três a quatro semanas. Cada residencial tem seu próprio estatuto, mas, em regra, a conquista do eleitorado também é feita na base do “corpo a corpo”, com os candidatos a síndico batendo de porta em porta.
“É como numa eleição municipal. Tem panfletagem, apresenta-se a proposta e pronto. Alguns condomínios maiores chegam a fazer debates”, disse Siomara Kaltowski, coordenadora do conselho de síndicos do Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná (Secovi-PR). Ela é síndica do Parque Residencial Fazendinha, que abrange 640 apartamento e 2,4 mil moradores.
Campanhas podem custar mais de 1,3 mil vezes menos que em Curitiba
Pelas dimensões reduzidas e por não gastarem em propagandas de tevê ou de rádio, as campanhas eleitorais das cidades que têm menos eleitores são muito mais modestas que a dos grandes colégios eleitorais. Em Jardim Olinda, menor cidade do Paraná, cada candidato a prefeito poderá gastar até R$ 5,1 mil.
O valor é 1.396 vezes menor que o teto de R$ 7,1 milhões estipulado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para candidaturas à prefeitura de Curitiba. “Aqui, é panfletagem e corpo a corpo. Nem tem em que gastar”, diz o prefeito de Jardim Olinda, Juraci Paes da Silva (PTB).
Da lista dos colégios eleitorais menores que o maior condomínio do estado, a que tem previsão de gastar mais na campanha é Santo Antônio do Paraíso, cidade do Norte do estado que possui 2.376 eleitores . Lá, cada candidato a prefeito pode dispender até R$ 42,7 mil no período eleitoral. Já Iracema do Oeste, município com 2.538 eleitores, poderá ter a campanha à Câmara Municipal mais cara. Cada candidato pode gastar R$ 9,1 mil. Ainda assim, o valor é 38 vezes menor do que o da corrida eleitoral ao legislativo municipal de Curitiba.
Apesar das discrepâncias, o cientista político Doacir Quadros avalia que, principalmente a partir da minirreforma eleitoral ocorrida no ano passado, a tendência é de que as campanhas de grandes cidades se tornem parecidas com a dos pequenos municípios. Ele aponta dois fatores para isso: mudança no financiamento das campanhas e a redução do período eleitoral de 90 para 45 dias.
“Os candidatos vão ter de reduzir custos. Então, a tendência é que tenhamos um período eleitoral mais barato para candidatos e partidos, o que aproximaria a dinâmica dos grandes colégios eleitorais dos pequenos municípios”, observou.
Por causa disso, o especialista aponta que os candidatos deverão procurar se aproximar mais dos eleitores, como acontece nas cidades menores. “Os concorrentes vão ter que mostrar que têm um capital político estabelecido. Vão buscar contato com associações de bairros, movimentos sociais. Esta é uma tendência”, destacou.
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