Um dos temas centrais nas propostas de mobilidade na última eleição municipal (em 2012), a implantação do metrô em Curitiba parece estar em baixa na atual disputa pela prefeitura. O modal praticamente desapareceu dos planos de governo dos candidatos. Apenas dois programas mencionam esta alternativa de transporte coletivo, mas para criticá-la. Nenhum a inclui entre suas prioridades. Mesmo nos debates e ao longo da campanha o já sonhado metrô agora permanece ignorado.
Os planos de governo registrados pelas candidaturas junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) batem na tecla da priorização da “integração dos modais”, mas não fazem menção ao metrô. O principal entrave que fez com que o modal passasse a ser desprezado pelas candidaturas diz respeito ao financiamento da obra, considerada de altíssimo custo.
Quando foi aprovado pelo governo federal em 2013, o projeto estava orçado em R$ 4,8 bilhões (dos quais R$ 1,8 bilhão viria da união, R$ 700 milhões do governo do estado e R$ 700 milhões do município, além de R$ 1,6 bilhão a ser levantado pela iniciativa privada). O levantamento mais recente da prefeitura, no entanto, aponta que seriam necessários pelo menos R$ 6 bilhões para tirar o metrô do papel.
Médio e longo prazo
Mesmo o atual prefeito Gustavo Fruet (PDT), que participou das negociações para a aprovação do projeto, já descartou o metrô como uma de suas plataformas. Ele aponta que a implantação seria algo para o “médio e longo prazo” e aponta dificuldades de liberação de verbas federais.
“O projeto, no entanto, depende do governo federal que está em plano de contingenciamento e já sinalizou que não deve liberar recursos para novas obras neste momento”, disse, por meio de sua assessoria.
Rafael Greca (PMN), que tem como aliado o governador Beto Richa (PSDB) – que também participou das costuras políticas para a aprovação do projeto do metrô –, não menciona o modal em seu plano de governo, mas disse à Gazeta do Povo que vai estudar a viabilidade da implantação.
“Vamos estudá-lo detalhadamente, e se possível renegociar junto ao governo federal, para colocá-lo ‘em pé’ de novo. O atual prefeito perdeu o bonde do metrô, e este é mais um projeto que poderia estar em execução”, declarou, por meio de sua assessoria.
Na eleição passada (2012), Greca era um dos únicos candidatos a se manifestar contra o modal. No plano de governo daquela corrida eleitoral, ele avaliava que o “o metrô é uma fantasia cara, inexecutável, irresponsável e que só dá o ar da graça de quatro em quatro anos e, some depois de passada a eleição”, consta do programa.
Para o futuro
Outro candidato que ignorou o metrô, Tadeu Veneri (PT) disse que o modal se tornou “inviável” e que, por isso, o plano de governo dele se foca em alternativas. “Implantar o metrô neste momento, infelizmente, é inviável. A prefeitura não dispõe de recursos suficientes para tocar sozinha uma obra de tamanho porte. Agora é preciso buscar meios de retomar as negociações para identificar possíveis fontes de financiamento para o projeto no futuro”, afirmou.
Críticas
O programa de governo de dois candidatos – Xênia Mello (PSol) e Ademar Pereira (Pros) – citaram o projeto de implantação do metrô, mas o fizeram para criticar o modal de transporte coletivo. Xênia destacou o “custo altíssimo” do projeto e apontou que as obras estariam sujeitas ao lobby de companhias, construtoras e operadoras. Ademar, por sua vez, apontou que a prefeitura não deveria assumir a responsabilidade pela construção do metrô e disse que a implantação só seria viável se os governos federal e estadual arcasse com os custos e levasse em conta a integração com a região metropolitana.
Propostas privilegiam outros modais
Com o metrô deixado de lado, outros modais aparecem de explicitamente nas propostas de alguns candidatos que elaboraram planos de governo de forma mais objetiva. O Veículo Leve sobre Pneus (VLP), por exemplo, é uma das principais apostas de mobilidade do programa de Rafael Greca (PMN) e de Maria Victoria (PP).
O sistema de ônibus é mencionado por todos os candidatos. Alguns, como Afonso Rangel (PRP) e Tadeu Veneri (PT), no entanto, defendem a revisão do modelo de contratação das empresas de transporte coletivo e da revisão da tarifa. Modais alternativos, como carro elétrico e a bicicleta, também são lembrados.
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