A quantidade de eleitores brasileiros com nível superior completo mais do que dobrou desde 2010. De acordo com pesquisa de perfil eleitoral atualizada pelo Tribunal Superior Eleitoral no último mês de julho, 6,61% dos habitantes aptos a votar no país têm esse grau de instrução. Seis anos atrás, esse porcentual era de 3,84%.
Para especialistas em marketing eleitoral, esse avanço na escolarização deverá se refletir em campanhas com propostas mais exequíveis. Mas isso ainda levará tempo para se consolidar, analisam.
GRÁFICO: As capitais e o ensino superior
Custo com partidos chega a R$ 9,4 bilhões em 10 anos
Leia a matéria completaDentre as capitais, a média atual com nível superior completo é de 9,61% do total de eleitores. Mas em Curitiba, um em cada quatro eleitores têm esse grau de escolaridade – a terceira maior relação entre as capitais, atrás de Florianópolis e Vitória. Em 2010, a capital paranaense tinha 127 mil eleitores com nível superior -- 9,7% do total. Neste ano, são 315 mil (24,5%).
O especialista em marketing eleitoral Paulo Cunha diz que o avanço na escolarização dos eleitores força os candidatos a terem mensagens mais diretas e claras. “Não dá mais para fazer campanha dizendo que promete melhorar a educação ou criar empregos. O candidato precisa dizer como fará isso”, analisa o professor da Universidade de Brasília (UnB).
As recentes mudanças nas regras eleitorais também terão impacto na mensagem que o candidato terá de elaborar para atingir esse eleitor mais escolarizado. Aprovada no fim do ano passado, a minirreforma reforma eleitoral diminuiu o tempo de propaganda eleitoral gratuita de 45 dias para 35 dias. Ou seja, haverá menos tempo para levar mensagens mais qualificadas.
Impacto vai demorar
Apesar dos inegáveis efeitos positivos desse novo perfil eleitoral para a política, Cunha aponta que o impacto nas campanhas será gradual. “Uma mudança de comportamento demanda às vezes quatro, cinco ou dez campanhas pra ocorrer. As eleições são definidas pela média e não pelas pontas. Apesar de vermos redução em campanhas do tipo toma lá da cá, a média [do eleitorado brasileiro] ainda é suscetível a isso”.
A dificuldade dos candidatos em serem realistas, diz o professo da UnB, ainda pode ser visto nas últimas eleições presidenciais. Com o país caminhando para uma recessão econômica, a então candidata à reeleição Dilma Rousseff relutou em admitir esse cenário durante a campanha. Reeleita, passou a adotar medidas econômicas amargas para frear a desaceleração da economia e desagradou até mesmo seus eleitores. Pesquisa Ibope/CNI divulgada em março deste ano mostrava que, entre os que votaram em Dilma, 48% avaliavam seu governo como ruim ou péssimo.