Primeiro candidato à prefeitura de Curitiba sabatinado pela equipe de jornalistas da Gazeta do Povo nesta segunda-feira (19), Rafael Greca (PMN) evitou falar sobre o apoio do governador Beto Richa, criticou o atual prefeito e candidato Gustavo Fruet (PDT), admitiu a possibilidade de aumentar a tarifa do ônibus, falou sobre educação e repetiu várias vezes o nome da esposa Margarita Sansone.
Apoio do governador
O assunto que gerou mais rispidez durante a sabatina foi o apoio do governador Beto Richa à candidatura de Rafael Greca. Novamente, o candidato do PMN afirmou que quem deve explicações é quem dá o apoio, não quem o recebe. Greca, entretanto, afirmou que procurou o governador para solicitar seu apoio político com vistas à obtenção de maior tempo de televisão e a possibilidade de fazer uma gestão harmônica com o governo do estado. Segundo Greca, ele perguntou ao governador quais os motivos que o levaram a apoiá-lo. Na resposta, Richa teria dito que o apoio aconteceu pelo fato de ele ser a melhor opção para a prefeitura de Curitiba.
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“Perguntei [a Richa] e ouvi de que eu era o melhor candidato, era o que tinha as melhores condições para devolver com competência técnica Curitiba à sua trajetória de inovação. Fiquei lisonjeado e aceitei o apoio do PSDB”, afirmou.
O ar “enciclopédico-curitibano” de Rafael Greca
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Foram constantes os ataques de Greca à gestão do prefeito Gustavo Fruet. Apesar de ter contemporizado o apresentado em seu programa eleitoral, em que insinua que Fruet não prestou os devidos socorros aos professores durante a ‘Batalha do Centro Cívico’, passou o restante do tempo dando indiretas, dizendo que não será um “prefeito depressivo”.
Dificuldades econômicas
Durante boa parte da sabatina, Greca foi instado a explicar a viabilidade financeira de suas propostas para a cidade, considerando a dificuldade de arrecadação advinda do atual momento econômico. Em tom otimista, o candidato afirmou que uma administração mais eficiente seria necessária para garantir as obras e intervenções propostas.
Na visão de Greca o cenário permite até a revisão do aumento de IPTU previsto para 2017. Em 2014, a Câmara Municipal aprovou uma lei que previa um aumento escalonado no tributo entre 2015 e 2017. Para o ano que vem, o acréscimo previsto é de 4% para imóveis edificados e 7% para terrenos sem edificação.
“Eu vou revisar isto, eu vou revisar dentro da capacidade contributiva de Curitiba e dentro do quadro econômico da cidade. Vou falar claramente isso para a população: eu não quero expulsar os curitibanos de Curitiba”, afirmou Greca.
Propostas
Na educação, entre suas propostas mais polêmicas está a criação da Universidade do Professor, para formação de docentes. Além de possíveis dificuldades orçamentárias para a concretização dessa proposta, já que 30% do orçamento municipal está comprometido com ensino fundamental, Greca rebateu o fato de que o ensino superior não é atribuição municipal.
Segundo o candidato do PMN, a Universidade seria constituída com recursos do Instituto Municipal de Administração (IMAP). Quando questionado sobre disponibilidade orçamentária para tal, ele respondeu “acho que sim” e que “fará o máximo pela luminosa causa da educação”.
Além disso, prometeu abrir mais vagas em creches por meio dos vale-creches e da redução de gastos da prefeitura com a diminuição de secretarias e cargos – estratégia logo questionada pelos jornalistas, devido ao seu baixo impacto orçamentário.
Perguntado sobre de onde sairia a verba para contemplar tantas propostas, ele começou a afirmar que não sabia ainda, que ainda teria que avaliar e decidir tendo como princípio o “bom senso”.
Mobilidade
Outra mudança sugerida por Rafael Greca é o fim do subsídio que a prefeitura injeta no sistema municipal de transporte. Atualmente, o valor do subsídio mantido pela prefeitura é de R$ 8 milhões por mês.
“O subsídio do transporte com dinheiro público municipal pode ser uma coisa que a gente tenha que jogar fora, porque a gente tem que apresentar um preço justo de tarifa. Tirar dinheiro da saúde para colocar na passagem para dizer que eu sou bonzinho e que a passagem de ônibus é a mais baratinha do país, é perigoso”, afirmou Greca.
Segundo ele, ainda que a medida cause o aumento do valor da tarifa, ela é importante para garantir a qualidade do sistema. “Você acaba matando o povo duas vezes. Você mata no posto de saúde porque não põe o dinheiro e mata no ônibus que não é conservado”, afirmou.
Ainda sobre o transporte coletivo, Greca falou da necessidade de renovação de frota, que não vem acontecendo por força de uma decisão judicial que desobriga as empresas operadoras de comprarem veículos novos. O candidato também propôs a criação de uma tarifa diferenciada, que seria mais barata em horários que não são de pico. Moderado, Greca disse que não faria uma fala “requianista” em defesa do rompimento do contrato com as empresas que operam o transporte coletivo na capital.
Lixo
Uma das críticas de Greca à atual gestão é a realização de uma nova licitação para o serviço de coleta e destinação do lixo em Curitiba. “Eu não sei se o Ministério Público vai permitir que ele (Fruet) me obrigue a fazer com o lixo o que ele quer fazer. Eu acho que não é nem lícito e nem ético fazer uma licitação no apagar das luzes par ao lixo urbano. Eu acho que ele deveria deixar para a próxima gestão”, disse o candidato.
Sobre o subsídio que a prefeitura paga para manter a coleta do lixo na cidade, Greca disse que é necessário avaliar se a população suporta pagar a diferença entre o valor que é cobrado para a coleta e o montante arrecadado através da taxa de lixo. Atualmente, esta diferença é de R$ 100 milhões por ano e é bancada com dinheiro da prefeitura.
29 de abril
Um dos principais temas políticos desta campanha eleitoral, a agressão aos professores estaduais no dia 29 de abril de 2015, também foi abordado na sabatina. Rafael Greca foi questionado sobre uma peça publicitária apresentada em seu programa eleitoral que tenta apresentar a imagem do prefeito Gustavo Fruet como um dos responsáveis pela violência do dia 29 de abril. Ao responder se haveria maldade na edição do material, Rafael Greca eximiu-se de culpa e diz que nem assiste aos programas que são apresentados no horário gratuito de propaganda eleitoral. O candidato, entretanto, contemporizou as acusações.
“Eu não vejo o programa eleitoral, não dá tempo, eu vivo nos bairros, não vejo. Agora, se aconteceu, eu peço desculpas. A minha visão é que eu fui par ao meio da praça e o prefeito ficou na prefeitura. Você diz que ele ficou socorrendo feridos, bendito seja”, disse.
Impostos
Greca prometeu revisar o aumento progressivo do IPTU “dentro das possibilidades da cidade”. Segundo emenda constitucional, os municípios podem aumentar o imposto em razão do valor, localização e uso do imóvel. “Não quero expulsar os curitibanos de Curitiba”, disse.
Entretanto, ele defendeu o aumento quando o assunto são os terrenos desocupados, para estimular ocupações de determinadas áreas. “Fui eu que fiz”, diz, referindo-se à cobrança progressiva em sua gestão anterior, alegando que até mesmo um terreno de sua esposa, Margarita Sansone, foi alvo.
Esposa
Sua mulher, aliás, foi citada em diversos momentos. O mais marcante foi quando Greca afirmou querer acabar com o “primeiro-damismo” e garantiu que Margarita não ocupará cargo na Fundação de Ação Social (FAS), assim como a atual primeira-dama Márcia Fruet e a ex-primeira-dama Fernanda Richa. Ele disse que “não a quer dividir” com a população e porque, “amorosa”, Margarita se dedicará a cuidar de sua mãe, com idade avançada.
As palavras “amor” e “alegria” e menções religiosas, aliás, não faltaram durante as duas horas de entrevista.
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