Se tempo é dinheiro, as eleições municipais de 2016 serão marcadas pela falta dos dois. Com uma campanha mais curta e com menos recursos, os candidatos não poderão dar nenhum passo em falso. E apostar nas redes sociais é mais do que necessário para um resultado de sucesso no dia 2 de outubro.
Nas redes sociais, o candidato se torna mais próximo do eleitor. É ali que ele consegue ver, questionar e ter uma resposta sobre as suas demandas e tirar dúvidas sobre o posicionamento dos candidatos.
A Gazeta do Povo utilizou a ferramenta Fanpage Karma para medir o número de seguidores, engajamento dos candidatos com os eleitores no Facebook e a performance das páginas. O engajamento é calculado pela média de likes, comentários e compartilhamentos por dia e dividido pelo número de fãs, enquanto a performance mostra uma combinação de engajamento com o crescimento no número de fãs, mostrando a força que uma página tem.
PLACAR: Veja os números de engajamento dos candidatos
O levantamento foi realizado no dia 16 de agosto e os resultados podem variar de acordo com a data, uma vez que, se o candidato fizer um post muito comentado e compartilhado, o engajamento subirá.
Se a disputa eleitoral dependesse da eficiência da página no Facebook, Rafael Greca (PMN) estaria na frente. O ex-prefeito é o quarto em número de likes, mas tem o maior engajamento – 5,9% (o máximo é 6%). A página de Greca também tem uma performance de 100%.
A candidata Xênia Mello (PSOL) também tem um alto engajamento, segundo a ferramenta - 5,7%. O número de seguidores de Xênia chegam a 3,4 mil e a performance da página é também é de 100%.
O novato nas disputas, Ademar Pereira (Pros) também tem bons números de engajamento, apesar dos poucos seguidores (cerca de 2 mil). A performance da página do empresário é 100% e o engajamento é de 4,8%.
Tadeu Veneri (PT) e Maria Victoria (PP) dividem o mesmo número de seguidores, mas o petista vence no índice engajamento – 3,9% contra 2,5% da pepista. A página de Veneri também tem uma performance melhor do que a de Maria Victoria – 88% versus 74% . Ney Leprevost tem 94 mil seguidores e uma página 100%¨em performance. O engajamento, porém, é mais baixo – 1,4%.
O atual prefeito e candidato à reeleição Gustavo Fruet (PDT) e o deputado estadual Requião Filho (PMDB) quase empatam em engajamento e performance da página. Fruet, porém, dispara em número de likes – são 111 mil contra 34 mil do adversário peemedebista. A página de Requião Filho vence em performance (31%) mas perde em engajamento (1%). Fruet tem um engajamento de 1,4% e a performance é de apenas 24%.
Meio mais eficaz
Para o especialista em internet e professor da Redhook School Paulo Renato Oliveira, o cenário atual da legislação eleitoral, bem como a cobrança do eleitor pelo fim da corrupção devem fazer com que o candidato use as redes sociais para mobilizar e conquistar eleitores. “No contexto atual, as redes sociais se tornaram um meio eficaz não só de divulgação mas de mobilização”, comentou.
O dinheiro, que antes era investido em sua maioria em materiais gráficos, deve passar agora a ser investido nas próprias redes - principalmente depois que o Facebook remodelou seu algoritmo. Agora, a rede dá privilégio absoluto a conteúdos que vêm da sua família e amigos. Ou seja: um conteúdo aparece muito mais facilmente no seu feed se for compartilhado por algum contato que você tiver na rede. Isso diminui o alcance orgânico das páginas, que precisam recorrer a estratégias diferentes para impactar as pessoas, como o patrocínio de posts.
“Isso direciona a capacidade de influência do candidato, principalmente de investimentos, e não necessariamente competência”, comenta o professor.
Mais do que seguidores, é preciso engajamento
Os candidatos à prefeitura de Curitiba estão cientes da importância do relacionamento com o eleitor nas redes -–os números de curtidas em suas páginas no Facebook não param de crescer.
Isso, porém, não é suficiente para garantir um relacionamento com os eleitores. “A rede social é uma via de mão dupla. Se só o candidato falar, ele manda a mensagem mas não consegue medir a reação das pessoas”, explica Oliveira.
A personalidade do candidato nas redes sociais, porém, não pode estar dissociada das suas plataformas e pensamentos na vida real. “É muito mais fácil manter uma postura artificial na TV. Uma campanha inteira com milhares de interações é muito mais difícil. A personalidade da página deve estar próxima da realidade e refletir os valores do candidato”, disse.
Presença online é “inflacionada”
Os pesquisadores do Grupo de Pesquisa em Atores, Instituições, Comportamento Político e Tecnologias Digitais (GEIST), da pós-graduação Ciência Política da UFPR buscaram descobrir quais candidatos têm a presença online mais “inflacionada”. Isto é, quais candidatos recebem visitas , curtidas e comentários de uma quantidade e diversidade menor de usuários.
O levantamento analisou os dados das páginas de cinco candidatos à prefeitura entre os dias 1° e 12 de agosto e, de acordo com o pesquisador Márcio Carlomagno, na comparação direta entre os usuários únicos e a soma das interações percebe-se que alguns candidatos tem uma presença online inflacionada. “É interessante considerar não apenas os quantitativos, mas o número real de pessoas que cada página conseguiu atingir. Não importa o barulho que um eleitor faça, ele só tem um voto”, afirmou.
De acordo com os dados, as páginas mais “inflacionadas” em relação às curtidas são a do atual prefeito Gustavo Fruet (PDT) (68,76%) e da deputada estadual Maria Victoria (PP) (68,03%). Em relação aos comentários, os maiores índices foram alcançados também por Fruet (62,59%) e pelo ex-prefeito Rafael Greca (PMN) (45,52%). Isso quer dizer que, nestas páginas, há um grande número de curtidas e comentários, mas elas vêm, normalmente, dos mesmos internautas.
Os pesquisadores apontam que a página de Xênia Mello (PSOL) tem uma das maiores taxas de diversidade, junto com Ney Leprevost (PSD). Xênia tem uma presença um pouco mais “inflacionada” no número de curtidas (50,46%) do que Leprevost ( 50,19%). Nos comentários, Leprevost (28,62%) tem uma diversidade menor de usuários do que Xênia (23,68%).