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| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

Em entrevistas à rádio CBN, o prefeito e candidato à reeleição Gustavo Fruet (PDT) e seu principal oponente, Rafael Greca (PMN), tropeçaram nos fatos ao falarem sobre saúde, obras, mobilidade e transporte coletivo.

Fruet falou à rádio na última sexta-feira (16); Greca foi entrevistado nesta terça (20). Veja a análise feita pelo Livre.jor para a Gazeta do Povo.

Saúde

Fruet: “Aumentei em mais de 30% a estrutura da Saúde.”

Faltou clareza.

A que, exatamente, se refere o prefeito? Se falarmos em pessoal nas unidade de saúde, o aumento é menor – eram 6.667 em 2012 e 6.815 em julho de 2016. A diferença é de 2,2%, apenas. Na conta, entram médicos, enfermeiros, técnicos e outros profissionais de Saúde. Se a referência é à rede de postos, Fruet fez apenas um – a UPA da Matriz. A do Tatuquara, em obras, ainda não foi entregue pelo pedetista.

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Greca: “Fruet acabou ou desmobilizou programas preventivos de doenças crônicas como diabetes e hipertensão.”

Errado!

O próprio candidato se contradiz, na entrevista, ao fazer menção a uma eleitora que é “[paciente] crônica” e tem que “ir lá [na unidade de saúde] pegar remédio para ser medicada.” Segundo o portal da prefeitura, “a atenção às pessoas com diabete melito consta como item prioritário do sistema de saúde curitibano desde os primeiros documentos (1979/80) que sistematizaram cuidados primários para a saúde do município. Outra página fala do protocolo de prevenção à hipertensão. Não se trata de novidades – ambos vêm de gestões passadas.

A Secretaria da Saúde informa que, em 2016, há 49.185 pacientes diabéticos em acompanhamento, e 119.893 hipertensos cadastrados no município. Entre janeiro e julho, eles passaram por 96.619 e 233.786 consultas médicas, respectivamente.

Obras

Fruet: “Foi a única capital que sediou a Copa que colocou todas as obras em dia.”

Errado!

O Terminal Santa Cândida estava incluído no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) da Copa do Mundo, segundo o governo federal e a própria prefeitura. Mas não ficou pronto a tempo. Ainda em fins de 2014, a prefeitura, em resposta a pedido de informações da Câmara Municipal, mudou de versão: “o nome PAC Copa era somente fictício em função do momento em que acontecia o evento”.

A obra está, ainda, em fase de conclusão – faltam 18%, informou a prefeitura nesta terça (20). A demora é atribuída a problemas com a construtora Empo, responsável pelo serviço.

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Mobilidade

Greca: “Vou rever a Área Calma, que acho que é um equívoco. [Por conta dela, o] Congestionamento se prolonga em ondas dali até por toda a Inácio Lustosa, Padre Agostinho, até a UP. Foi vontade de implantar modismo sem pensar no trânsito e no tráfego, sem que semáforos conversassem entre si.”

Calma lá!

A Área Calma foi implantada, segundo a prefeitura, para reduzir acidentes e mortes no trânsito causados por excesso de velocidade. Como é recente, ainda não dá pra saber se deu certo ou não. Em São Paulo, onde há bastante tempo o petista Fernando Haddad tomou medidas semelhantes, todos os candidatos de oposição prometem rever os limites de velocidade mais rigorosos. Mas os números apontam redução não apenas nas mortes como também nos congestionamentos.

Greca exagera ao atribuir congestionamentos em bairros como Bigorrilho e Mossunguê à Área Calma, sem apresentar qualquer dado para ligar uma coisa à outra. Mas está certo numa coisa: a prefeitura ainda não adequou os semáforos da Área Calma ao novo limite de velocidade.

Por fim: a Organização Mundial da Saúde recomenda velocidade máxima de 50 km/h em vias urbanas.

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Transporte coletivo

Fruet: “O sistema terá sobrevida com segunda geração do BRT e novos modelos e última geração do híbrido, que opera só em Curitiba. É a última geração de ônibus híbrido elétrico.”

Falta desatar um nó judicial

Desde 2013, as empresas que operam o sistema de transporte não precisam comprar ônibus para renovar a frota. Sob Fruet, a Urbs não conseguiu desatar o nó – afirmou ao Livre.jor, via Lei de Acesso à Informação, ter esgotado os recursos judiciais cabíveis, sem sucesso. Assim, quando o prefeito fala em novos ônibus, está prometendo algo que, por enquanto, não tem como cumprir – ainda que tenha dito, à CBN, ter “convicção de que vamos cumprir contrato e renovar frota a partir do ano que vem”.

A “última geração de ônibus híbrido elétrico” a que se refere Fruet é um veículo em teste em Curitiba, cedido para tal pelo fabricante. Pergunta: um ônibus do tipo (com piso baixo, ar condicionado e wi-fi, nenhum dos quais é item obrigatório nas normas da Urbs) cabe no complicado orçamento do transporte curitibano? Ou é um luxo fora do alcance da cidade?

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Greca: “Fruet desintegrou transporte, disse que isso baixaria a tarifa e não baixou.”

A história não é bem essa.

Não é possível culpar apenas o atual prefeito pela desintegração parcial do sistema. Ela se deve, também, ao fim do subsídio que foi pago pelo governo do Paraná à prefeitura durante 2012 – quando Luciano Ducci (PSB), aliado do governador Beto Richa (PSDB), era candidato à reeleição. Atualmente, ambos apoiam Greca.

Fruet, de fato, reduziu a tarifa do ônibus em 2013 – como vários outros prefeitos, pressionado pela onda de protestos de junho daquele ano. Mas nunca condicionou isso à desintegração do transporte. Na verdade, à época o pedetista pedia para que a Comec, ligada ao governo do estado, assumisse a responsabilidade pelas linhas metropolitanas, então administradas pela Urbs.

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