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O terminal do Campo Comprido | Henry Milleo/Gazeta do Povo
O terminal do Campo Comprido| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

Essenciais na integração do transporte coletivo de Curitiba, os terminais de ônibus aparecem pouco e de forma vaga nos planos de governo dos candidatos a prefeitura da cidade. Rafael Greca (PMN) promete revitalizar os espaços e integrar os terminais a novos modais, mesmo sem especificar quais. Já Ney Leprevost (PSD) promete tornar os terminais 100% acessíveis para pessoas com deficiência e implantar serviços, como o internet sem fio (wi-fi), nos espaços.

As propostas deixam de lado, de acordo com especialistas, o real propósito dos espaços, que é servir de suporte para o sistema de transporte da capital. Os dois candidatos à prefeitura falam em integração com novos modais, mas a iniciativa divide opiniões.

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“Um dos aspectos mais importantes nessa concepção geral é exatamente a integração do sistema como um todo. Essa integração seria mais eficiente e mais eficaz se a gente tivesse em todos os terminais uma integração multimodal”, opina o professor do programa de pós-graduação em gestão urbana da PUCPR Carlos Hardt. “No momento em que for implantado um novo modal de grande capacidade de transporte essa integração é fundamental”, completa.

Para Hardt, já é tardia a discussão sobre novos modais de transporte em Curitiba. “O novo prefeito necessariamente vai ter que imediatamente montar uma equipe para estudar um novo modal de alta capacidade, mesmo que não implante de imediato, porque talvez não tenha dinheiro para isso”, afirma.

O professor não arrisca a sugestão de um modal adequado, mas destaca duas características essenciais a serem levadas em consideração na definição. “Que ele seja de mais alta capacidade do que os atuais. E tem que ter as intercessões em desnível em relação ao sistema viário atual, ou subterrâneo ou aéreo. Ele pode ter trechos na superfície e trechos em desnível, mas ele tem que prever esse desnível”, analisa.

Integração, mas com planejamento

Já a professora do curso de engenharia civil do Unibrasil Adriana Tozzi vê com preocupação as propostas pouco específicas de integração. “Quando falamos em modais, me preocupa falar de integrar, de utilizar os mesmos centros integradores para os outros modais”, diz.

Para a professora, não adianta disponibilizar bicicletas em todos os terminais, se não há espaços na cidade onde os ciclistas possam circular com segurança, por exemplo. “Para integrar modais eu preciso ter um planejamento. Qual é o fim? Para que essa integração se destina? A pessoa vai chegar em um terminal no Centro e vai pegar uma bicicleta, mas ela vai ter onde andar com essa bicicleta, vai ter espaço?”, questiona Tozzi.

Oferta de serviços

A oferta de serviços nos terminais de Curitiba é comum. Nesse aspecto, há uma diferença entre os terminais espalhados pela cidade. No terminal do Boqueirão, por exemplo, há até loja de sapatos, enquanto em outros terminais há apenas a oferta de lanchonetes, como é o caso do Campo Comprido e do Cabral, por exemplo.

A oferta desse tipo de serviços, segundo especialistas, é secundária a função principal dos espaços. “Isso depende de cada um dos terminais, porque eles têm área limitada e a principal função deles não é o comércio, é servir de suporte para o embarque e desembarque e a integração de linhas”, explica Hardt.

A oferta de novos serviços, como internet sem fio (wi-fi), e novas opções de comércio devem ser analisadas de acordo com a necessidade da população, de acordo com os professores. “O que seria interessante é que como essas pessoas, que são a prioridade, passam a maior parte do tempo no ônibus, seria interessante então que os terminais tivessem comida, oferecessem lanches, lojas, tivessem uma estrutura melhor porque essa pessoa não pode ficar indo para outros lugares”, explica Tozzi.

“Não é essencial, mas é um benefício adicional”, diz Hardt. “Você poderia fazer uma enquete junto aos usuários para que eles definissem quais são os serviços e o comércio que mais interessariam”, sugere o professor.

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