O ex-prefeito Rafael Greca (PMN) foi entrevistado nesta quinta-feira (25) pela rádio BandNews FM. Em 20 minutos, ele falou sobre o canoísta Isaquias Queiroz, a Nau Capitânia, mortes no trânsito, saúde, Guarda Municipal e petistas na prefeitura.
O Livre.jor confrontou as respostas de Greca com os fatos, para a Gazeta do Povo.
Mortes no trânsito
“Não vejo como exitosa a política de vias calmas e a área calma. Diz a prefeitura que o número de acidentes diminuiu [por conta delas]. Ela esquece de dizer que caiu por causa da Lei Seca.”
Não é bem assim.
Em balanço realizado em abril de 2016 pela prefeitura de Curitiba, verifica-se que houve aumento, e não queda, na proporção de acidentes com vítimas na cidade causados pelo consumo de álcool em 2015, ante o ano anterior – eles foram 32% e 31%, respectivamente.
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Leia a matéria completaEm números absolutos, foram 52 em 2015, e 49 em 2014. A aparente contradição se explica justamente pela queda nas vítimas fatais por excesso de velocidade – 36 em 2015, contra 50 em 2014.
Em reportagem, a Gazeta do Povo informou: “a redução no limite de velocidade no anel central, a chamada Área Calma já estaria apresentando os primeiros resultados. A comparação entre os meses de outubro, novembro e dezembro de 2014 e 2015 apontou que foram seis mortes na região no ano anterior contra um óbito depois que o projeto foi implantado. A prefeitura, contudo, reconhece que ainda é cedo para atribuir à redução nos casos de mortes à diminuição de velocidade e que vários fatores interferem nas estatísticas.”
Saúde
“As Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) não correspondem à qualidade do serviço que sonhamos quando criamos os centros de saúde 24h na minha gestão.”
Não são da gestão Greca, mas anteriores.
As duas primeiras UPAs de Curitiba, no Boqueirão e Sítio Cercado, foram inauguradas em 1992, segundo documento enviado pela prefeitura via Lei de Acesso à Informação. Jaime Lerner (sem partido, então no PDT) era prefeito. Consultada, a Secretaria da Saúde informou que ambas sempre atenderam ininterruptamente.
Guarda Municipal
“Vamos ter de chamar os piás que passaram [no concurso da Guarda Municipal] já no primeiro momento. Até porque 400 ou 500 guardas vão se aposentar no ano que vem.”
São bem menos, candidato.
Rafael Greca errou nos números de guardas que terão direito à aposentadoria em 2017. São apenas 17, informa a Secretaria de Recursos Humanos, e não “400 ou 500”. Até o fim de 2016, 98 servidores ganharão o direito de se aposentarem. Mas mesmo a soma fica muito abaixo do número apresentado pelo candidato do PMN. E, vale lembrar, nem todo servidor com direito à aposentadoria irá pedi-la, necessariamente.
Os “piás” estão em processo de convocação, segundo informou, via Lei de Acesso à Informação, a prefeitura. O processo estava, no início de agosto, na quinta fase, de investigação de conduta dos aprovados. Em seguida serão realizadas as provas de aptidão e avaliação psicológica, exames toxicológicos e, por fim, formação técnica e capacitação na Academia da Guarda Municipal de Curitiba.
Cabe a ressalva: mesmo com a contratação dos 400 novos guardas, Gustavo Fruet não irá cumprir a promessa de dobrar o efetivo da Guarda Municipal. Em documento enviado ao Livre.jor via Lei de Acesso à Informação, a prefeitura informa que a Guarda Municipal fechará 2016 com efetivo de 1.377 servidores – ou seja, menos que os 1.537 que havia em janeiro de 2013.
Isaquias Queiroz
“O rapaz com três ouros olímpicos, Isaquias, foi aluno do Navegar é Preciso, que foi meu projeto de ministro [do Esporte].”
Errado.
O perfil de Isaquias Queiroz no site de seu patrocinador informa que ele entrou para a canoagem de velocidade por meio do programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte, em 2005, aos 11 anos, em Ubaitaba (BA). Greca deixou o comando da pasta em 2000. Ele também se confundiu sobre as conquistas do baiano, que ganhou duas medalhas de prata e uma de bronze nos jogos do Rio.
A Nau Capitânia
“Inventaram que [quando ministro do Esporte e Turismo] afundei uma caravela, pagaram capas de jornal, só a Rede Globo não entrou nisso, Roberto e Lily Marinho eram meus amigos, ali não fui difamado.”
Errado, novamente.
Em reportagem, a Gazeta do Povo relata que a Nau Capitânia, construída sob coordenação do Ministério do Esporte e Turismo para celebrar os 500 anos de descobrimento do Brasil, teve problemas técnicos que fizeram com que tivesse que ser retirada das comemorações. No dia 5 de maio de 2000, menos de 15 dias depois das celebrações, Greca deixou o Ministério do Turismo. A embarcação custou R$ 3,8 milhões (cerca de R$ 11 milhões em valores atuais, corrigidos pelo IPCA).
À época, o fato foi destaque, inclusive, em O Globo, jornal dirigido por Roberto Marinho.
Aparelhamento petista
“Meu partido é Curitiba. Comporemos governo técnico, de preferência com funcionários de carreira, meus colegas, hoje sufocados pelo comissariado do PT que ainda se esconde na prefeitura.”
Falta clareza.
Rafael Greca já deixou claro que usará o apoio do PT à eleição de Gustavo Fruet (PDT), em 2012, para desgastar o adversário. Mas falta clareza na acusação.
O PT rompeu formalmente com a administração Fruet em 2015. Naquele momento, pediu para que seus filiados entregassem os cargos – à exceção, claro, da vice-prefeita Mirian Gonçalves, que tem mandato – ou saíssem do partido.
Contudo, ainda há 17 filiados ao PT ocupando cargos em comissão na prefeitura, mostra levantamento realizado no último dia 16. O Livre.jor cruzou a lista de filiados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em Curitiba com a de funcionários comissionados publicada no site de Dados Abertos da prefeitura. É aos 17 que Greca se refere como “comissariado”?
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