João Carlos Baracho liderou uma greve de médicos contra os planos de saúde, em 2013.| Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Parana

Primeiro nome anunciado pelo prefeito eleito Rafael Greca (PMN) para o secretariado, o médico João Carlos Gonçalves Baracho voltará em 2017 ao cargo que ocupou na primeira gestão do político, entre 1993 e 1996: secretário da Saúde.

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Mas isso não quer dizer que Baracho tenha andado longe do Palácio 29 de Março. Ele teve cargo de indicação política durante a gestão de Adriano Massuda na Saúde. Durante dois meses, em 2013, foi Superintendente de Gestão em Atenção à Saúde. Também ocupou outros cargos de confiança na pasta, entre 2013 e 14.

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Massuda, por ironia, é filiado ao PT. E era a nomes como ele que Rafael Greca se referia, durante a campanha, quando falava em “acabar com o comissariado petista” na prefeitura.

Baracho é médico, com especialização em Geriatria e Gerontologia obtida na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) entre 1991 e 92, segundo seu currículo na plataforma Lattes, que não é atualizado desde 2006.

Médico concursado do município, recebeu, segundo o portal da transparência, salário bruto de R$ 10.156,90 em setembro passado. Profissional conceituado, também atende em consultório próprio – uma consulta particular com ele custa R$ 450.

Como o chefe, também arriscou uma carreira de escritor. Ele é autor de livros como “Paixão não tem idade”, “Eu só queria ser feliz” e “Antes que seja tarde”, que tratam da busca da felicidade na velhice.

Descrito por um auxiliar como “um desiludido com a esquerda”, Baracho cumpria o segundo mandato na presidência da Associação Médica do Paraná (AMP) quando se licenciou para trabalhar na campanha de Greca.

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Na AMP, que administrava desde 2011, causou polêmica ao vender um clube de campo que era usado pelos associados, para, com o dinheiro, comprar um prédio vizinho à sede da entidade, na Vila Izabel, para oferecer escritórios subsidiados às sociedades de especialidades médicas.

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Liderou uma greve de médicos contra os planos de saúde, em 2013. E foi voz contundente contra a vinda de médicos estrangeiros – notadamente cubanos – para o Brasil, trazidos pelo programa Mais Médicos. “O governo lança mão de tratamento superficial para não resolver questões estruturantes que comprometem o atendimento médico no país”, criticava, em 2013.

Duro na defesa dos interesses da classe, é visto por funcionários da AMP como um chefe solidário e generoso. É comum vê-lo visitando empregados internados em hospitais.

Lealdade a Greca e processo por improbidade

Descrito por um colega de administração pública como “homem de confiança” de Rafael Greca, Baracho não atuou apenas como auxiliar do ex (e futuro) prefeito na Saúde. Quando Roberto Requião (PMDB) colocou o então aliado político Greca no comando da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), Baracho foi nomeado diretor administrativo-financeiro.

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Deixou o cargo em 2008; no ano seguinte, Greca seria investigado por gastos com banquetes em restaurantes caros de Curitiba e excesso de cargos comissionados com altos salários na Cohapar.

A primeira passagem pela secretaria municipal da Saúde rendeu a Baracho, em 2003, um processo por improbidade administrativa movido pelo Ministério Público do Paraná. Ele e Greca foram denunciados por suspeitas de irregularidades na construção do Hospital do Bairro Novo – faltou, segundo os promotores, documentação que justificasse a dispensa de licitação para a obra.

Os dois foram condenados em primeira instância, em 2005, e absolvidos sete anos depois, no Tribunal de Justiça do Paraná. Mas o caso não está concluído – o Ministério Público informou nesta segunda-feira (31) que recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) ainda em 2012. Desde então, aguarda uma sentença sobre o caso.

A reportagem procurou João Carlos Baracho para que comentasse a indicação à Secretaria da Saúde e o processo, mas ele não atendeu aos telefonemas nem retornou aos recados deixados em seu telefone celular.

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