Candidato a prefeito de Curitiba pelo PMN, Rafael Greca costurou e conseguiu fechar o apoio de PSDB, DEM e PSB. Já o atual chefe do Executivo, Gustavo Fruet (PDT) fechou aliança com o PRB, ligado à Igreja Universal, depois de conquistar o apoio do PV. E o deputado estadual Requião Filho (PMDB) convidou o vereador Jorge Bernardi (Rede) para compor uma chapa.
De tempos em tempos, a política brasileira tem requintes surreais, principalmente nos pleitos municipais, vide a aliança Paulo Maluf-Lula para a vitória de Fernando Haddad (PT) em 2010.
As eleições 2016 são novas experimentações disso, em Curitiba e em outras capitais.
O caso mais emblemático de negociações na capital paranaense envolve Rafael Greca, que já foi prefeito de Curitiba, de 1993 a 1997. Ele foi escolhido pelo próprio Jaime Lerner para sucedê-lo, e foi eleito pelo PDT (atual partido de Fruet). No entanto, em 2003 o ex-prefeito migrou para o PMDB e permaneceu no partido até o ano passado.
Durante os dois mandatos de Roberto Requião (PMDB) como governador do Paraná, Greca chegou a ser presidente da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar). Hoje, Requião apoia o filho, também do PMDB, contra o ex-aliado político.
O deputado estadual Requião Filho convidou o vereador Jorge Bernardi (Rede) para ser vice-prefeito da sua chapa. No entanto, Bernardi já foi suplente do senador Osmar Dias, rival de Requião na disputa estadual de 2006. Eles chegaram a trocar acusações pesadas à época. O peemedebista acusou Dias de ter uma fazenda suspeita no Tocantins. O pedetista retrucou, após a derrota, que poderia ter havido manipulação no resultado. Ambos também foram secretários de Alvaro Dias (PV), senador da República.
Em 2002, Bernardi foi eleito segundo suplente na chapa de Osmar Dias para o Senado. Ele também já foi presidente da Câmara Municipal de Curitiba.
A relação Rede-PMDB também é conflituosa em dois outros aspectos. Bernardi, até antes do convite à vice, vinha se apresentando como pré-candidato a prefeito. Os outros dois pré-candidatos pelo partido, não convidados para a chapa, chiaram, conforme o blog Caixa Zero, de Rogério Galindo, antecipou na semana passada. Eduardo Reiner, um dos fundadores do partido de Marina Silva no Paraná, foi quem menos gostou da ideia. Ele se via como candidato. Outra acusação é de que o partido recém-criado, vendido como “uma nova forma de fazer política”, já estaria entrando nas “velhas práticas” que diz condenar.
No plano federal, a Rede também esteve por trás do pedido de cassação do mandato de Eduardo Cunha (PMDB), ex-presidente da Câmara pelo partido de Requião e Requião Filho, apesar de compor outra ala, mais próxima ao comando nacional do partido, de Romero Jucá e Michel Temer. O pedido foi endossado por Alessandro Molon (Rede), líder do partido na Casa, que foi um dos articuladores do pedido junto do PSOL. Ao cabo, o pedido foi endossado por 50 parlamentares.
Fruet x PRB
Já o atual prefeito, Gustavo Fruet (PDT), flertou uma aliança com o governador Beto Richa (PSDB), que acabou não se consolidando. Como a coligação criada por Rafael Greca (PMN) terá o maior tempo de televisão, Fruet costurou o apoio do PRB, partido ligado à Igreja Universal, o que lhe dará apoio de uma bancada de 83 deputados federais e alçou o seu bloco ao segundo lugar em exposição de propaganda.
As ideias de Fruet, de centro-esquerda, no entanto, parecem não casar com o perfil conservador adotado pelos parlamentares e partidários do PRB.
Mudanças na aliança nacional?
Já em São Paulo, a composição da chapa Marta Suplicy (PMDB) e Andrea Matarazzo (PSD) à prefeitura chama atenção no cenário nacional, como alternativa à polarização PT-PSDB. A estratégia visa as eleições de 2018.
Esse acordo foi costurado por José Serra (PSDB), ministro das Relações Exteriores e virtual pré-candidato à Presidência – talvez pelo PMDB –, o presidente em exercício Michel Temer (PMDB) e Gilberto Kassab (PSD), presidente do partido e ministro das Comunicações.
Essa aliança tenta contrapor a candidatura do próprio PSDB na cidade, focalizada na figura do empresário João Doria Jr., e do atual prefeito, Fernando Haddad (PT). A articulação de PMDB e PSD também pode favorecer a candidatura de Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), ao governo do estado.
Em Florianópolis, PSD e PMDB também podem se aliar em torno da candidatura do atual prefeito, Cesar Souza (PSD), à reeleição. O PP, de Ângela Amim, também pode embarcar nessa coligação.
Em Porto Alegre, as articulações políticas também prometem reuniões diferentes das adotadas em Curitiba. O candidato do PMDB, Sebastião Melo, vice-prefeito da cidade, já recebeu o apoio de PSB, PSD, PPS, PRB, PHS, PEN, PRTB, PSDC, PTN e PMN, maior composição da cidade. Em Curitiba, o PMN, de Greca, e o PMDB, de Requião Filho, são adversários.
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