Transformar o Brasil numa democracia plena no prazo de 25 anos é a proposta, tão ambiciosa quanto inspiradora, do Instituto Atuação, uma organização não-governamental apartidária que desenvolve pesquisa e estratégia nas áreas de participação política, transparência pública e cultura democrática. Para atingir esse propósito, a instituição criou o programa “Cidade Modelo”, cujo objetivo é fazer de Curitiba uma referência e um laboratório de experiências democráticas nos próximos cinco anos. E depois, com o conhecimento adquirido, estimular a replicação das melhores práticas em outras cidades do país.
Evento
A 2.ª Semana da Democracia traz nesta semana especialistas nacionais e internacionais para discutir o tema
Para aprofundar as discussões sobre a cultura democrática, o Instituto Atuação realiza na quinta-feira (15) um evento gratuito com renomados especialistas nacionais e internacionais. Entre outros, estarão presentes o Professor Michael Coppedge, da Universidade de Notre Dame e líder do projeto internacional Varieties of Democracy, Márlon Reis, advogado eleitoral e um dos idealizadores da Lei da Ficha Limpa e Deltan Dallagnol, procurador do Ministério Público Federal, um dos líderes do projeto de iniciativa popular das 10 medidas contra a corrupção.
Na sexta-feira (16), a instituição promove, em parceria com a Gazeta do Povo, um debate com os candidatos a prefeito de Curitiba. A ideia é discutir democracia local, com base nos indicadores do programa Cidade Modelo. O evento vai acontecer no Radisson Hotel, com a presença de convidados e parceiros. Quem tiver interesse em participar do debate, pode entrar em contato com o Instituto pelo telefone (41) 3206-8582 ou pelo e-mail jamil@atuacao.org.br.
Mais informações sobre o evento podem ser encontradas no site do instituto.
O plano começou a ser posto em prática em 2014, quando o instituto passou a realizar um extenso trabalho de pesquisa sobre o significado do conceito de democracia, o papel que ela desempenha e seus benefícios.
Segundo o presidente do Atuação, Pedro Veiga, os estudos têm demonstrado que a transformação de impacto cultural é possível trabalhando em grupos pequenos, que começam a se capilarizar e depois ganham escala.
“A gente percebeu uma tendência internacional de se trabalhar a política no ambiente local, onde a representação é mais próxima”, explica Pedro Veiga.
A partir de fundamentos sólidos, diz ele, torna-se possível estimular a cultura democrática e depois expandi-la para outros lugares. “Usamos a metáfora do bambu chinês, que fica cinco anos debaixo da terra, se enraizando para só depois começar a brotar. Daí rapidamente cresce e se torna uma das árvores mais resilientes e de fácil propagação”.
Consciente do tamanho do desafio que decidiu realizar, o instituto contratou no ano passado uma consultoria da Unidade de Inteligência da The Economist para construir um indicador de democracia local.
“Gostamos muito da experiência de fazer o projeto piloto mas achamos que ainda não era suficiente. Então criamos um comitê de experts para aperfeiçoar o indicador, com especialistas de Hong Kong, Itália, México, Suécia, Inglaterra, Estados Unidos, Chile e Brasil”, explica Pedro Veiga.
Segundo ele, o indicador deve estar pronto neste mês. Vencida essa etapa, até abril do próximo ano deverá ser feita a medição do índice de democracia local em Curitiba.
“Com as mensurações realizadas, poderemos preparar, com o auxílio de especialistas nas áreas de segurança pública, transparência, participação e cultura política, um planejamento estratégico para fortalecer a democracia na capital.”
Dada a quantidade dos projetos que deverão ser elaborados, o instituto não tem a pretensão de executar sozinho esse plano. “Alguns serão executados pelo Atuação. Outros por atores que já tem experiência nas respectivas áreas e ainda contaremos com o engajamento de grandes lideranças multi-setoriais da cidade.”
Segundo Veiga, a expectativa é que ao longo dos anos as iniciativas de impacto coletivo vão legitimar a sociedade organizada para pensar e transformar Curitiba no longo prazo.
Perfil
Atuação. O perfil da equipe é jovem – seus 12 integrantes têm média de idade de 26 anos – e multidiscipllinar.
O gestor de Relações Públicas, Jamil Assis, é engenheiro civil. Ele diz que, quando estava no mestrado conheceu o Atuação e ficou encantado com a proposta. “Tenho carinho por trabalhos que tenham causas e visões ousadas. Quando me apresentaram a ideia de que queriam construir uma democracia plena, isso me maravilhou”. Em resumo, largou o mestrado pelo Atuação.
Formada em administração, a captadora de recursos do Instituto, Alessandra Schimidt, afirma que entrou no Atuação para fazer o bem à sociedade. “Sei que é um clichê, mas acredito que é possível tonar o país um lugar melhor.” Alessandra considera o momento em que vive o país é favorável para que novos ciclos sejam iniciados. “A ideia é que o Cidade Modelo seja replicável, contribuindo para o ecossistema democrático de todo o Brasil”.
Fernando Belmonte Archetti, um dos pesquisadores da instituição diz que o interesse pelo tema e a complexidade do projeto foram os fatores que o atraíram para trabalhar no instituto. “Se você quer fazer a mudança de cultura, você precisa entender muito bem o fenômeno e compreender onde é preciso cutucar para fazer a cidade ir em direção à participação democrática.”
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