O preço da tarifa do transporte coletivo será um dos temas centrais durante a campanha para a prefeitura de Curitiba. Duas das principais forças dessa eleição, o atual prefeito Gustavo Fruet (PDT) e o ex-prefeito Rafael Greca (PMN), enfrentaram dificuldades para segurar o valor e repassaram aumento aos usuários.
Prefeito desde 2013, Fruet reajustou a tarifa a níveis superiores à inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) verificada desde o lançamento do Plano Real, em julho de 1994. A gestão do pedetista acumula reajustes de 42,31% na tarifa, ante inflação de 33,08% de janeiro de 2013 a junho de 2016, segundo o IBGE e o Dieese. Ainda assim, a inflação acumulada entre janeiro de 2005 e junho de 2016 é levemente superior aos reajustes do período – 95,92% e 94,74%, respectivamente.
GRÁFICOS: A evolução da tarifa do ônibus desde Rafael Greca
Candidatos a prefeito disputam “atestado de lernista” para alavancar campanhas
Leia a matéria completaGreca (prefeito pelo PDT e agora candidato pelo PMN) e o seu sucesso Cassio Taniguchi (DEM) foram ‘generosos’ nos reajustes tarifários – 192,31%, ante inflação de 84,63%, nos oito anos da gestão do democrata, e 62,50%, contra INPC acumulado em 53,80% nos anos de Greca após o Real, respectivamente Greca assumiu o cargo em janeiro de 1993.
Eleito prefeito de Curitiba em 2004, o atual governador Beto Richa (PSDB) rompeu a tendência de reajustes da tarifa do transporte coletivo acima da inflação. No primeiro quadriênio de Richa no governo municipal, o INPC acumulou variação de 15,45%, mas a tarifa não passou dos R$ 1,90 que ele herdou do antecessor Cassio Taniguchi (DEM). No período, os salários-base de motoristas e cobradores foram reajustados em 24,19% e 24,64%, respectivamente.
O levantamento usa como base as séries históricas de aumentos na tarifa desde o Real, disponível no site da Urbs, de aumentos salariais de motoristas e cobradores a inflação medida pelo IBGE.
No caso de Richa, nem mesmo o reajuste de 15,79% anunciado dez dias após a posse para o segundo mandato – é o segundo maior registrado desde o Real – foi suficiente para fazer frente ao INPC, que acumulou alta de 23,68% durante os cinco anos e três meses em que ele ocupou a cadeira de prefeito.
O descompasso criado pelo tucano dá uma pista para se entender a crise em que se enfiou o transporte de Curitiba e região nos últimos anos. Coincidência ou não, foi após a chegada de Richa ao Palácio Iguaçu que se iniciou a política de subsídios ao sistema, em 2012. À época, o prefeito era Luciano Ducci (PSB), que fora vice de Richa e assumiu com a renúncia dele para disputar o governo.
Ducci, aliás, é o outro único prefeito desde o Real a reajustar a tarifa abaixo do INPC – exatos 18,18%, ante inflação de 19,03%. A situação não muda se as administrações de Richa e Ducci forem vistas como uma só. Neste caso, houve aumento de 36,84% no preço da passagem, inferior aos 47,22% de inflação acumulada.
Impacto na tarifa vem da variação de custos
Por outro lado, a Urbs argumenta que a licitação da operação do transporte coletivo e os contratos firmados com as concessionárias em 2010 determinaram a fórmula a ser seguida, sendo que os reajustes não são feitos pelo INPC, mas sim pela variação dos custos de insumos e custos de pessoal.”
Salários de motoristas e cobradores superam INPC, mas ficam aquém de reajustes da tarifa
Os aumentos nos salários-base de motoristas e cobradores de ônibus de Curitiba acumulam altas de 700,73% e 655,98%, respectivamente, desde julho de 1994. São porcentuais significativamente maiores que a inflação do período – 456,44% do lançamento do Real a junho de 2016, segundo o INPC, medido pelo IBGE e o Dieese.
Ainda assim, estão abaixo do reajuste acumulado pela tarifa. Andar de ônibus em Curitiba custava R$ 0,40 em julho de 1994, marco zero do Plano Real. Os R$ 3,70 do preço atual significam um reajuste acumulado de 825%.
Apenas um dos prefeitos da cidade desde 1994 deu aumentos maiores aos empresários de ônibus do que estes a seus empregados: Cassio Taniguchi. Nos oito anos de gestão, o democrata reajustou a passagem em 192,31%. No período, motoristas e cobradores viram o número impresso em seus contracheques crescer em 68,45% e 58,49%, respectivamente. Porcentuais, aliás, inferiores à inflação de 84,63% acumulada entre 1997 e 2004.
Mesmo Rafael Greca e Gustavo Fruet, que decretaram aumentos tarifários maiores que a inflação, viram os ganhos de motoristas e cobradores maiores que a alta no preço da passagem. Sob Greca, os trabalhadores do sistema de transporte ganharam aumentos de 92,73%, ante alta tarifária de 62,50% e INPC 53,80% – os dados se referem apenas ao período de julho de 1994 a dezembro de 1996.
Com Fruet na prefeitura, os trabalhadores tiveram reajustes salariais acumulados em 46,51%, porcentual superior ao do aumento da tarifa e à inflação – 42,31% e 33,08%, respectivamente.
Vista como uma só, a administração de Beto Richa e Luciano Ducci é a que registra maior defasagem entre aumentos de salários e tarifa. Motoristas e cobradores tiveram aumentos de 68,35% e 68,93% entre 2005 e 2012. É quase duas vezes mais que a alta do preço da passagem, que acumulou 36,84%.
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