Ney Leprevost , pré-candidato à prefeitura pelo PSD, diz que Curitiba precisa encarar a realidade e repensar a prudência de se construir um metrô na cidade quando não há sequer dinheiro para resolver questões mais imediatas, como as da área de saúde.
TV GAZETA: Assista aos melhores momentos da entrevista com Ney Leprevost (PSD)
Segundo o deputado estadual, que foi o terceiro entrevistado na série de sabatinas realizadas pela Gazeta do Povo com pretendentes à prefeitura de Curitiba, ele só promete construir o metrô se já encontrar o obra em andamento. Leprevost criticou a gestão de Gustavo Fruet (PDT), que diz considerar um bom parlamentar, mas que estaria fazendo uma gestão “sem comando”. Veja os principais trechos da entrevista a seguir:
RÁDIO GAZETA: Ouça na íntegra a sabatina com Leprevost
No final de 2014 o governador mandou um pacote para a Assembleia Legislativa. E acabei votando contra a taxação dos aposentados. Aquilo desagradou muito o governador, houve um estremecimento, ele achava que eu tinha a obrigação de ter uma fidelidade absoluta, uma fidelidade canina. E aí o relacionamento acabou ficando cada vez pior. O estopim da crise com o governo do estado foi naquela manifestação com os professores. Na primeira manifestação quando os professores ocuparam a Assembleia eu já havia me posicionado a favor deles. E depois, quando houve o episódio de violência eu fiquei muito indignado. Qualquer pessoa que foi lá para fora da Assembleia, que entrou lá no meio daquela confusão que aconteceu percebeu que houve ali um ato de insanidade absoluta. Tinha alguns manifestantes incendiando? Tinha, mas não passava de 20 ou 30 pessoas que fomentavam a violência. A grande maioria das pessoas e a própria APP estavam ali para fazer uma manifestação pacífica e não para criar confusão.
Veja os principais trechos da entrevista com Ney Leprevost, pré-candidato a prefeito de Curitiba pelo PSD
Deputado estadual, Leprevost criticou a gestão de Gustavo Fruet e explicou o rompimento com o governador Beto Richa.
+ VÍDEOSA minha vontade de ser candidato a prefeito de Curitiba nesta eleição é muito grande. O momento pra mim é bom. Acredito que o prefeito Gustavo Fruet vive um momento de desgaste muito grande, há espaço para um candidato novo, para um candidato diferente. Vejo uma dificuldade muito grande que atrapalha um pouco até o desenvolvimento do processo democrático que é essa proibição de doações de empresas para campanhas eleitorais. Com o atual modelo de campanha, acaba ajudando quem está no poder, quem está com a máquina pública. Se depender só da minha vontade, serei candidato. Agora, é claro, tenho compreensão que nós teremos convenções partidárias. Eu disputarei a convenção do partido para ser candidato nem que chova canivete.
GALERIA: Veja imagens da entrevista com Ney Leprevost
Gostava muito do trabalho do Gustavo Fruet como parlamentar. Tanto que trabalhei de mangas arregaçadas para que ele fosse senador. Acabou tendo, pelas circunstâncias, que fazer uma aliança com o PT. Acho que essa aliança não deu certo, a administração dele ficou sem identidade. Tenho a impressão de que ele ficou com a administração sem comando. Ele foi segurar isso através da irmã, a Eleonora, que é uma economista séria. Foi segurar o dinheiro, mas nesta de segurar o dinheiro, deixou de fazer muita coisa necessária. Curitiba anda mal cuidada, as ruas esburacadas, praças com mato crescido.
Rápidas
Um lugar para passear?
Gosto muito de passear com meu filho de cinco anos na Rua XV, porque privilegia a cidade.
Um museu?
O Museu Oscar Niemeyer é o grande museu de Curitiba.
Um parque?
Gosto de todos. Mas quero mais parques, inclusive parques cobertos.
Uma praça?
Tenho muitas boas lembranças de infância da Praça Rui Barbosa.
Um ponto turístico?
O restaurante Madalosso.
Onde o senhor mora e o que falta lá?
Moro em Santa Felicidade. Falta policiamento.
Do que o senhor mais gosta em Curitiba?
Da gente de Curitiba. Uma cidade constituída por imigrantes, afrodescendentes, pessoas que vieram de diversos países, da Itália, da Polônia, da Alemanha, do Líbano, japoneses, essa mistura. No meu bairro tem muitos haitianos, muito gente boa.
Acredito que o prefeito não deve aumentar a tarifa em hipótese alguma. Em primeiro lugar, porque os trabalhadores não suportam mais esse aumento. A situação hoje das pessoas é muito difícil, o custo de vida aumentou. Por outro lado, os empresários também estão saturados, os que pagam vale transporte para muitos funcionários terão dificuldades. Como eu agiria se fosse prefeito? Chamaria os empresários de ônibus, os representantes dos trabalhadores, representantes dos usuários do sistema de transporte, chamaria a Urbs, o Ministério Público, o Tribunal de Contas e faria uma reunião franca, aberta, transparente. Diria, “olha, estou aqui dizendo de forma definitiva: não aumentarei a passagem. No entanto, estou disposto a estudar alternativas para que as empresas do transporte coletivo não quebrem”. Então vamos criar alternativas. Por exemplo, por que não permitir a publicidade em ônibus de Curitiba? Por que não permitir a criação de algumas linhas de ônibus, como existia antigamente, de seletivos? Um ônibus com ar condicionado, estofado, que um gerente de banco pegava, pagava um pouquinho mais, mas poderia pegar aquele ônibus. Se for o caso, a prefeitura tem que subsidiar um pouco também.
O orçamento de Curitiba hoje é grande, são R$ 7,7 bilhões. Só que o grande problema é que de pessoal e encargos são R$ 3,9 bilhões. Como resolver esse problema? Esse vai ser o grande desafio do próximo prefeito.
Ter um metrô é sempre bom. Mas vamos aos fatos reais. Nossa cidade tem hoje 25 mil pessoas só na fila para serem atendidas por um ortopedista. Se a cidade não está dando conta nem de atender a demanda dos seus cidadãos que estão doentes, será que esse é o momento para se comprometer com um gasto tão grande como certamente será o gasto para construção do metrô? Em segundo lugar, será que esse modelo de metrô subterrâneo é o melhor? Será que não é melhor o modelo proposto pelo Jaime Lerner de utilizar os trilhos que já existem na cidade? Isso vai ter que ser debatido durante a campanha eleitoral e posteriormente.
Se o prefeito Gustavo Fruet começar o metrô e eu for prefeito em 2017 é evidente que continuarei a obra do metrô. Deixando claro que o início foi uma decisão dele. O que não pode é o prefeito que entrar paralisar uma obra. Se ele não tiver começado a obra do metrô, aí eu vou ser bem sincero com você, eu não prometerei na minha campanha, aos curitibanos, que eu farei o metrô, porque eu não quero deixar o legado de uma obra inacabada pra cidade que eu amo.
Sim, sim. Faixa exclusiva e principalmente as canaletas. Mas você reparou já que as obras que a prefeitura mais fez foram de pinturas de faixas? Nós precisamos de algumas coisas mais incisivas, isso nas obras de infraestrutura, quero deixar bem claro.
Curitiba precisa urgente é de um hospital oncopediátrico. Existe um projeto lá no Erasto Gaertner para que esse hospital seja feito e, se eu tiver a oportunidade de ser prefeito de Curitiba, quero imediatamente colocar todos os esforços da prefeitura a serviço da construção desse hospital.
Aí é uma questão de prioridade. Você vai ter que cortar de algum lugar. Tem que diminuir secretarias, tem que cortar cargos em comissão, tem que cortar aluguel de carros, tem que cortar viagens de servidores da prefeitura e tem que jogar o dinheiro pra saúde. Agora não é só isso também. O prefeito bom é aquele capaz de liderar, de empolgar a sociedade, de construir aquilo que o escritor Morris West chamava de “pontes de benevolência”. Você pega dois setores que querem fazer algo bom mas não se encontraram ainda, que não se enxergam, que não se conversam e une esses setores. Eu acho que eu poderia unir o Conselho Regional de Medicina, a Associação Médica, os hospitais, as entidades com o município e começar a reduzir essa fila já imediatamente nos primeiros três meses de gestão através de um grande mutirão de solidariedade na área de saúde.
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