A estratégia de tentar ligar o candidato Rafael Greca (PMN) ao governador Beto Richa (PSDB), principal apoiador da campanha do ex-prefeito, foi frustrada até agora, mas será intensificada, sobretudo pela campanha do candidato a reeleição Gustavo Fruet (PDT). Já Greca deve seguir no que deu certo, tirando o pé do acelerador nos embates diretos. Essa análise foi feita por especialistas em política ouvidos pela reportagem da Gazeta do Povo.
“Até aqui a tentativa de todos os candidatos para mostrar as fragilidades de Greca foram infrutíferas. Não tiveram efeito. Uma das estratégias é mudar isso mostrando os atuais apoios e possíveis pontos negativos da gestão passada dele”, afirmou o cientista político da UFPR Emerson Cervi.
Segundo Cervi, se Richa estivesse participando da campanha de Greca, seria mais fácil para a situação colar a imagem dos dois. “Até aqui o Greca fez o que qualquer candidato racional faria. Conta com o apoio do PSDB e não coloca o governador na campanha. Isso tem o bônus de participação do tempo de TV e não tem o ônus que é a rejeição do governador”, comentou.
A pesquisa Ibope esquenta a reta final de campanha
Um novo elemento, no entanto, entrou na campanha e deve esquentar a reta final da corrida pela cadeira de prefeito. A segunda pesquisa Ibope/RPC*, divulgada nesta segunda-feira (19), apontou novamente Greca na liderança das intenções de voto na disputa pela prefeitura de Curitiba. De acordo com a pesquisa, Greca tem 45% e venceria no primeiro turno, com 52% dos votos válidos - conta que exclui os votos brancos e nulos.
Mesmo diante desta amostragem, a coordenação da campanha de Fruet, que não comenta pesquisa, assim como o prefeito, afirmou que seguirá no mesmo caminho, sem mudança drástica na programação. “Não mudou absolutamente nada. Independente de pesquisa está sendo feito o que foi planejado”, afirmou Gerson Guelmann, coordenador da campanha do prefeito.
Apesar disso, ele mencionou que as supostas contradições do candidato de oposição continuarão sendo enfatizadas durante nos próximos nove dias. “Mas, não é o nosso norte. O nosso norte realmente é mostrar as propostas do Gustavo nesta linha: o Gustavo fez e o Gustavo vai fazer. Percebemos também que como o Gustavo tomou a decisão de restringir as verbas publicitárias [durante sua gestão], foi uma necessidade que havia e pelo entendimento que não se pode gastar em demasia nesta área quando há outras carências”, explicou Guelmann.
De fato, parece que a informação sobre a gestão do prefeito na primeira perna da campanha surtiu um efeito, mas não suficiente. Segundo a pesquisa Ibope/RPC divulgada nesta segunda-feira, 40% dos entrevistados aprovam a gestão de Gustavo Fruet, enquanto 53% desaprovam. Na primeira**, divulgada no dia 23 de agosto, 31% afirmaram aprovar a gestão do candidato, enquanto 59% desaprovavam.
Ainda assim, na avaliação do cientista político da Uninter, Eduardo Soncini Miranda, alguns erros da campanha do prefeito podem ser apontados. Segundo ele, Fruet não conseguiu se adaptar ao período curto de campanha. “Ele está tendo dificuldade em disputar de igual para igual com o seu opositor”, disse. O prefeito não se licenciou para sair em campanha. De acordo com Miranda, outro fator a ser considerado é a presença tardia da primeira dama e presidente da FAS Márcia Fruet em tempo integral na campanha. Ela saiu de férias para se dedicar a corrida no último dia 12.
Fruet vai para rua
A coordenação de campanha do prefeito afirmou que deve intensificar a participação de Fruet em caminhadas com a militância. Já nesta terça-feira (20), Fruet caminhou com cerca de 400 pessoas no bairro Cajuru. Além disso, Guelmann contou que campanha intensificará os três pontos de referência: Fruet, Márcia e Salamuni, o candidato a vice. A ideia é penetrar de forma mais contundente nos bairros, levando informação sobre a gestão do prefeito.
Segundo Guelmann, jornais, pedidos de votos, e apoio também do secretariado do prefeito fora do horário de expediente. “O dia da Márcia tem 48 horas. Salamuni também cumpre uma agenda própria”, ressaltou.
Greca na boa
O resultado da pesquisa Ibope deixou o candidato Greca em uma posição confortável. Para o cientista político da UFPR, Bruno Bolognesi, o ex-prefeito agora deverá tirar um pouco o pé do acelerador nos embates diretos com o prefeito.
“Ele vai focar no que deu certo, colar a imagem de Curitiba urbanizada, bem quista. Não precisa mais desmontar tanto o Fruet. Acho que ele vai jogar mais no emocional do eleitor”, ressaltou.
Procurada pela reportagem, a coordenação da campanha de Greca informou por nota que o candidato “manterá a linha de campanha propositiva que vem fazendo até aqui”. De acordo com a campanha do ex-prefeito, as peças eleitorais devem ressaltar a retomada pela qualidade de vida na cidade, “com propostas factíveis”.
Ficha Técnica dos levantamentos
*A pesquisa foi contratada pela Sociedade Rádio Emissora Paranaense S.A e foi realizada entre os dias 15 e 18 de setembro com 805 eleitores. A margem de erro da pesquisa estimulada é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) sob o protocolo Nº PR-01610/2016.
**A pesquisa foi contratada pela Sociedade Rádio Emissora Paranaense S.A e foi realizada entre os dias 19 e 22 de agosto com 602 eleitores. A margem de erro da pesquisa estimulada é de 4 pontos percentuais para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) sob o protocolo Nº PR-04300/2016.
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