O descrédito em torno da classe política nacional se refletiu fortemente nas eleições de Curitiba. Os ‘não votos’ – que incluem brancos, nulos e abstenções – iriam para o segundo turno contra Rafael Greca (PMN) em dois de cada três bairros da capital. E até aqui, as estratégias de campanha do próprio Greca e de Ney Leprevost (PSD) mostram que eles não veem muitas chances de conquistar esse eleitor.
Veja no mapa: o “não voto” por bairro de Curitiba
Em 45 dos 68 bairros de Curitiba em que há votação, os ‘não votos’ superaram sete candidatos e ficaram atrás apenas de Greca. O maior porcentual de brancos, nulos e abstenções no primeiro turno ocorreu no Parolin, com quase 34% do total de eleitores aptos a votar. Na sequência, aparecem Centro e Ganchinho, com 32%, e Prado Velho, Campo de Santana, Alto Boqueirão, Tatuquara, Pinheirinho e Atuba, na casa dos 30%.
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Leia a matéria completaPara Doacir Quadros, professor de Ciência Política do Grupo Uninter, esse era um fenômeno esperado desde as manifestações de rua de junho de 2013. “De forma ainda mais perceptível do que na eleição de 2014, o eleitor mostra que está desconfiado com o comportamento dos políticos e dos partidos”, avalia. “É também um recado claro de rejeição por parte do eleitorado, apontando que não identificou uma opção nas alternativas dadas a ele entre os candidatos.”
“O momento político do país, com denúncias em série, faz com que as pessoas não votem. E, além dessa má vontade do eleitor com a classe política, pesa também o fato de a multa [por não comparecimento] ser muito baixa”, analisa Murilo Hidalgo, diretor do Instituto Paraná Pesquisas. “E é claro que nenhum dos candidatos empolgou.”
Segundo turno
Ambos os especialistas acreditam que o eleitor adepto do ‘não voto’ deve manter a postura no segundo turno. Para Doacir Quadros, Greca e Leprevost tendem a focar a campanha em conquistar o eleitorado dos seis candidatos que ficaram pelo caminho, sobretudo os do atual prefeito, Gustavo Fruet (PDT). “Quem optou pelo branco ou nulo já manifestou não ter encontrado um nome para votar e, portanto, deve manter esse comportamento.”
Murilo Hidalgo tem a mesma opinião. Ele avalia, porém, que parte desses eleitores pode se decidir pelo voto útil baseado na rejeição. “Quem não gosta do Greca pode optar pelo Leprevost e vice-versa. O menos rejeitado vai se beneficiar”, projeta. “Fora isso, é muito difícil haver alteração nesses votos, até porque as propostas colocadas até aqui são as mesmas do primeiro turno.”