No Paraná, na contramão da maioria dos partidos políticos que registraram queda no número de prefeitos eleitos entre 2012 e 2016, o Partido Social Cristão (PSC) explodiu no estado. Em 2012, o PSC conseguiu eleger 13 prefeitos em cidades do Paraná; agora, em 2016, levou 41 filiados para comandos de administrações locais. Foi o maior crescimento no estado, entre todas as siglas.
Pertencente nacionalmente ao grupo situado na fronteira entre siglas “médias” e “nanicas”, o PSC passou a ser o terceiro maior partido do Paraná, levando em consideração a quantidade de filiados no comando de administrações locais. Só perde para o PMDB e o PSDB, que agora têm, respectivamente, 77 e 66 prefeituras.
Ratinho Jr. é trunfo de Leprevost para tentar “virar” eleição em Curitiba
Leia a matéria completaO desempenho regional chegou a turbinar o PSC na esfera nacional: com as 41 cadeiras no Executivo conquistadas no Paraná, o PSC fez um total de 87 prefeitos em todo país, quatro a mais na comparação com o pleito anterior. Na prática, isso significa que “quase a metade do PSC” no Brasil está no Paraná; e que o crescimento da legenda foi “localizado”.
Embora o “clã Bolsonaro” tenha se saído bem no Rio de Janeiro – o filho do deputado federal Jair Bolsonaro, figura expoente dentro do PSC, foi o candidato a vereador com o maior número de votos –, nenhum outro estado brasileiro repetiu o desempenho paranaense da legenda na corrida majoritária.
A explicação estaria no nome do deputado estadual licenciado Ratinho Júnior, ex-presidente estadual do PSC, hoje no PSD, e atual secretário de Desenvolvimento Urbano no governo do Paraná, do tucano Beto Richa.
“Ele claramente está de olho nas eleições de 2018 e vem ao longo dos anos fazendo alianças. Desta vez, ele ainda amarrou o PSC ao PSD”, destaca o cientista político Luiz Domingos Costa, do Grupo Uninter, em referência à possível candidatura de Ratinho Júnior ao governo do Paraná.
Ele provavelmente enfrentará o “clã dos Barros” na disputa de 2018, daí sua preocupação em aumentar seu grupo político, lembra Costa. Embora o ministro da Saúde Ricardo Barros tenha o comando do Partido Progressista (PP), a família também exerce influência em outras siglas “nanicas”, como o novato Pros.
“É o jeito clássico de se fazer política no Brasil. Os partidos políticos viram pessoas que estabelecem relações de confiança, na base do clientelismo”, resume o cientista político. O PP saiu das eleições deste ano com 24 prefeituras no Paraná, contra 29 do PSD.
Questionado sobre sua “união” com o PSD, Ratinho Júnior justifica à reportagem que “há um projeto de Estado”. “Eu brinco que é como se fosse uma casa geminada no mesmo terreno. Trabalhamos em bloco”, responde ele. No espectro ideológico, contudo, Ratinho Júnior admite: “O PSC é mais de direita e o PSD é um partido mais de Centro”.
Na esfera nacional, o PSC ficou conhecido através de figuras conservadoras, ligadas à Igreja Evangélica, como o deputado federal Marco Feliciano (SP). Apesar disso, o cientista político do Grupo Uninter lembra que, no Paraná, Ratinho Júnior não aparece diretamente ligado a uma frente religiosa. “É claro que ele faz parte deste grupo, mas ele não prega a cartilha evangélica, digamos assim. Ele tem uma atuação mais neutra”, explica Costa.
Em quatro eleições, PSC saltou de uma para 41 prefeituras
Quando Ratinho Júnior entrou no PSC, há 9 anos, a sigla comandava uma única prefeitura no Paraná, em Conselheiro Mayrinck. Três eleições depois disso, o PSC passa a administrar 41 cidades. Entre as prefeituras conquistadas no último domingo, estão Cascavel, São José dos Pinhais e Palotina. Em Curitiba, onde ainda haverá segundo turno, Ratinho Júnior faz campanha eleitoral para o candidato do PSD, Ney Leprevost, que disputa com Rafael Greca (PMN).
“O Ratinho Júnior começou trazendo emendas, como deputado, e hoje está na Sedu, que é uma pasta com um bom volume de recursos para manejar. Ele vai criando alianças com os prefeitos nas cidades e isso com certeza o fortalece para 2018”, afirma Luiz Domingos Costa, cientista político do Grupo Uninter.
À reportagem, questionado sobre se a atuação na Sedu o ajudou durante a campanha eleitoral, Ratinho Júnior disse que “obviamente vai criando laços”, mas reforça que isso seria fruto de um trabalho: “A Sedu levou mais de 3 mil ações para os municípios”.
No último pleito que disputou, em 2014, Ratinho Júnior foi eleito deputado estadual com 300.928 votos. Foi o maior número de votos já obtidos por um eleito em toda a história da Casa. A título de comparação, Christiane Yared (PR-PR), a mais votada para a Câmara Federal entre os integrantes da bancada do Paraná, fez quase 100 mil votos a menos (200.144).
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