Das três maiores siglas brasileiras, PMDB, PT e PSDB, o Partido dos Trabalhadores foi quem registrou o pior desempenho nas eleições de domingo (2), levando em consideração o número de prefeitos eleitos em todo o Brasil. Após 13 anos no comando do país, o PT sentiu o desgaste com a Operação Lava Jato e o impeachment da presidente Dilma Rousseff e encolheu de forma significativa.
Em números: veja o desempenho do PT no Brasil e no Paraná
Nas últimas eleições, de 2012, o PT havia conquistado 644 prefeituras de municípios brasileiros; nas eleições realizadas agora, a sigla não conseguiu eleger nem metade disso. Filiados do PT na cabeça da chapa ganharam em 256 cidades. No melhor cenário, o partido ainda pode atingir 263 municípios, levando em consideração que ainda haverá segundo turno, no próximo dia 30. Número semelhante foi obtido, por exemplo, pelo Democratas (DEM), que tem porte médio. No Paraná, o tamanho da queda foi ainda maior: se em 2012 o PT havia conquistado 43 prefeituras no estado, no último domingo foram apenas 10.
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Leia a matéria completaAs vitórias no Paraná foram registradas somente em cidades pequenas: Ariranha do Ivaí, Diamante do Norte, Nova Laranjeiras, Paiçandu, Paraíso do Norte, Paranapoema, Pinhão, Planalto, Realeza e São João do Triunfo. Legenda de porte médio, o DEM, por exemplo, ficou com 20 prefeituras no Paraná.
E o número no Paraná não será alterado após a realização do segundo turno das eleições. Entre as três cidades do Paraná que ainda não definiram o próximo administrador – Curitiba, Ponta Grossa e Maringá –, não há petistas na cabeça de chapa.
Na capital paranaense, o candidato do PT, deputado estadual Tadeu Veneri, ficou em sexto lugar, com 4,28% dos votos válidos. O desempenho do PT contrasta com o pleito de 2012, quando a aliança com o PDT de Gustavo Fruet saiu vitoriosa. Em Maringá, o candidato do PT, Humberto Henrique, também ficou de fora do segundo turno. Ele conseguiu 7,18% dos votos válidos, ficando em quarto lugar na disputa.
Já em Ponta Grossa, o PT não lançou candidato próprio, mas optou por apoiar o deputado federal Aliel Machado, que ainda está na corrida pelo Executivo, contra o atual administrador da cidade, o ex-deputado estadual Marcelo Rangel (PPS). Em 2014, Aliel Machado chegou a Brasília pelo PCdoB, mas hoje está na Rede Sustentabilidade. O vice da chapa é do PTN, Elizeu Chociai. No domingo, Rangel saiu na frente, com 47,68% dos votos válidos. Aliel Machado fez 28,15%.
“Acho que o desempenho é reflexo de um conjunto de coisas. Havia esse estigma contra o PT, de culpa pela degradação moral no país, mas também tem a crise econômica. De todo modo, o resultado certamente revela uma rejeição ao partido. O número de prefeituras obtidas no domingo é semelhante ao PT da década de 90”, afirma Antônio Augusto de Queiroz, analista político do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).
Editorial: Estrelas cadentes
Leia a matéria completaPMDB e PSDB
Em 2012, o PMDB conseguiu 1.017 prefeituras em todo país; no domingo ficou com 1.029 e pode chegar a 1.043, ao final do segundo turno. Já o PSDB saiu do pleito de 2012 com 701 prefeituras em todo Brasil; ficou com 793 nas eleições de domingo, podendo chegar a 812 no próximo dia 30.
Entre as três grandes siglas, contudo, o PMDB também sofreu derrotas significativas: na corrida pela prefeitura de São Paulo, o partido do presidente da República, Michel Temer, não conseguiu emplacar a senadora Marta Suplicy; no Rio de Janeiro, o PMDB tinha a máquina nas mãos, com Eduardo Paes, mas saiu derrotado com Pedro Paulo, que ficou em terceiro lugar.
Além disso, no Rio de Janeiro, os dois candidatos que seguiram para o segundo turno, Marcelo Crivella (PRB) e Marcelo Freixo (PSol), falaram abertamente que não desejam o apoio do PMDB nesta segunda fase da campanha. “O PSDB se saiu melhor em número de votos. Conquistou cidades importantes”, aponta o analista político do Diap.
PT estadual ameniza o impacto das urnas
Um dia após o primeiro turno das eleições, lideranças do PT amenizaram o desempenho da sigla e destacaram o número expressivo de abstenções e votos brancos e nulos registrados, sugerindo que há uma aversão geral aos políticos, independente da cor partidária. Apesar disso, eles também voltaram a avaliar que há uma “criminalização” do PT, que seria feita a partir das “investigações seletivas” da Operação Lava Jato e “com apoio da grande imprensa”.
Em nota, o presidente do PT no Paraná, deputado federal Enio Verri, afirmou que o momento é de “resistência e confiança no futuro”. “Nós resistimos e continuaremos resistindo. Vamos seguir nos organizando, formando lideranças de base e conscientizando a população para chegar em 2018 em condições de retomar a direção do país”, disse ele.
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