| Foto: Pedro Serapio/Gazeta do Povo

Derrotado nas quatro últimas eleições de que participou e apenas quarto colocado na disputa de 2012 para prefeito de Curitiba, Rafael Greca lançou sua primeira cartada para o pleito de 2016 um ano atrás. Sem espaço no PMDB, que já apostava todas as fichas em Requião Filho, saiu do partido e filiou-se ao ultrananico PMN. A maior vantagem da nova filiação, como o próprio candidato admitiu, era poder falar apenas de Curitiba na campanha, passando longe de ter de dar explicações sobre escândalos que assolam praticamente todas as grandes siglas.

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A decisão, porém, tinha um ônus pesado a ser solucionado. Pelo PMN, Greca sequer seria chamado para participar dos debates ao longo da campanha. Além disso, numa disputa de tiro curto e praticamente desapercebida nas ruas, precisava de tempo de televisão no horário eleitoral. De cara, fechou aliança com o PSB, do ex-prefeito Luciano Ducci, a quem fez pesadas críticas no pleito de 2012.

Mas o acordo mais questionável seria selado a poucos dias do prazo final de registro da chapa. Com as bênçãos do governador Beto Richa, Greca fechou uma aliança com o PSDB, a quem ofereceu a vice, na figura de Eduardo Pimentel – um dos braços direitos de Richa na Casa Civil do governo do estado. Logo vieram à tona antigas postagens nas redes sociais em que o candidato do PMN, à época no PMDB e aliado fiel do senador Roberto Requião, atacava duramente o governador.

Sobre a polêmica aliança, justificou que buscava uma “gestão harmônica” com o Executivo estadual, ao contrário do que ocorreu na administração de Gustavo Fruet (PDT), e garantiu ter ouvido de Richa que ele era a melhor opção para a prefeitura da capital.

Daí também extraiu uma das frases mais recorrentes da campanha no primeiro turno: de que o seu partido é Curitiba. Aproveitando-se do momento do país, em que toda a classe política está em descrédito e a crise econômica é gravíssima, Greca usou o mote de que quer ser prefeito por amor à cidade, para resgatar a Curitiba da época em que já ocupou o cargo (1993-1996). Sob o slogan “Volta, Greca” e “Volta, Curitiba”, resgatou na campanha seus feitos enquanto comandou o Palácio 29 de Março, tentando convencer o eleitor de que, naquele tempo, a cidade funcionava, ao contrário da “ineficiência” que marca a gestão Fruet.

O discurso parece ter surtido efeito. Há menos de duas semanas do primeiro turno, o Ibope* deu a Greca 45% dos votos, o que já garantiria a ele a volta à prefeitura. No entanto, um deslize inesperado para um político de quase 35 anos de carreira reacendeu a disputa. Em uma sabatina na PUCPR, ao comentar as ações na área de assistência social, o candidato do PMN disse que vomitou ao transportar um pobre em seu carro quando era jovem.

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A desastrosa declaração levou eleitores a abandonarem a candidatura de Greca e, surpreendentemente, migrarem para Ney Leprevost (PSD). Agora, diante dessa disputa inesperada, Greca terá de refazer seu discurso – até então focado em derrubar Fruet −, para conseguir voltar a ser prefeito de Curitiba depois de 20 anos.

*A pesquisa foi contratada pela Sociedade Rádio Emissora Paranaense S.A e foi realizada entre os dias 15 e 18 de setembro com 805 eleitores. A margem de erro da pesquisa estimulada é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) sob o protocolo Nº PR-01610/2016.