Alvo de ataques de Ney Leprevost (PSD) nos últimos dias, o governador Beto Richa (PSDB) decidiu quebrar o silêncio e chamou o deputado estadual de demagogo e oportunista.
Ele revelou que, em troca do possível apoio do PSDB nesta eleição, Leprevost se comprometeu a pedir desculpas a ele publicamente pela postura adotada na Batalha do Centro Cívico, quando se colocou contra o governo.
E ainda cobrou um posicionamento de Eduardo Sciarra, presidente estadual do PSD, e de Ratinho Jr., secretário do Desenvolvimento Urbano, em relação ao discurso do parlamentar. “Se houve rompimento [do PSD conosco], que tenham a dignidade de me avisar”, disse em entrevista à Gazeta do Povo.
Neste segundo turno, Leprevost passou a desferir diversos ataques contra Richa, que formalmente apoia o candidato Rafael Greca (PMN), apesar de vir mantendo distância da campanha. Além de sistematicamente mencionar ou usar imagens do confronto do dia 29 de abril no horário eleitoral, o deputado tem acusado comissionados do governo do estado de serem responsáveis por postagens contra ele na internet.
Já nesta segunda-feira (24), em entrevista à RPC, ao comentar o assassinato de um estudante numa escola ocupada em Curitiba, disse que Richa tem falhado na segurança pública. Também afirmou que “quem é homem cumpre promessa”, em relação à suspensão do pagamento da data-base aos servidores estaduais.
Visivelmente irritado, o governador declarou que Leprevost agiu por conveniência ao se colocar ao lado dos professores na votação da reforma da Paranaprevidência, que terminou com 213 feridos.
Disse ainda que, ao tentar negociar o apoio do PSDB à candidatura dele em Curitiba, teria prometido vir a público afirmar que se excedeu na ocasião e pedir desculpas a ele. “Se eu estivesse apoiando a candidatura dele, eu seria esse monstro que ele pinta todo dia na campanha?”, questionou o tucano.
Munido de fotos no celular, Richa afirmou terem sido apreendidos 300 mil exemplares de um jornal apócrifo no qual ele aparece em imagens ao lado de Luiz Abi e do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha.
“Isso a mando do candidato Ney Leprevost, que diz que prega o tempo todo uma campanha limpa e propositiva, mas na prática não é o que ele faz. Eu estou fora da campanha. Era desnecessário me atacar, baixar a esse nível”, lamentou. “Vou processar os responsáveis por esse jornal. Não aceito e não mereço esse tipo de comportamento.”
Rompimento com o PSD?
Diante do comportamento de Ney Leprevost neste segundo turno, o governador Beto Richa prometeu colocar contra a parede os dois principais expoentes do PSD, que faz parte da aliança do tucano à frente do Palácio Iguaçu. Enquanto Eduardo Sciarra foi chefe da Casa Civil até março deste ano, Ratinho Jr. comanda a pasta do Desenvolvimento Urbano. Dizendo que lamenta essa postura vinda de um partido aliado, Richa afirmou que isso revela desespero de quem “está sentindo que vai perder a eleição”.
“Estou ligando para o presidente do partido, que até esses dias era meu chefe da Casa Civil, perguntar se houve algum rompimento que não fui avisado. Porque não posso aceitar de um partido aliado ataques sórdidos e rasteiros como a campanha do Ney tem feito contra mim”, criticou Richa. “Não posso aceitar que meus aliados, secretários de estado como o Ratinho e o Sciarra, permitam uma campanha difamatória como a que o Ney tem feito em relação a mim.”
Questionado se poderia romper com o PSD, Richa evitou fazer prognósticos: “Não posso antecipar antes de conversar com as lideranças do partido, saber se houve rompimento (...) que tenham a dignidade de me avisar”.
Procurado pela reportagem, Sciarra ficou de retornar a ligação. Ratinho não foi encontrado para comentar o assunto.
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