O apoio do governador Beto Richa (PSDB) e do DEM à candidatura de Rafael Greca (PMN), fechado nesta terça-feira (26), deixou mais claro o cenário pela disputa da prefeitura de Curitiba. Com o acordo celebrado, Greca terá o maior tempo de tevê entre os candidatos (veja abaixo) e reúne quase na totalidade o grupo que governava a capital até as eleições de 2012. O apoio foi confirmado por fontes de vários partidos, embora Richa ainda negue que já tenha se decidido.
Após ser derrotado na disputa pelo apoio do Palácio Iguaçu, o grupo de Fruet imediatamente passou a adotar o discurso da “coerência”. Além de ressaltar que Greca passou a representar a volta do grupo de Lerner e Richa à prefeitura, aliados do prefeito dizem que a coligação formada por Fruet terá uma posição de “centro-esquerda”, embora esteja disputando o apoio do PRB, partido ligado à Igreja Universal do Reino de Deus.
Com o embarque de Richa, o grupo de Greca inclui três ex-prefeitos da capital: o próprio Greca, escolhido por Jaime Lerner para sucedê-lo em 1992, quando os dois ainda estavam no antigo PFL; Beto Richa, que começou a carreira no Executivo como vice de Cassio Taniguchi, também no grupo de Lerner; e Luciano Ducci, do PSB, que herdou a prefeitura quando Richa renunciou ao segundo mandato para ser governador.
Apesar de estar em um partido minúsculo (o PMN tem apenas três deputados federais), Greca conseguiu apoio de quatro outras legendas e, com isso, deverá ter mais de dois minutos de tempo de tevê no horário eleitoral gratuito. Além disso, contará com a máquina do governo do estado e com os apoios que Richa traz consigo – mesmo em um momento de baixa popularidade.
Até esta segunda-feira (25), Richa ainda parecia indeciso entre apoiar Greca ou ir com o prefeito Gustavo Fruet (PDT), antigo companheiro tucano que deixou o partido para se tornar prefeito em 2012. O próprio Fruet ensaiou uma reaproximação, mas foi novamente preterido por Richa. O acordo com Greca foi selado num café da manhã na casa de João Alfredo Costa filho – que ficou conhecido ao disputar a presidência do Clube Atlético Paranaense neste ano.
À tarde, em entrevista em Paranaguá durante o lançamento da campanha de vacinação contra a dengue, Richa disse que a decisão ainda não foi tomada. “Não foi escolhido ainda. Tivemos reunião [com o Greca], como tivemos com a Maria Victoria, Gustavo Fruet, e muitas reuniões paralelas com cada um dos partidos”, desconversou. No entanto, pessoas que estiveram com o governador na reunião pela manhã confirmam que o acordo foi selado.
Convenções vão até o dia 5
Os partidos têm até o próximo dia 5 para fazer suas convenções e escolher suas alianças. Com a decisão desta terça-feira (26), a maioria dos candidatos agora passa a se dedicar a selecionar seus vices. Greca parece estar entre José Antônio Andreguetto (PSB) e Eduardo Pimentel (PSDB), um aliado de Richa. Fruet ainda não se decidiu. E Requião Filho já convidou Jorge Bernardi (Rede).
Greca e Fruet terão maiores tempos de tevê
Com o acordo desta terça, Rafael Greca (PMN) deve ser o candidato a prefeito de Curitiba com maior tempo de tevê, considerado pelos candidatos como uma ferramenta fundamental na curta campanha deste ano. Os partidos que apoiam Greca somam 116 deputados federais - este é o critério da legislação para definir o tempo de cada candidato.
Greca deve ocupar, assim, pouco mais de dois minutos dos dez disponíveis em cada horário. Gustavo Fruet (PDT) ainda tenta a segunda colocação, mas para isso precisará fechar um acordo com o PRB, o que lhe garantiria um grupo com 83 deputados federais.
O PMDB de Requião Filho até o momento parece ter uma coligação de 81 deputados. Em seguida, Maria Victoria (PP), filha do ministro da Saúde, Ricardo Barros e da vice-governadora Cida Borghetti, tem uma base de 74 deputados. Ney Leprevost, com apoio de PSD, PSC e PEN, soma 51 deputados.
O único partido que não tem coligações e que mesmo assim deve ter um tempo de tevê relevante é o PT, que com 68 deputados federais elegeu a maior bancada da Câmara em 2014. O partido tem o deputado estadual Tadeu Veneri como candidato.
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