As novas leis eleitorais estão fazendo os candidatos mudarem de planos, principalmente pela dificuldade de arrecadar dinheiro. E o primeiro corte anunciado é nas gigantescas estruturas de marketing que costumam consumir grande parte do dinheiro de campanha.
Entre os principais candidatos à prefeitura de Curitiba, pelo menos quatro dizem que nem mesmo terão a figura de um “marqueteiro” responsável pela gestão de sua imagem.
A mudança é significativa. Em 2012, última eleição para prefeito antes da mudança das regras, a campanha mais cara de Curitiba, do então prefeito Luciano Ducci (PSB), gastou R$ 1,5 milhão com a empresa de marketing Voto Certo e mais R$ 300 mil com sua produtora, a Constelação Filmes. Ducci acabou fora do segundo turno. Quem levou a eleição, o atual prefeito Gustavo Fruet (PDT), registrou gastos de R$ 600 mil com a produtora (Capim Limão) e R$ 350 mil com o marqueteiro Oliveiro Marques.
O próprio Fruet, neste ano, não deve usar uma equipe de marketing externa. Quem responderá pelas estratégias da campanha deverão ser os funcionários comissionados que ele empregou na comunicação da prefeitura nos últimos anos. Exonerados, eles cuidarão da imagem do candidato – e, se forem bem sucedidos, poderão voltar ao cargo público para o segundo mandato.
O ex-prefeito Rafael Greca (PMN) diz que também não contará com ajuda externa. “O marqueteiro sou eu mesmo. A cidade precisa é de um bom prefeito, e não de alguém que saiba ler textos no teleprompter diante de uma câmera”, afirma. Segundo ele, a campanha contará apenas com “o indispensável” na área de comunicação: equipe de redes sociais, jornalistas e produtora. “Claro que não vou ser meu próprio cameraman, vamos contratar, mas pouca gente”, diz.
No PMDB, o deputado estadual Requião Filho tem discurso parecido. “Preciso de alguém que faça a parte técnica. Mas não quero ninguém que diga o que eu preciso falar, que me oriente segundo a opinião de grupos focais, de pesquisas de opinião”, disse. “No PT, o também deputado Tadeu Veneri diz que a campanha será a mais barata possível. “Em vez de ter um marqueteiro, criamos um grupo interno que pensa as nossas ações”, diz ele.
Preço no alto
Os candidatos que pretendem contratar marqueteiros dizem que os profissionais da área ainda não se adaptaram “à nova realidade” da política nacional e continuam cobrando os mesmos valores de antes. “Vendo os preços que eles pretendem cobrar fiquei perplexo”, diz o articulador de uma das campanhas de Curitiba. “Há gente querendo até R$ 3 milhões para fazer o marketing e a produção dos programas de tevê”, afirma.
Lei nova impõe vários limites
A legislação eleitoral vigente para este ano é bem diferente da que os partidos conheciam. E isso trouxe não só novas restrições como temores: ninguém sabe ainda como os tribunais vão interpretar os novos limites, e por isso os candidatos estão preferindo sempre ser o mais cautelosos possível em suas decisões.
A principal limitação nova é a que proíbe doações para a campanha da parte de empresas. Somente pessoas físicas poderão dar dinheiro para os candidatos. Isso por si só já reduziria os valores que os partidos teriam para a disputa. Mas há pelo menos mais dois fatores. Um é a crise econômica. O outro é o novo limite de gastos.
Neste ano, ao contrário do que acontecia em eleições anteriores, os candidatos terão de respeitar um teto de gastos determinado pela própria lei. Antes, o valor máximo era estipulado pela própria campanha e só precisava ser registrado. Agora, um cálculo que leva em conta o gasto da campanha anterior prevê quanto poderá ser usado. Em Curitiba, o teto será pouco superior a R$ 7 milhões.
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