Numa entrevista que tratou, muito, de política partidária, o deputado estadual e candidato a prefeito de Curitiba, Tadeu Veneri (PT) soltou poucos dados à RIC TV, nesta segunda-feira (15). Assim mesmo, o Livre.jor checou alguns deles – sobre transporte coletivo e petistas em cargos na administração municipal – para a Gazeta do Povo.
Transporte coletivo 1
“Se o sistema de transporte público fosse perfeito, fosse bom como algumas pessoas falam, ele não teria perdido 8% a 9% de passageiros em 2015. É o sistema que mais perdeu no Brasil.”
O número está errado. A conclusão, também.
Os “8 a 9%” de passageiros transportados perdidos mencionados pelo petista é a queda percentual verificada pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU, entidade que reúne empresários do setor) numa análise que engloba nove capitais brasileiras, dentre elas Curitiba.
“Dados que usei são confiáveis”, diz Veneri
O candidato Tadeu Veneri procurou a reportagem para defender o levantamento da Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbano (NTU) que aponta queda de 8% no número de passageiros no transporte coletivo de Curitiba. Na checagem do dado, Livre.jor apontou que seria mais apropriado utilizar apuração da Urbs, que apontou 7,24% menos pessoas pegando ônibus na capital entre 2015 e 2014. Em sua defesa, Veneri diz que o número da NTU foi usado, hoje mesmo, pela Tribuna do Paraná. “Ainda que vocês considerem a pesquisa da Urbs mais completa e precisa, os outros dados também podem ser tidos como confiáveis”, postula.
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Segundo a Urbs, o sistema de Curitiba transportou um total de 474.273.939 passageiros em 2015, queda de 7,24% ante 2014, quando se registraram 511.306.686 usuários. Ainda que possa haver variáveis diferentes nos dados da Urbs e nos usados pela NTU, é razoável dizer que a queda registrada em Curitiba foi menor que a média das noves capitais.
A NTU aponta que a demanda mensal de passageiros caiu de 400 milhões em outubro de 2014 para 355 milhões no mesmo mês em 2015 – uma diferença de 3,2 milhões de passagens de ônibus por dia. A pesquisa, no entanto, não dá conta de indicar microdados das capitais. Com isso, o resultado pode ser influenciado por uma ou outra cidade.
No caso da Urbs, o que se tem é a somatória anual de passageiros, e não uma média mensal.
Por fim, há diferença de modais entre cidades, como por exemplo a inexistência do metrô em Curitiba, mas que em São Paulo, segundo matéria do jornal O Estado de S. Paulo, perdeu 300 mil passageiros entre janeiro e maio deste ano em comparação a 2015.
Transporte coletivo 2
“Nós temos terminais [de transporte] que são da década de 1980, de 1970 ainda.”
Quase certo.
Levando-se em conta as datas de inauguração, apenas o terminal Guadalupe, antiga estação rodoviária de Curitiba, é anterior à década de 1970. Inaugurado em 1958 pelo então prefeito Ney Braga, o Guadalupe deixou de ser rodoviária e começou a operar como terminal de transporte urbano em 1972 – atualmente, atende quase que só linha metropolitanas.
Dos restantes, dois foram inaugurados na década de 1970 (Boqueirão e Pinheirinho), 14 nos anos 1980 e seis nos 1990. Apenas três prefeitos são responsáveis pela inauguração dos 23 terminais de Curitiba – Jaime Lerner, que teve dois mandatos como prefeito biônico (indicado pela ditadura militar), entregou 19; Roberto Requião (PMDB), três; e Cassio Taniguchi (DEM), um.
Cabe lembrar que, ao longo do tempo, houve diversas reformas e obras de ampliação em quase todos eles.
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“Não tem parcela do PT na prefeitura. O que tem é a vice-prefeita, porque as pessoas que resolveram ficar na prefeitura, os secretários, secretárias, os vereadores, foram embora do partido. Pegaram a mala, deu a conta, passou a régua e foram embora.”
Não é bem assim.
É certo que, com o rompimento do PT com a administração de Gustavo Fruet (PDT), no ano passado, alguns secretários optaram pelo governo e se desfiliaram do partido, enquanto outros pediram exoneração da pasta. Com exceção da vice-prefeita, Mirian Gonçalves.
Contudo, a conta não pode deixar de fora ocupantes de cargos em comissão, na prefeitura, que são filiados ao partido. Um cruzamento feito nesta terça-feira (16) entre a lista de filiados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em Curitiba com a de funcionários comissionados publicada no site de Dados Abertos da prefeitura mostra 17 nomes de petistas. Ou seja – dez a menos do que o Livre.jor havia apurado em outubro de 2015.
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Leia a matéria completaA conta não considera os servidores concursados que tenham alguma função gratificada, ou seja, pessoas que pertencem ao quadro próprio da prefeitura e que ocupam algum cargo. Com isso, a lista poderia ser maior. Deve-se considerar também que a inferência se dá com critério na comparação nominal. Com isso, há possibilidade de homônimos.
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