Ao acompanhar uma viagem da linha Inter-Hospitais, a reportagem da Gazeta do Povo comprovou a baixa procura por ela. No percurso circular, que dura uma hora, apenas nove passageiros embarcaram no ônibus. Desses, somente três tinham como origem ou destino um estabelecimento de saúde.
Cinco pessoas usaram a linha para ir a outros locais, das quais duas subiram por engano, mas conseguiram ir a um local próximo de onde desejavam. Nos pontos de ônibus, muitas pediam informações ao motorista, mas não embarcavam pois ele não circula no anel central da cidade nem nas praças onde há concentração de transporte público – como a Rui Barbosa ou a Tiradentes.
Ícone de Leprevost, linha Inter-Hospitais perde 80% dos passageiros e dá prejuízo
Leia a matéria completaEm uma conversa no ônibus, alguém comenta que a linha atrairia mais usuários se passasse nas vias mais centrais – poderia, por exemplo, pegar pacientes do Hospital Santa Casa de Misericórdia, na Praça Rui Barbosa, o que não acontece hoje. O veículo passa pela rodoferroviá Rodoferroviária, Hospital Cajuru, das Nações, Unimed, Hospital das Clínicas, Evangélico, Militar e Pequeno Príncipe.
A revitalização da linha é uma das promessas do candidato à prefeitura de Curitiba Ney Leprevost (PSD). É Curitiba Ney Leprevost (PSD). É dele a proposta original que criou o Inter-Hospitais, em 1997. Na época, ele era vereador. Na reta final do primeiro turno, em 27 de setembro, ele propôs a criação do Inter-Hospitais 2, para atender pacientes do Erasto Gaertner e de outras clínicas e laboratórios que cuidam de doentes com câncer.
Há apenas um veículo em operação, do tipo micro-ônibus, amarelo, e só aceita pagamento com cartão-transporte. Uma passageira só conseguiu entrar com ajuda da reportagem, que passou o cartão e recebeu o dinheiro da tarifa, R$ 3,70.
“Eu tenho o cartão-transporte, mas estou sem crédito”, diz Romilda Gobbo Ferrão, 51 anos. Ela embarcou na Praça Ouvidor Pardinho e precisava ir ao Hospital Cajuru, pegar um prontuário médico de uma cirurgia que fez no pulso. “Soube que tinha essa linha e achei interessante, mas imaginava que era um ônibus grande, nem parei para pensar que precisaria do cartão”, conta.
Romilda mora há 12 anos em Portugal, mas desde maio está hospedada com a filha, por causa da fratura no pulso. “É uma linha muito interessante, acho que devia ter mais divulgação. Na minha opinião, se tem um transporte que leva até a porta de onde precisamos, temos que usar”, opina.
As outras usuárias também tecem vários elogios para a linha. Maria Aparecida Cordeiro, 69 anos, usa o Inter-Hospitais regularmente, para se consultar na unidade de saúde da Ouvidor Pardinho ou para participar de atividades recreativas. Junia Maciel, 74 anos, vai de casa ao Hospital Militar. As duas dizem que acompanham a tabela de horário, para não esperar no ponto à toa – a frequência é de hora em hora.
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