Os gastadores: é o nosso dinheiro que melohora a imagem deles.| Foto: Paulo Whitaker/Reuters

Ministra é preferida entre homens

Agência Estado

São Paulo - No momento em que as pesquisas mostram pela primeira vez uma mulher com chances de chegar à Presidência da República, o eleitorado feminino ainda pende majoritariamente para o adversário do sexo oposto.

Segundo o Ibope, ministra da Casa Civil e pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff tem 36% das preferências entre os homens e apenas 25% entre as mulheres. O tucano José Serra tem, respectivamente, 34% e 37%. Ou seja, Serra só apareceu na liderança da última pesquisa, com 35% das intenções de voto, graças ao eleitorado feminino.

Dilma é menos conhecida entre as mulheres do que entre os homens. Das mulheres entrevistadas pelo Ibope, 58% disseram não saber quem ela é, conhecê-la "pouco" ou "só de ouvir falar" da ministra. No contingente masculino, essa taxa foi de 51%.

A diretora executiva do Ibope, Márcia Cavallari, destaca o fato de que, nessa etapa da campanha, há mais mulheres indecisas que ho­­mens. "Normalmente as mulheres demoram mais a se interessar pelos candidatos", diz Márcia. "O mesmo acontece nos grupos de pessoas idosas e com baixo grau de instrução." As dificuldades de Dilma, porém, podem revelar maior senso crítico por parte das eleitoras. No público feminino, o governo Lula tem índices de aprovação abaixo de sua média geral.

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São Paulo - A mais recente pesquisa do Ibope sobre a sucessão presidencial revela que 12,5% dos eleitores brasileiros se apresentam com "duas caras" ao manifestar a intenção de voto. Essa parcela significativa do eleitorado, com poder suficiente para decidir a eleição, são os querem eleger a pessoa apoiada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas citam José Serra (PSDB) como seu candidato favorito. Ou são os que preferem alguém da oposição, mas se dizem inclinados a votar na petista Dilma Rousseff.

Essas declarações de voto paradoxais e incoerentes revelam um alto nível de desinformação e de desinteresse na eleição, segundo Márcia Cavallari, diretora executiva do Ibope.

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O levantamento do instituto, divulgado na última quarta-feira, mostra que a maioria absoluta dos eleitores (53%) quer votar no candidato apoiado por Lula. Mas apenas metade desse contingente aponta Dilma como sua candidata preferida, e um quarto – ou 12% do eleitorado total – cita Serra, ignorando o fato de que ele será o principal nome da oposição na disputa.

São quase 16 milhões de eleitores que, até a eleição, em outubro, terão de se posicionar de maneira coerente: ou abandonarão o barco governista ou votarão na candidata efetivamente apoiada pelo presidente, conforme sua intenção declarada.

Oposicionistas

No outro extremo, os eleitores que querem um candidato de oposição são apenas 10% do total. Nesse grupo, o nível de desinformação é bem menor: apenas 3% – cerca de 400 mil pessoas – afirmam votar em Dilma. E sete em cada dez apontam Serra como seu candidato preferido.

No geral, a pesquisa mostrou o tucano na liderança, com 35% das intenções de voto, e Dilma em segundo, com 30%. Os cruzamentos de dados mostram que a petista é, neste momento, a mais prejudicada pela desinformação dos eleitores, e a que mais tem a ganhar à medida que sua associação com Lula ficar clara para a totalidade da população, afirma Márcia Cavallari.

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"A eleição não está na ordem do dia para grande parte dos brasileiros", diz a diretora do Ibope. "Isso tende a mudar após a Copa do Mundo e, principalmente, com o início do horário eleitoral gratuito [em agosto]." Em pesquisa feita pelo instituto em fevereiro, 47% disseram acompanhar as eleições com "pouco interesse" ou "nenhum interesse".

A maior evidência do nível de desinformação é a pesquisa espontânea, na qual os entrevistados manifestam sua preferência de cabeça, antes de consultar o cartão que traz a lista de candidatos. No início de março, apenas um terço do eleitorado foi capaz de citar um presidenciável que, de fato, está no páreo em 2010. Nada menos que 42% não souberam responder à pergunta sobre seu candidato preferido. E 20% optaram por Lula, que não pode concorrer a um terceiro mandato.

Continuísmo

Bem informados ou não sobre a sucessão, os eleitores não vacilam ao manifestar o que esperam do futuro. Na pesquisa de fevereiro, o Ibope perguntou aos entrevistados se o próximo presidente deve promover muitas ou poucas mudanças no governo. A manifestação por "total continuidade" em relação ao governo atual ficou em primeiro lugar, com 34% das respostas. Outros 29% pediram "poucas mudanças e continuidade para muita coisa". Os que optaram por "muitas mudanças" ou "mudança total no governo" chegaram a 35% dos entrevistados.

Entre os nordestinos, 77% se manifestaram por "total" ou "muita" continuidade. O Nordeste, onde o governo Lula tem seus maiores índices de aprovação, é a única região em que Dilma lidera a corrida presidencial.

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A última pesquisa Ibope ouviu 2002 eleitores entre os dias 6 e 10 de março de 2010. O levantamento, encomendado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral sob o protocolo 5.429/2010.