Eliseu Padilha, ministro da Aviação Civil.| Foto: UESLEI MARCELINO/REUTERS

Um dia depois de, junto ao vice-presidente Michel Temer, também anunciar que vai se afastar da articulação política do governo, o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, anunciou na Câmara que a área econômica do governo liberou os R$ 500 milhões em emendas aos deputados que haviam sido negociadas, mas retidas pelo Ministério da Fazenda.

CARREGANDO :)

Padilha, que esteve na Câmara na tarde desta terça-feira (25) para comunicar a liberação das emendas com líderes da base aliada, relatou ter passado a noite em conversas telefônicas com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy – que estava em Nova York –, para fechar os termos da liberação.

A retenção dos R$ 500 milhões por parte de Levy foi um dos estopins da saída de Temer e Padilha do núcleo de articulação do governo. Ambos estavam sofrendo cobranças por parte dos parlamentares da base por não estarem cumprindo os acordos negociados durante a votação do ajuste fiscal.

Publicidade

Mas, Padilha negou que tenha vencido Levy na disputa. Disse apenas que conseguiu superar um problema de falta de sincronia entre os tempos da política e da burocracia.

“Não tem ganhador, nem perdedor. Ganhou o governo como um todo e principalmente os parlamentares, que tinham essa ânsia. Levy desde o começou foi parceiro, ele apenas estava com dificuldade de onde buscar. O pessoal dele e o meu trabalhou à noite e encontraram a fórmula, foi trabalho conjunto”, disse.

O ministro explicou que Joaquim Levy “sabia que ia ter que liberar” o dinheiro das emendas, mas queria esperar que o Congresso aprovasse o PLN 4, que abre um crédito de R$ 4,6 bilhões para possibilitar o pagamento dos restos a pagar de anos anteriores.

“A questão é que nós temos tempos diferentes. Houve dessintonia entre os tempos da política e da burocracia. Eu vivi aqui dentro (na Câmara) 20 anos e sei o que representa de decepção/voto contra o parlamentar que não está atendido. Levy queria atender o parlamentar no tempo que ele aprovasse o PLN 4. O tempo dele é de quem tem que apresentar resultado primário no final do ano. Ele pode trabalhar até o fim do ano, eu tenho que trabalhar até o fim do dia. Não estávamos sincronizados. Agora, nós sincronizamos e liberamos”, explicou Padilha.

Padilha afirmou que, dos R$ 500 milhões negociados, R$ 300 já forma pagos. Segundo o ministro, na virada deste mês haverá nova liberação e, no momento em que o Congresso aprovar o PLN 4, “estará tudo liberado”.

Publicidade

Apesar de ter comunicado ontem à presidente Dilma Rousseff que deixa a articulação política, Padilha firmou que deve fazer turnos na função até o final de setembro, quando deverá ser concluída a reforma administrativa anunciada ontem pela presidente. Padilha disse que poderá ajudar o governo na redução de ministérios, inclusive entregando seu cargo na SAC.

“Eu sou um quadro do PMDB cumprindo missão. Vou ajudar, inclusive cedendo meu cargo para a reforma, se for o caso. Não vejo dificuldades de ver a secretaria ser integrada em algum ministério. Até o final de setembro vou ficar um turno na SAC e outro na SRI. Vou ajudar a liquidar as questões de cargos e emendas restantes. Agora é só arbitragem para resolver os cerca de 10% de cargos que não foram totalmente liquidados. Depois, a articulação vai cair naturalmente para as lideranças do governo na Câmara e no Senado”, afirmou.

Veja também
  • Para Aécio, PT ‘se rende ao óbvio’ ao anunciar corte de ministérios
  • Após deixar ‘varejo’ da articulação, Temer nega embaraço com Dilma
  • Planejamento avisa que corte de dez ministérios terá impacto baixo