Uma troca de mensagens obtida pelo jornal O Estado de S. Paulo revela o ex-ministro da Aviação Civil e um dos principais aliados do vice-presidente Michel Temer, Eliseu Padilha, em intensa articulação pela saída do PMDB do governo após a convenção da legenda agendada para o próximo dia 12. O evento deverá selar a recondução de Temer ao comando do partido por mais dois anos. Ele ocupa o posto desde 2001.
A troca das mensagens ocorreu no último fim de semana no grupo do aplicativo do WhatsApp intitulado “espaço das filiais”. Ele é composto por integrantes do PMDB de várias regiões do País e da Fundação Ulysses Guimarães, órgão de estudos do partido. “A meu ver, a Convenção Nacional do PMDB que vai ocorrer no próximo dia 12, pode e deve iniciar o debate sobre quando vamos oficializar a decisão pela candidatura própria à Presidência da República e por consequência quando vamos entregar todos os cargos no governo. Para mim, o tema é simples e da mais absoluta lógica política e ética. Não me passa na cabeça que queiramos iludir aos peemedebistas e/ou ao governo, dizendo uma e fazendo outra coisa. Confirmada a candidatura própria à Presidência da República, imediatamente o partido deverá entregar todos cargos no governo”, defende o ex-ministro, responsável pela formação política do PMDB.
A discussão sobre uma possível debandada do governo teve origem após o secretário-geral do PMDB de Conceição da Barra (ES), Carlos Quartezani, questionar no grupo sobre uma possível recusa do partido a assumir a vaga deixada na Secretaria de Aviação Civil.
“Concorda com minha opinião a respeito de o partido aceitar normalmente a indicação para uma pasta, tendo em vista que ganhamos as eleições junto com a presidente. Não indicar, seria como romper e o rompimento é uma decisão que passa pelo crivo da Convenção do Partido... Certo? Ou não?!”, questiona Quartezani. Eliseu Padilha deixou o comando da Aviação Civil em dezembro passado.
Desde então, a cadeira é ocupada interinamente pelo ministro Guilherme Ramalho. A não indicação do novo ministro da Aviação Civil, cargo considerado como da cota de Michel Temer, faz parte da estratégia do grupo do peemedebista em se manter distante do governo. O esfriamento na relação do vice com Dilma teve início no fim do ano passado, ocasião em que o processo de impeachment dava sinais de avançar na Câmara.
‘Coerência’
Na troca de mensagens com integrantes do PMDB, Eliseu Padilha diz que a debandada do governo deve ocorrer o mais distante de 2018 possível para o partido manter “seu crédito político”. “Ora, como vamos ter candidato próprio à Presidência da República e o PT não vai nos apoiar, certamente, por uma questão de lógica, mas também de coerência política, o PMDB, em momento que preserve seu crédito político ante a sociedade, em tempo o mais distante possível das eleições, deverá entregar todos os cargos, deixando o governo”, diz.
Na sua avaliação, “ninguém vai votar em candidato do PMDB à Presidência, com o PMDB no governo.” Ele deixa claro ainda que os interesses do partido devem estar acima dos interesses individuais de quem ainda tem cargos no governo.
“Sabemos o quanto é importante para alguns companheiros a manutenção de cargos no governo. Mas, também sabemos que os interesses da coletividade partidária, do partido, estão acima dos interesses individuais. Então, decidida a candidatura própria à Presidência da República, automaticamente também foi decidida a saída do governo. A entrega dos cargos pelo PMDB.” Procurado, Eliseu Padilha, por meio da assessoria, confirmou o teor das mensagens. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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