O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, não tem previsão de alta da cirurgia a que se submeteu no dia 27 de fevereiro, para retirada da próstata. Boletim divulgado na noite de quarta-feira (1º) pelo Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, diz que Padilha está “em recuperação, dentro da normalidade”. O boletim foi divulgado horas após o depoimento de Marcelo Odebrecht ao Tribunal Superior Eleitoral, em que o empreiteiro afirmou ter tratado de valores para doações de campanha para a chapa Dilma-temer diretamente com Padilha.
O retorno do ministro ao trabalho estava previsto para a próxima segunda-feira (6) mas sua licença será ampliada. O presidente Michel Temer aproveitará esse período para avaliar se a crise política envolvendo Padilha vai ou não arrefecer, mas a volta do ministro já é considerada incerta. A polêmica com Padilha começou com as declarações de José Yunes, amigo e ex-assessor de Temer, de que recebeu um pacote a pedido do ministro. A suspeita é de que o pacote seria de dinheiro para uso em campanha eleitoral do PMDB.
O depoimento de Marcelo Odebrecht só inflama mais a fogueira na qual Padilha está. O empreiteiro afirmou que se encontrou com presidente Michel Temer durante tratativas para a campanha eleitoral de 2014, mas negou ter acertado um valor para a doação diretamente com o peemedebista. Essa parte da negociação foi feita entre Padilha e o o executivo Cláudio Melo Filho. Ele admitiu que parte dos pagamentos pode ter sido feita via caixa 2.
Marcelo Odebrecht disse que não houve um pedido direto de valores para o PMDB pelo então vice-presidente da República. Segundo relatos, ele afirmou que o valor de R$ 10 milhões já estava acertado anteriormente e que o encontro foi apenas protocolar.
Encontro no Palácio do Jaburu teria selado acordo
Em anexo de delação premiada que vazou em dezembro, Melo Filho, que é ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, mencionou jantar no Palácio do Jaburu no qual, segundo ele, Temer teria pedido pessoalmente “auxílio financeiro” ao empreiteiro, que se comprometeu com R$ 10 milhões.
Ao depor nesta quarta em Curitiba, Marcelo Odebrecht disse que Temer não mencionou a doação de R$ 10 milhões. Ele confirmou que o jantar foi feito no momento em que o grupo de Temer negociava uma doação da Odebrecht para apoiar candidatos do partido.
O encontro no Jaburu serviria para selar o acordo de que R$ 6 milhões dos R$ 10 milhões ao grupo do PMDB de Temer seriam encaminhados para a campanha de Paulo Skaf para o governo de São Paulo, também em 2014.
De acordo com Marcelo Odebrecht, só após a saída do vice-presidente do local, ele conversou com Padilha e com Melo sobre o tema. Ainda de acordo com ele, parte dos R$ 6 milhões não chegou a ser paga.
Marcelo Odebrecht disse ainda à Justiça Eleitoral que a interlocução com o PMDB era dispersa. Os executivos da empresa tinham relação com os Estados, enquanto Melo atuava dentro do Senado, em contato com o atual presidente do partido, Romero Jucá (RR). Na Câmara, o contato era com Padilha – mas também foi mencionado o nome do deputado cassado Eduardo Cunha (RJ), que mantinha relação com o empresariado.
Valores declarados
Em nota na sexta-feira, dia 24, Temer afirmou que, “quando presidente do PMDB, pediu auxílio formal e oficial” à Odebrecht. “A Odebrecht doou R$ 11,3 milhões ao PMDB em 2014. Tudo declarado na prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral”, diz a nota.
Como a PF costurou diferentes tramas para indiciar Bolsonaro
Problemas para Alexandre de Moraes na operação contra Bolsonaro e militares; acompanhe o Sem Rodeios
Deputados da base governista pressionam Lira a arquivar anistia após indiciamento de Bolsonaro
Enquete: como o Brasil deve responder ao boicote de empresas francesas à carne do Mercosul?
Deixe sua opinião