Rio (AG e AE) O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que não serão as elites brasileiras que vão fazê-lo "baixar a cabeça". Lula, que participou da solenidade de posse do novo presidente da Petrobrás, Sérgio Gabrielli, afirmou para uma platéia de petroleiros na Refinaria de Duque de Caxias (Reduc), na Baixada Fluminense, que o país está numa rota de crescimento sustentado. "Neste país está para nascer alguém que venha querer discutir ética comigo. Eu digo sempre o seguinte: sou filho de pai e mãe analfabetos. Minha mãe não era capaz de fazer um "o" com um copo. E o único legado que eles deixaram, não apenas para mim, mas para toda a família, é que andar de cabeça erguida é a coisa mais importante que pode acontecer para um homem ou uma mulher. E eu conquistei o direito de andar de cabeça erguida neste país com muito sacrifício. E não vai ser a elite brasileira que vai me fazer baixar a cabeça", afirmou o presidente, que foi bastante aplaudido.
O presidente disse, ainda, estar consciente do que está acontecendo no país neste momento e garantiu que todas as denúncias serão investigadas. Mais cedo, ao discursar durante a inauguração do complexo tecnológico de medicamentos, da Fiocruz, em Jacarepaguá, zona oeste do Rio, Lula disse que o governo deve se preocupar em trabalhar, enquanto as investigações avançam.
CPIs
Lula fez também um balanço comparativo dos 30 meses de governo com a gestão de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso (PSDB). O presidente afirmou que "sempre" foi defensor de CPIs e avaliou que "se o Brasil está andando assim, é justo que haja um pouco de pressão política".
O presidente não comentou diretamente as denúncias contra o PT e disse que o país vive um paradoxo: de um lado, o "embate político", de outro, notícias importantes como, afirmou, a geração de 3,135 milhões de empregos com carteira assinada em 30 meses, uma média mensal de 104 mil empregos contra 8 mil de média mensal "nos oito anos que antecederam o nosso governo".
De Jacarepaguá, Lula seguiu de helicóptero para a Reduc. Na entrada da refinaria, cerca de 40 integrantes do Fórum Sindical dos Trabalhadores, movimento ligado ao PDT, protestaram contra "a corrupção no governo" e a política econômica.
Embora o presidente não tenha passado pelos manifestantes, houve um pequeno tumulto porque os trabalhadores aproximaram o carro de som da entrada principal da Reduc, prejudicando circulação de pessoas que chegavam para a solenidade. A Polícia Militar, no entanto, interveio e os manifestantes recuaram.
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