"Procuramos a escritura [do prédio da Assembleia] no cartório e não existe. Estamos suspeitando agora que o imóvel tenha sido registrado em nome do governo do estado." Reni Pereira (PSB), presidente da comissão responsável por fazer o balanço do patrimônio da Assembleia| Foto: Nani Gois/Alep

A comissão responsável por fazer um balanço patrimonial da Assembleia Legislativa chegou a dados que mostram o tamanho do descontrole na Casa. Embora os registros informem que o Legislativo paranaense tem 55 carros, foram encontrados apenas seis. Outros 48 teriam sido roubados ou furtados, mas a Assembleia não teria dado baixa no cadastro. E o 55.º carro continua sendo um mistério: ninguém sabe dizer onde está.

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O balanço foi confirmado ontem pelo deputado estadual Reni Pereira (PSB), encarregado de fazer o levantamento patrimonial. "Todos os furtos e roubos foram informados à polícia entre 1991 e 2003. No entanto, os carros continuavam aparecendo como se fossem parte do patrimônio do Legislativo", disse o deputado ontem.

Até o início dos anos 2000, a Assembleia mantinha uma frota de aproximadamente 150 carros. Cada deputado tinha dois veículos à sua disposição, além dos carros destinados à presidência e às secretarias. Em 2004, o então presidente do Legislativo, Hermas Brandão, anunciou que iria leiloar os automóveis para moralizar a Casa. Os carros tinham cerca de R$ 400 mil em multas não pagas.

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Segundo Reni Pereira, os registros sobre os furtos e sobre os automóveis encontrados são bastante imprecisos. Ele diz que, pelo que pôde ser apurado até o momento, os carros tinham seguro. Assim, imagina-se que a Assembleia tenha sido ressarcida pelo desaparecimento dos veículos.

O presidente da Assembleia, Valdir Rossoni (PSDB), pediu ontem a Reni Pereira que entregue na semana que vem um relatório parcial sobre a situação dos carros. "Preciso de informações consolidadas para saber se precisamos tomar alguma providência", disse. Rossoni, porém, preferiu não adiantar qualquer análise sobre possíveis irregularidades na gestão da frota.

Escritura

Reni Pereira diz que um dos problemas que ainda não foi resolvido é referente à escritura do imóvel do Legislativo, no Centro Cívico. "Procuramos no cartório e não existe. Estamos suspeitando agora que o imóvel tenha sido registrado em nome do governo do estado", afirma. Uma nova busca nos registros será feita para confirmar a hipótese. Até o momento, segundo a própria Assembleia, a única escritura localizada foi do imóvel onde funciona o departamento odontológico do Legislativo, na Rua Mateus Leme.

Outro trabalho da comissão agora é inventariar os tapetes e objetos de arte que fazem parte do patrimônio da Assembleia. Um especialista, que estaria fazendo o trabalho de graça, identificou que metade dos tapetes da Casa seria de alto valor: são tapetes persas que valem entre R$ 10 mil e R$ 20 mil cada um. Além disso, um marchand fará uma avaliação de objetos de arte, como quadros e esculturas. Até o momento, foram localizadas fichas de 150 objetos, segundo a Assembleia.

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