Em viagem à Guiné Equatorial em 2011, como representante do governo Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula colocou entre os integrantes de sua delegação oficial o executivo Alexandrino Alencar, preso nesta sexta-feira (19) em nova fase da Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

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O caso foi revelado pela Folha de S.Paulo em 2013.

Lula e Alexandrino são conhecidos de longa data: no livro “Mais Louco do Bando”, Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians, relata uma viagem em 2009 que Alexandrino fez a Brasília com Emílio Odebrecht, presidente do conselho de administração da empresa. Na época, Lula pediu ajuda à Odebrecht para o Corinthians construir seu estádio.

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O ex-presidente viajou à Guine Equatorial como chefe da delegação brasileira na Assembleia da União Africana. A inclusão de Alencar no grupo causou estranheza no Itamaraty, que pediu informações sobre o caso à assessoria de Lula -o nome não estava em lista oficial enviada inicialmente ao ministério.

No país, quatro empresas brasileiras já estavam atuando: ARG, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e OAS. A Odebrecht entrou na Guiné Equatorial após a visita de Lula.

PANAMÁ

Esta não foi a única viagem internacional de Lula com participação de executivo da Odebrecht. Em maio de 2011, o ex-presidente foi ao Panamá a convite da empresa. No roteiro, estavam previstas visitas a obras da empresa com ministros, o presidente Ricardo Martinelli e a primeira-dama.

Na ocasião, o diretor da Odebrecht no país ofereceu jantar em sua casa para Lula, Martinelli e os ministros da Economia, Obras Públicas e Assuntos do Canal.

Como revelou a Folha em 2013, o ex-presidente prometeu, após o jantar, levar três pedidos a Dilma, com quem teria encontro na mesma semana: maior presença da Petrobras no Panamá, um encontro entre os ministros dos dois países e a criação de um centro de manutenção da Embraer.

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A Odebrecht obteve no Panamá contratos de US$ 3 bilhões. Cinco meses depois do jantar, engenheiros da construtora foram fotografados com um estudo de impacto ambiental sobre uma obra que só seria anexado à licitação três meses mais tarde.

Em depoimento à Polícia Federal na Operação Lava Jato, o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco disse ter recebido cerca de US$ 1 milhão de propina da Odebrecht por meio de contas no Panamá. Segundo ele, o executivo Rogério Araújo foi quem operou o pagamento.

Em junho e julho de 2011, Lula também viajou ao exterior com apoio da empresa. O ex-presidente viajou em jato da Odebrecht para Caracas, na Venezuela. Lá, encontrou-se com “grupo restrito de autoridades e representantes do setor privado”.

O ex-presidente também esteve em Angola para um evento patrocinado pela Odebrecht. Essas viagens constam de telegramas do Itamaraty, revelados pela Folha em 2013.