escolas não fecham
A polêmica sobre o possível fechamento de escolas estaduais foi a mais longa das negadas por Richa. Diretores chegaram a ser informados do fechamento. Dias depois, após demonstrações de insatisfação da população, o governador mandou cancelar a medida.
Em menos de um mês, o governador Beto Richa (PSDB) entrou em choque com pelo menos três medidas consideradas impopulares e que estavam sendo articuladas dentro da sua administração – todas relacionadas a corte de custos, na linha do discurso patrocinado pelo Palácio Iguaçu desde o início do segundo mandato do tucano, em janeiro deste ano. Em comum, além da busca por redução de despesas, as três medidas não foram oficialmente anunciadas, mas acabaram “escapando” da esfera administrativa, e já estavam sob a lupa da imprensa quando o governador resolveu rejeitá-las.
Para o professor de Ciência Política Luiz Domingos Costa, há duas leituras possíveis – e não excludentes - deste momento: ou se trata de um governo internamente desarticulado, ou, em uma segunda leitura, há uma tentativa de salvar a imagem do governador, bastante desgastada desde o final do ano passado – entre aumentos de impostos, greve dos professores, uso de violência contra servidores que protestavam contra mudanças na previdência, além da revelação de um grande esquema de corrupção na Receita Estadual, e que ainda pode respingar na última campanha eleitoral do tucano.
Entre os casos que vieram à tona no final de outubro, estavam a possibilidade de fechamento de escolas e de redução de verba para um programa social, o Família Paranaense. Logo que os casos surgiram na imprensa, o governador foi a público rejeitar as medidas de corte, afastando qualquer possibilidade de implementação das mudanças. No começo daquele mês, o governador também já havia manifestado direção oposta à defendia pela Secretaria da Fazenda, que contava com o adiamento da última parcela do reajuste dos professores universitários, mas esbarrou no Palácio Iguaçu, que não confirmou a adoção da medida quando questionado pela imprensa.
Para Costa, os “recuos” do governador em relação a tentativas pontuais de eliminar gastos, pode ser sintoma de “um governo desarticulado internamente”, que tenta implantar um corte financeiro sem definir eixos. “Parecem cortes circunstanciais, voluntariosos, feitos dentro das várias secretarias. É um ajuste fiscal desamarrado, solto”, descreve o professor.
Em uma segunda leitura, Costa afirma que os “recuos” podem ter relação com a preocupação do tucano com a própria imagem, diante do eleitorado. “Lembra um pouco o que o Jaime Lerner fazia. O Beto Richa fica distante quando se trata da gestão propriamente dita, mas aparece nesses momentos, como se controlasse o governo com o próprio punho. E é justamente o contrário”, afirma o cientista político. “Posar como o responsável pela garantia dos serviços públicos, como se ele fosse o bombeiro da calamidade, personalizar algo que não pode ser personalizado, isso tudo é ruim”, reforça ele.
Para o cientista político, se a estratégia é melhorar a avaliação pessoal do governador, os “recuos” podem ser “um tiro no pé”. “Há uma baixa avaliação nos três níveis do governo, uma desconfiança generalizada. Não é o momento propício para notícias voláteis. Isso corrói a estabilidade, cria uma ansiedade na população em geral”, avalia ele.
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