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De 50 mil conversas grampeadas de funcionários do Instituto Mundial de Desenvolvimento e da Cidadania (IMDC), a entidade sem fins lucrativos que está no centro das investigações da operação Esopo, em nenhuma há menção a serviços reais sendo prestados. A informação está no relatório em que a Polícia Federal pede à Justiça a autorização de buscas e decretação de prisões na operação, deflagrada na última segunda-feira e que apura fraudes em contratações do IMDC por prefeituras, governos estaduais e ministérios do governo federal, com alvo principal no Ministério do Trabalho.

A pasta do Trabalho, diz a PF, tinha "altos funcionários devidamente remunerados pelos serviços prestados" --referência a supostos pagamentos de propina em troca de favorecimento da entidade. "Todos os diálogos travados entre os investigados [funcionários do IMDC] relativos a 'trabalho' diziam respeito a licitações fraudulentas, emissão de notas fiscais frias, repasses e saques de valores junto a empresas parceiras e contatos com colaboradores a fim de operacionalizar essas fraudes", diz a peça policial.

Funcionários do IMDC vinham sendo monitorados desde novembro de 2011, daí o volume de ligações. Ao menos 16 funcionários formais ou que prestavam serviços ao IMDC tiveram a prisão pedida pela PF.

O delegado que assina o relatório classifica como "impressionante" o fato de os funcionários não discutirem "prestação real de serviços" em nenhum dos diálogos captados. "Vale repetir: não foi identificada sequer uma conversa, seja entre eles ou com terceiros, que pudesse ser associada à rotina de uma empresa", diz Ricardo Barbosa, do Núcleo de Inteligência da PF em Minas.

A apuração aponta que o IMDC já recebeu cerca de R$ 400 milhões nos últimos cinco anos em recursos federais, estaduais e municipais, e que há suspeitas de desvios em todos esses procedimentos. O presidente da entidade, Deivson Vidal, 32, está preso --a PF levanta suspeitas sobre a origem do patrimônio de Vidal, que inclui mansão, carros de luxo e helicóptero.

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