Presidido pela então ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, o Conselho de Administração da Petrobras fez elogios rasgados à atuação de Nestor Cerveró à frente da Diretoria Internacional da empresa. A ata da reunião do dia 3 de março de 2008 informa que, "sob a presidência da presidente Dilma Vana Rousseff", o conselho registrava os "agradecimentos do colegiado" ao diretor e ressaltou "sua competência técnica e o elevado grau de profissionalismo e dedicação demonstrados no exercício do cargo".
Cerveró foi acusado pela presidente Dilma Rousseff de ter elaborado um resumo executivo "técnico e juridicamente falho" que embasou a decisão do Conselho de Administração da estatal pela aprovação da compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), em 2006. Em nota ao jornal O Estado de S. Paulo, a presidente provocou uma crise com a Petrobras e meio político ao afirmar que recebeu de Cerveró informações incompletas e que não aprovaria o negócio caso conhecesse todas as cláusulas do contrato.
Os elogios foram registrados na ata 1301, no seu item 13, publicada no Diário Oficial do Rio de Janeiro em março de 2008, conforme revelou ontem o blog do jornalista Gerson Camarotti, no portal G1. As citações honrosas a Cerveró o ajudaram a ser indicado para a diretoria financeira da BR Distribuidora, da qual foi demitido na última sexta-feira, 21, após a polêmica com a presidente Dilma Rousseff. No seu lugar na Petrobras assumiu Jorge Luiz Zelada, depois limado pela atual presidente da empresa, Graça Foster, que acumula atualmente a presidência da companhia com o cargo de diretora internacional.
O Congresso tenta ouvir Cerveró sobre a compra de Pasadena. O jornal O Estado de S. Paulo revelou, em julho de 2012, que a refinaria foi comprada pela Petrobras por US$ 42 milhões pelo grupo belga Astra Oil e, um ano depois, vendida pelos belgas para a estatal brasileira por US$ 1,2 bilhão.
A indicação de Cerveró para a Diretoria Internacional gerou uma crise no Congresso entre os partidos da base aliada que não quiseram assumir publicamente a responsabilidade pela sugestão do nome ao Palácio do Planalto. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o senador Delcídio Amaral (PMDB-MS), que foi diretor da BR Distribuidora, trocaram farpas públicas se acusando pela nomeação. O jornal O Estado de S. Paulo apurou que Cerveró mandou recados para parlamentares na Câmara de que está disposto a dar sua versão sobre o caso Pasadena.
Além de Dilma, assinaram os elogios a Cerveró os conselheiros Arthur Antonio Sendas, Francisco Roberto de Albuquerque, Guido Mantega, José Sérgio Gabrielli e Silas Rondeau.
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