Perto de 50 pessoas participam de um ato em frente à Justiça Federal de Curitiba, a “segunda casa” do juiz Sergio Moro, responsável pela condução dos processos da Operação Lava Jato. Durante o protesto, o Ministério Público Federal (MPF) se posicionou em relação à polêmica gerada com a divulgação dos grampos telefônicos envolvendo a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula e disse que todas as escutas são legais.
O ato tem apoio da Associação Paranaense de Juízes Federais (Apajufe), que classificou o protesto como sendo “em defesa da democracia e do Poder Judiciário independente”.
Investigações no âmbito da Lava Jato trouxeram, no início do mês, que o ex-senador petista Delcídio do Amaral, o mais novo delator do processo, acusou a presidente Dilma Rousseff de atuar três vezes para interferir no andamento das investigações por meio do Judiciário.
A presidente negou as acusações, que ganharam mais força ainda nesta quarta-feira (16), dia em que a presidente deu como certa a nomeação de Lula para a Casa Civil. Paralelamente ao anúncio, a Justiça permitiu a divulgação de diversas interceptações telefônicas entre Lula e Dilma. O teor de uma delas foi interpretado como uma manobra de Dilma para “proteger o ex-presidente” de continuar a ser investigado pela Justiça Federal de Curitiba.
Mas, a divulgação do conteúdo dos grampos gera polêmica. E não é pouca. Muitos juristas apontam como ilegais conteúdos divulgados que foram gravados após a determinação para cessar as interceptações.
“As interceptações telefônicas foram legalmente determinadas”, defendeu, durante o ato, o coordenador da Força Tarefa do Ministério Público Federal na Lava Jato, Deltan Dallagnol. “As tentativas de amedrontar os funcionários da Justiça e o juiz Sergio Moro devem ser repudiadas”.
Ele ainda falou que os “atentados à investigação revelam a extensão do abuso de poder” e que “as conversas telefônicas evidenciam tentativas de obstruir as investigações”. “O Ministério Público Federal e Justiça não vão se amedrontar”, declarou o coordenador em meio aos integrantes do protesto e aos funcionários da Justiã Federal, que desceram para acompanhar as falas.
Buzinas e panelaço
O protesto que ocorre em frente à JF de Curitiba está embalado aos sons de muitas buzinas e bater de panela. Pessoas que passam pelo local aplaudem os manifestantes. O ato é pacífico.
Os participantes, em sua maioria, usam roupas pretas, em sinal “de luto” contra a atual situação política do país.
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