Num ato sem o brilho dos showmícios - agora proibidos pela lei eleitoral -, sem entusiasmo da militância e com público escasso, a candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, inaugurou ontem em Brasília o comitê central de sua campanha. Ressabiado com as multas que tem recebido da Justiça Eleitoral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o grande cabo eleitoral de Dilma, não compareceu. Os poucos ministros presentes evitaram subir ao palanque pelo mesmo receio de punição por uso da máquina pública.
O ato começou com mais de duas horas de atraso e serviu para mostrar nítidas mudanças na postura, na liderança e na militância do PT. Dilma dividiu o palanque com uma composição multicolorida de partidos que ia do PSB do governador pernambucano Eduardo Campos ao PMDB do senador José Sarney (AP), presidente do Senado, além do PCdoB e de nanicos como o PTR, PTC e PTN.
A militância petista, que no passado explodia em vaias a políticos de outras legendas, aplaudiu até os conservadores, à medida que iam sendo citados pela candidata. Umas poucas vaias foram ouvidas quando o candidato a vice na chapa, deputado Michel Temer (PMDB-SP), foi anunciado para discursar. Ensaiou-se também vaias ao líder do governo no Senado, Gim Argello (PTB-DF) mas Dilma pulou rapidamente o nome.
Cansada dos vários compromissos do dia, Dilma falou por apenas dez minutos, durante os quais procurou manter sua imagem colada à de Lula, de quem disse ter recebido a missão "de cuidar do povo que ele tanto ama". Ela afirmou que queria ser presidente para acelerar as mudanças iniciadas por Lula, prometeu creches, empregos e educação de qualidade.
Mas sua frase mais marcante foi em resposta à abordagem de uma criança que lhe perguntou se mulher pode ser presidente. Ela encheu o peito e respondeu: "Mulher pode!". E completou: "O país está preparado para ser governado por uma mulher porque ela cuida, acolhe, protege e tem sensibilidade."
O comitê de Dilma vai funcionar num espaço de 1.200 metros quadrados do edifício Vitória, na zona central de Brasília. Além de salas para Dilma e Temer, haverá espaço para os coordenadores de campanha, os representantes dos partidos aliados e uma ampla sala de reuniões. Nas duas últimas eleições, o comitê central de Lula também funcionou em Brasília.
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