O candidato à prefeitura de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), protagonista da aliança informal entre PSDB e PT, entra na última semana de campanha com a obrigação de repetir, na reta final do segundo turno, o mesmo que fez o seu adversário, Leonardo Quintão (PMDB), nos dias que antecederam o primeiro turno.
As pesquisas mais recentes mostram Quintão em vantagem cômoda. Para ser revertida, Lacerda precisaria de um crescimento acelerado das intenções de voto nos próximos dias. Pesquisa Ibope, do último dia 15, mostrou Quintão com 51% das intenções de voto contra 33% de Lacerda. No dia 17, o Datafolha colocou Quintão com dez pontos à frente de Lacerda - 47% das intenções de voto contra 37%.
Na semana que antecedeu o primeiro turno, realizado em 5 de outubro, as pesquisas chegavam a apontar a possibilidade de Lacerda liqüidar a disputa em primeiro turno, mas Quintão cresceu 18% nos últimos dias e obteve nas urnas 41% dos votos válidos, contra 43% de Lacerda.
A coordenação da campanha de Lacerda já vislumbra uma nova reviravolta semelhante a favor do socialista e sustenta que a diferença real esteja na casa de um dígito. Os deputados federais Virgílio Guimarães (PT) e Rodrigo de Castro (PSDB), coordenadores da campanha do socialista, alegam que a percepção da população em relação a uma falta de capacidade de Quintão será decisiva.
"O despreparo dele [Quintão] está vindo à tona nos debates. Ele já comparou presos políticos a presos comuns e demonstrou muito desconhecimento em questões pertinentes a Belo Horizonte", argumentou Castro.
"Vamos manter a nossa estratégia de mostrar de maneira bem nítida nosso candidato, afastando o jogo de sombras feito com calúnia e difamação, no primeiro turno. Desta forma temos certeza de que haverá redução da diferença e ultrapassagem de Márcio Lacerda", complementou Virgílio.
Para Quintão se manter na ponta e evitar uma nova reviravolta nas eleições de BH, os peemedebistas também apostam nos debates na televisão, assim como os adversários. A intenção é forçar o contraponto entre o político (Quintão) e o empresário (Lacerda).
"Acreditamos bastante nos debates de televisão, que têm mostrado as fragilidades do outro candidato [Lacerda], que é de proveta, artificial", afirmou à Agência Brasil o deputado estadual Sávio Souza Cruz (PMDB), coordenador da campanha de Quintão. "Os debates devem ser o foco principal na reta final, pois atingem um número maior de eleitores", acrescentou.
A aposta pessoal do governador tucano Aécio Neves e do prefeito petista da capital mineira, Fernando Pimentel, em Márcio Lacerda, foi construída sob o pano de fundo das eleições de 2010, apesar dos caciques não afirmarem isso publicamente. Uma eventual vitória de Lacerda, calcada na tese da boa convivência entre PSDB e PT, ajudaria a alavancar os planos nacionais de Aécio e também uma possível candidatura de Pimentel à sucessão do governador. Mas, em caso de derrota do socialista, Aécio e Pimentel deverão reavaliar suas futuras opções políticas.
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