Pavimentação de rua em Santa Felicidade: prefeitura multiplicou por cinco o número de quilômetros de vias que serão asfaltadas na cidade| Foto: Joelson Lucas/SMCS

Opinião

Prefeito tenta criar perfil de "tocador de obras", diz analista

Para o cientista político Ricardo Costa de Oliveira, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o prefeito Luciano Ducci (PSB) tenta criar um perfil eleitoral de "tocador de obras". Ducci, que era vice de Beto Richa (PSDB) e herdou o cargo quando o tucano saiu para concorrer ao governo do estado, nunca disputou uma eleição como cabeça de chapa e ainda é pouco conhecido da população.

"Vices que assumem o mandato muitas vezes são pouco conhecidos. A população não associa o nome deles ao cargo", afirma o professor. Seria o mesmo caso do atual prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), e do governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia (PSDB), que conseguiram se eleger depois de ter herdado o Executivo de seus antecessores. "Nesse caso, as obras servem para criar um perfil, uma identidade que permita a ele ter um discurso na época da eleição", afirma.

Segundo Oliveira, a grande quantidade de obras perto da eleição costuma se traduzir em um bom desempenho. Mas se a população acreditar que deixar tudo para a última hora é uma estratégia eleitoral, o plano pode ter efeito contrário. "O eleitorado hoje está muito mais consciente e atento a estratégias desse gênero", diz o especialista.

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Projeto da ponte estaiada na Av. das Torres também prevê infraestrutura para circulação dos ciclistas.

O prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PSB), pretende entregar em seu último ano de mandato 597 quilômetros de asfalto, número que equivale a cinco vezes a média de pavimentação feita nos anos anteriores. Entre 2009 e 2011, o ex-prefeito Beto Richa (PSDB) e seu vice, Ducci, fizeram no total 362,5 quilômetros de pavimentação asfáltica – média de 121 quilômetros ao ano.

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Nesta semana, a prefeitura começou a licitar obras de asfalto na regional do Boqueirão. Mas a administração municipal afirma que haverá pavimentação em todas as regionais da cidade. As obras foram previstas desde o orçamento. Além de destinar R$ 386 milhões para pavimentação, o Executivo deu direito a cada vereador apresentar R$ 80 mil a mais de emendas ao orçamento, desde que fossem para asfalto. Isso gerou mais R$ 6,6 milhões para a rubrica.

O asfaltamento será apenas parte, porém, da maratona de obras que Ducci enfrenta no ano de sua campanha pela reeleição. Faltando oito meses para a eleição municipal, o prefeito tem pela frente a licitação do metrô, de um viaduto estaiado – suspenso por cabos de aço – e entregará uma série de obras de educação, saúde e urbanismo (veja quadro nesta página). Pela Lei Eleitoral, o prefeito só pode participar das inaugurações até três meses antes da eleição. Porém, mesmo com as restrições, especialistas acreditam que as obras deverão ser um trunfo do candidato na busca pela reeleição.

Segundo o cientista político Luiz Domingos Costa, do Grupo Uninter, mesmo estabelecendo limites para inaugurações de obras em período eleitoral, a legislação brasileira favorece bastante o candidato à reeleição, que tem como expor seu nome em eventos públicos até poucos meses antes da eleição. "A oposição não consegue competir com isso", diz Costa.

O especialista afirma que o grupo político que comanda a prefeitura da capital criou uma afinidade com o eleitorado. "Eles sabem que a população, especialmente a classe média, gosta de ver obras de trânsito, de urbanismo, e sabem que isso funciona para conseguir votos. Em política é preciso fazer escolhas, e esse tipo de investimento acaba ganhando preferência", opina.

Para Emerson Cervi, da Uni­­versidade Federal do Paraná (UFPR), o impacto das obras em ano eleitoral se dá principalmente porque os candidatos a vereador passam a ter discurso para convencer a população. "Um candidato a prefeito só é viável se tiver os vereadores como cabos eleitorais. E essas obras garantem que os vereadores tenham como mostrar trabalho em seus bairros", diz.

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Segundo Cervi, isso não quer dizer, porém, que as obras tragam votos certos para o candidato. "Se a população achar que o prefeito deixou tudo para o último ano, pode se sentir enganada. Não adianta fazer tudo na última hora", afirma Cervi.

A prefeitura de Curitiba alega, por meio de nota de sua assessoria de imprensa, que não vai se pronunciar sobre qualquer possível relação entre as obras e o calendário eleitoral. "Como a prefeitura de Curitiba trabalha com um planejamento eficaz, o calendário eleitoral não atrapalha a execução das obras", diz o texto.

No fornoVeja quais as principais obras e ações da prefeitura para 2012:

Asfaltamento

Viaduto estaiado da Avenida das TorresEstá em fase de licitação. As propostas serão abertas na próxima terça-feira. As obras na esquina da Rua Francisco H. dos Santos e a Avenida Comendador Franco, conhecida como Avenida das Torres, devem começar em maio.

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Ligeirão no eixo norteO desalinhamento das canaletas para permitir ultrapassagem do biarticulado entre o Centro e o Terminal de Santa Cândida começa em março.

TrincheirasNa Linha Verde há 3 trincheiras em obras: Roberto Cichon; Agamenon Magalhães; e Bacacheri/Bairro Alto. A Bacacheri/Bairro Alto será entregue em março. As do binário Roberto Cichon e Agamenon Magalhães serão entregues no último trimestre de 2012. Na Avenida das Torres, a trincheira Chile/Guabirotuba será entregue em março. Há programação de construção da trincheira da Rua Guabirotuba, que está em fase final de licitação e deve iniciar em maio. No eixo de Integração CIC/Tatuquara, três trincheiras serão entregues ainda no primeiro semestre.

Ampliação do Terminal de Santa CândidaEm licitação. As obras devem começar no primeiro semestre.

Inauguração do Sistema Integrado de MobilidadeEm licitação. As obras devem começar no primeiro semestre.

MetrôInício do processo de licitação ocorre no fim do primeiro semestre.

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CrechesO CMEI Sítio Cercado IV; o CMEI Moradias Corbélia; e o Vila Tecnológica têm previsão de inauguração para março.

Postos de saúdeO posto do Parolin será entregue no primeiro semestre. A unidade do São Braz ainda será licitada.

Centrais de raios-xSerão seis novas unidades, com entrega em abril e maio.

Parque da Imigração JaponesaSerá entregue no segundo semestre.

Armazéns da famíliaAs unidades do CIC e do Umbará têm previsão de inauguração para março.

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Hospital do IdosoA inauguração está prevista para março.