O vereador de São Paulo Agnaldo Timóteo (PR) enviou uma carta a um antigo amigo, Geraldo de Souza Amorim, em que menciona a cobrança, por "oportunistas" de seu partido, de propina de R$ 300 mil mensais. O dinheiro seria uma mesada para que Amorim pudesse administrar a Feira da Madrugada, que reúne comerciantes ambulantes na região central da capital paulista.
No documento, que foi registrado em cartório e teve firma reconhecida, Timóteo cita o deputado federal Valdemar Costa Neto também do PR, e dá a entender que Amorim perdeu o comando da feira por ter enfrentado o parlamentar. "Os maus conselheiros te levaram a peitar o Waldemar (sic) e, lamentavelmente, te ajudaram a perder sua galinha com ovos de ouro. Que pena!".
Amorim foi sócio da GSA, empresa que obteve, em 2004, permissão da antiga estatal Rede Ferroviária Federal (RFFSA) para montar a feira em um terreno do espólio da empresa. Em 2010, a GSA foi afastada da administração do negócio.
Na carta, Timóteo questiona o empresário sobre as reuniões com o ex-ministro Alfredo Nascimento (PR) e com o prefeito Gilberto Kassab. "Você se lembra, Geraldo, que os oportunistas do meu partido te exigiram R$ 300 mil mensais? E eu pergunto: te pedi alguma coisa para levá-lo ao nosso ministro? Te pedi alguma coisa para te levar à mesa do prefeito Kassab?".
Timóteo garante que o empresário não lhe contou quem foi o autor do pedido de propina, mas confirmou que o empresário fez campanha para sua eleição em 2008. Sobre a carta, que foi motivada pela exoneração da filha de Amorim do gabinete do vereador, ele afirmou: "É uma carta autêntica. São palavras absolutamente verdadeiras. Fui eu quem escrevi". O vereador afirmou que encontrou Valdemar "ensandecido" quando alguém lhe disse que Amorim estaria usando o terreno de maneira indevida.
O documento fez o deputado federal Ivan Valente (PSOL) protocolar uma representação no Ministério Público Federal pedindo investigação do caso. "A carta é de uma gravidade muito grande e complica a vida de políticos do PR", afirmou. Valdemar nega a cobrança de propina. Amorim não foi encontrado para comentar o caso. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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