A polêmica Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241/2016, que limita os gastos públicos de 10 a 20 anos, volta nesta terça-feira (25) ao plenário da Câmara dos Deputados em clima de apreensão. Embora Planalto e líderes da base tenham convicção sobre a aprovação da matéria, em segundo turno de votação, há um esforço de bastidores para que o placar seja igual ou ainda melhor do que o registrado na primeira deliberação, no último dia 10. O objetivo é assegurar um número alto de apoios, suficiente para demonstrar que o Planalto permanece com uma base forte de parlamentares, a despeito da prisão de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no âmbito da Operação Lava Jato, semana passada.
O temor que ronda Brasília é que uma eventual delação do ex-parlamentar do Rio de Janeiro comprometa políticos que hoje sustentam a gestão de Michel Temer (PMDB). Neste caso, os planos do Planalto, que alega ter pela frente não só a PEC 241 como também longas reformas, como a previdenciária e a trabalhista, podem nem sair do papel.
Como economistas avaliam a PEC do teto de gastos
Leia a matéria completaSe a pressão aumentar, legendas aliadas também podem se distanciar, em um movimento semelhante ao ocorrido na gestão anterior, de Dilma Rousseff (PT). Sem popularidade, a gestão Temer se sustenta principalmente na relação que mantém com o Congresso Nacional para conseguir implantar um ajuste econômico severo, e rechaçado pela oposição.
Agora, o Planalto trabalha para passar a ideia de “vida que segue”, mesmo diante da detenção preventiva de uma das principais figuras do PMDB. Nem mesmo declarações à imprensa sobre o episódio estão sendo dadas por integrantes do governo federal, em uma tentativa de “passar por cima” do assunto.
Placar
No último dia 10, o governo federal conseguiu aprovar a PEC 241 com o apoio de 366 parlamentares, 58 a mais do que o necessário (três quintos da Casa). Agora, no falatório oficial às vésperas da segunda votação da matéria, os aliados já afinam o discurso para vender “normalidade”, e independente do placar.
“Teremos, pelo menos, 366 votos. Mas, o que importa mesmo, é ter 308 votos”, afirmou Pauderney Avelino (AM), líder do DEM, nesta segunda-feira (24). “Historicamente, analisando o comportamento das bases nos últimos 30 anos, percebo que é muito difícil ter uma votação de 366. É uma das maiores da história. Então, se conseguirmos repetir, já será uma vitória”, endossou Rogério Rosso (DF), líder do PSD, ao lembrar que “tem muitos deputados viajando”.
Apesar do discurso ameno aos holofotes, líderes trabalham intensamente nos bastidores para garantir o máximo de apoio à PEC 241. Outros temas foram deixados de lado nesta segunda-feira (24) para priorizar a mobilização em torno do texto dos gastos públicos.
Encontros
Em uma estratégia parecida com a adotada na primeira votação da PEC 241, aliados marcaram um jantar para a noite desta segunda-feira (24), com o objetivo “extraoficial” de trazer os parlamentares logo para a Brasília, garantindo quórum para a abertura de uma sessão no plenário já na manhã desta terça-feira (25).
O encontro entre deputados federais e Michel Temer será na residência oficial do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). “O jantar é apenas, digamos assim, um agrado. Para o Temer, é uma coisa prazerosa estar em contato com os parlamentares. Acho que é uma forma diferenciada de se fazer política. Aqui não está se tratando de um balcão de negócios. É uma relação civilizada, de alto nível”, defendeu o líder do DEM, Pauderney Avelino (AM).
Outro jantar com Temer, desta vez com os senadores aliados, também deve ocorrer já na quarta-feira (26). No cardápio, a possibilidade de acelerar a votação da PEC 241 no plenário do Senado.
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