Joaquim Levy volta a ser o foco principal de desagrado do ex-presidente Lula.| Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quinta-feira (12) a nota escrita pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, na qual o comandante da economia pregou a segurança fiscal com corte de gastos e disse ser preciso enfrentar “as dificuldades de pagar impostos” para voltar a crescer, sem dar sinais de flexibilidade nas políticas de ajuste adotadas até agora.

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Em conversa reservada com parlamentares do PT, em Brasília, Lula avaliou que o documento de Levy foi mais um “libelo” do “economês”, em defesa do arrocho.

Levy divulgou a carta na tarde de ontem para agradecer um jantar oferecido a ele na véspera, com 52 senadores de vários partidos, na casa do líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE). O texto também causou mal estar no Palácio do Planalto porque, segundo auxiliares da presidente Dilma Rousseff, não conseguiu apontar com clareza para o futuro.

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“Como observei, os instrumentos mais habituais de estímulo à economia já foram usados à exaustão. Portanto, teremos que trabalhar para enfrentar questões estruturais, de forma a dar competitividade ao país em um período em que não poderemos contar com os mesmos preços favoráveis para nossas matérias primas”, escreveu Levy, em nota divulgada na quarta-feira (11). “Enfrentar a burocracia, as dificuldades de pagar impostos e a incerteza nas regras de negócios é o imperativo para voltarmos a crescer e a espinha de nossa estratégia econômica.”

Lula pressiona Dilma, nos bastidores, para substituir Levy pelo ex-ministro do Banco Central Henrique Meirelles . Alega que o governo precisa liberar mais crédito na praça e “vender” um discurso de “esperança”, indicando onde quer chegar sem falar toda hora em corte, aumento de impostos, desemprego e inflação.

Embora o Diretório Nacional do PT tenha recuado publicamente das críticas mais ácidas a Levy, há duas semanas, nos bastidores o comentário é que o partido perderá toda a sua base social e terá extrema dificuldade nas eleições municipais de 2016, principalmente em São Paulo, se Dilma não der uma guinada na política econômica.

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A presidente resiste a dispensar Levy, neste momento, porque, ao contrário de Lula, avalia que trocar o ministro da Fazenda agora passaria um sinal de fragilidade ao mercado financeiro, indicando descontrole nos rumos do governo.

Dilma já foi convencida, porém, de que é necessário afrouxar um pouco o ajuste fiscal para evitar que a recessão piore ainda mais. No Planalto, o comentário é que, se Levy não concordar com essas mudanças, sua situação ficará insustentável.